RACISMO

Adolescente negra, filha de defensor público é confundida com pedinte e impedida de entrar em padaria

O pai da vítima diz que a filha ficou sem entender no primeiro momento e achava que a loja tinha encerrado os pedidos.

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24 de setembro de 2021
A10

Um novo caso com acusações de recismo foi registrado em Fortaleza. Uma adolescente de 16 anos alega ter sido barrada ao tentar entrar em uma padaria no bairro Cocó, em Fortaleza, na noite da última quarta-feira, 22, porque uma funcionária pensou que a jovem fosse pedinte.

Adolescente negra, filha de defensor público é confundida com pedinte e impedida de entrar em padaria
Defensor público Adriano Leitinho e filha dele, Mel Campos(foto: Arquivo Pessoal)

O pai da moça, que é  defensor público, diz que a filha ficou sem entender no primeiro momento e achava que a loja tinha encerrado os pedidos. “Disseram: ‘Olha, não pode pedir aqui’. E ela ficou sem entender e disse: ‘Como assim, a padaria fechou?’. E a funcionária disse que estava aberta, mas que ela não podia ficar pedindo dinheiro aos clientes”.

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O defensor acionou a Delegacia da Defesa da Criança e do Adolescente e registrou uma notícia-crime. “Minha filha foi para a  padaria para comer. Fiquei de encontrar com ela lá. Quando ela ia entrando, a segurança a abordou dizendo que ela não poderia ficar pedindo ali no shopping”, disse o defensor.

Só depois que a jovem explicou que era cliente conseguiu entrar. “Eu falei: ‘não moça, eu sou cliente, eu vim aqui comprar’. Eu tentei explicar a situação, aí ela pediu desculpas, e eu entrei”, afirmou a moça.

Mel disse que só percebeu o episódio de racismo depois que conversou sobre o caso com uma amiga, que a alertou para o preconceito que ela sofreu e aconselhou que conversasse com o pai.

O defensor ressalta que mesmo se a garota fosse pedinte a abordagem seria discriminatória.

“A segurança tratou a minha filha como pedinte apenas por ser negra, ligando a cor à pobreza, o que é inadmissível e é racismo. Minha filha estava voltando do jiu jitsu de kimono, com sua mochila nas costas. Não estava pedindo nada a ninguém. E mesmo se estivesse não justificava a abordagem racista e discriminatória”, disse o pai.

Em nota, a padaria explicou que a profissional de segurança que tentou impedir a entrada da adolescente no estabelecimento na última quarta (22), não pertence ao seu quadro de pessoas.

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“A profissional, que fica na área externa da loja, é contratada do centro comercial do qual a padaria é apenas lojista. Não temos qualquer conhecimento ou ingerência sobre a contratação e treinamento dos profissionais que atuam no centro comercial. Reforçamos que somos contra qualquer tipo de discriminação ou preconceito e apoiamos a adolescente e sua família na defesa de seus direitos”, conclui.

 

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