Márcia Catunda

Exigências absurdas nas vagas: a culpa é do RH?

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7 de dezembro de 2020
Márcia Catunda

Procura-se candidato:

Exigências absurdas nas vagas: a culpa é do RH?

Que fale inglês fluente, ainda que não use no dia a dia.

Que chupe cana e assovie ao menos 5x ao dia.

Que saiba fazer um origami em 3 minutos.

Que saiba a fórmula de Bhaskara e tenha Excel avançado, mesmo que se tenha todas as fórmulas a disposição no Google.

Que saiba o nível máximo do contorcionismo do Cirque du Soleil.

Com 5 graduações e 10 especializações.

Entre 18 e 25 anos com 10 anos de experiência.

Carteira de Habilitação e disponibilidade p/mudança.

Desejável Mandarim e passar por todos os testes de raciocínio logico e das plataformas de recrutamento.

Que aceite trabalhar na modalidade PJ e se tiver um dinossauro guardado na garagem de casa, será um diferencial.

Salário: 1300,00

 

Já viu alguma coisa assim? Pois é, brincadeiras à parte, esse é o triste e surreal cenário dos perfis desenhados por profissionais de RH, que por muitas vezes são de grandes empresas.

Hoje, tem vagas que os predicados exigidos são tantos, que chego a duvidar que o CEO passe no filtro.

 

O RH que deveria atrair talentos por meio de um processo de recrutamento, ceifa os profissionais incríveis que estão no mercado buscando por uma oportunidade. A culpa é do RH? Nem sempre, muitas vezes não há uma conexão estratégica com a gestão, muitas vezes são profissionais com pouca experiência e mal orientados, muitas vezes os QI’S atropelam o processo, mas na hora de desenhar o perfil, Ah! Não tem jeito é a mão do profissional do RH que assina.

 

Ai, vem as plataformas de recrutamento, uma ferramenta tecnológica incrível, que veio para agregar e potencializar os processos seletivos, mas quando usada com equilíbrio, o que infelizmente não é o que vemos ultimamente. São processos por muitas vezes cansativos, desconexos com a posição da vaga, demanda horas improdutivas, quase sempre sem feedback e foge da realidade o número excessivo de etapas. Resultado, parece muito mais uma ferramenta exclusiva que seletiva.

 

Depois de toda essa saga crepúsculo, lá no final do túnel você consegue ouvir uma voz, não se assuste é o seu entrevistador. Nessa hora grite uhu! pois você conseguiu passar pelo filtro da exclusão e chegou na tão esperada entrevista face to face com o entrevistador, mesmo que por vídeo conferência.

 

A culpa é da plataforma? Não, a culpa é de quem faz os parâmetros e imputa as etapas.

Desenhar um perfil da trabalho? Dá e muito. Precisa entender muito bem o negócio da empresa, onde ela quer chegar com essa contratação, precisa alinhar o comportamento do candidato com o gestor que o candidato vai trabalhar e entender quais valores é precisa ter.  Enfim, não sei se as pessoas estão com preguiça de trabalhar os processos seletivos, ou estão na vibe do robô escolhe e eu contrato, mas que essas ferramentas estão sendo mal usadas isso infelizmente sem sombra de dúvida, para no final exigem tanta técnica e quando demitem na maioria das vezes é pelo comportamento.

 

Antes de demonizarem o RH, calma tem muita gente boa, fazendo um excelente dever de casa e que com certeza sabe aproveitar e valorizar o talento humano, profissionais que sabem equilibrar a técnica com o comportamento e que valorizam os valores e o potencial do candidato.

Minha dica, observem quantas vezes a mesma vaga é publicada, pois de duas uma ou não acharam o candidato Santo Graal ou infelizmente ninguém consegue parar nessa posição.

 

Por Vanessa Lima

Gestora de Recursos Humanos

 

 

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