Márcia Catunda

Trabalho remoto: psicóloga ensina estratégias para ser mais produtivo

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23 de junho de 2021
Márcia Catunda
O trabalho remoto pegou muitas empresas de surpresa no último ano. Porém, ao que parece, algumas mudanças vieram para ficar. De acordo com a Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), 80% dos gestores de empresas brasileiras aprovam o teletrabalho. Os dados da Robert Half corroboram com essa visão positiva, pois mostram que 86% das pessoas querem continuar em regime remoto, mesmo que cerca de 52% afirme trabalhar mais durante o home office.
Um levantamento do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) mostra que há cerca de 7,3 milhões de brasileiros em regime remoto ou home office. “Toda mudança emergencial e sem planejamento causa perdas, e nós fomos meio que ‘obrigados’ a fazer home office, embora essa não seja a única maneira dentro do formato remoto. Tem um estudo da FGV (Fundação Getúlio Vargas) que diz que 56% das pessoas relataram dificuldades em separar vida pessoal e profissional. É normal, nosso cérebro precisa se adaptar a uma nova rotina. Mas nós precisamos passar as coordenadas. É mais sobre como você trabalha, não o lugar”, explica a psicóloga Sabrina Amaral, da Epopéia Desenvolvimento Humano.
Independentemente de onde você esteja trabalhando, há alguns erros que são fatais na hora de  quebrar sua produtividade. A psicóloga Sabrina Amaral lista abaixo os 7 pecados capitais do trabalho remoto:
1. Deixar de planejar ou organizar o seu dia previamente;
2. Subestimar o tempo de execução das tarefas;
3. Procrastinar tarefas que são mais ‘chatas’ de serem executadas;
4. Cair na tentação de fazer várias coisas ao mesmo tempo, ficando exausto e muitas vezes não dando conta de terminar o que foi começado;
5. Dificuldade de gerenciar as distrações;
6. Não respeitar os seus limites, atropelando horário de almoço e intervalos, sem mencionar o fato de achar que tem que estar conectado e responsivo 100% do tempo;
7. Alto nível de autocobrança, perfeccionismo e autocrítica em relação às suas entregas e aos  resultados.
Para solucionar esses ‘pecados’ é preciso treinar o autoconhecimento e traçar alternativas que se encaixem na sua forma de trabalhar. Um bom começo são as dicas que a Sabrina elenca abaixo:
● Crie um cantinho para você: Nosso cérebro busca fazer as coisas da mesma forma, a fim de economizar energia. Então, se você quer ensiná-lo que seu trabalho e produtividade independem de onde você está, é importante dar sinais claros para ele. Por exemplo, não trabalhar de pijama, montar uma mini-estrutura que ajude na sua produtividade etc. Pense que tudo aquilo que te fazia bem, e era bom no local de trabalho, precisa ser reproduzido na medida do possível no local em que você está.
Sobre o ambiente, esteja atento às questões de ergonomia, postura, boa iluminação, se é arejado, e observe todos os fatores que possam contribuir para o seu conforto e bem-estar; afinal, tudo isso irá impactar diretamente na sua produtividade. Aliás, se o ambiente for muito barulhento, use fones de ouvido.
● Faça acordos: Tanto para membros da família, que moram na mesma casa, como para os colegas e chefes, enfim, qualquer pessoa que possa provocar interrupções que te desconcentram. Neste período, em que as pessoas estão trabalhando de casa, com filhos em homeschooling, recomendei muito a montagem de um quadro de atividades entre todos os membros da casa.
Ao nos comunicarmos tudo fica mais fácil, por exemplo, quando avisamos que vamos entrar numa reunião muito importante, para que o filho adolescente evite baixar aquele game na mesma hora, e assim comprometer a qualidade da conexão. O ideal é sempre ir combinando previamente e negociando a necessidade de todos que dividem o mesmo espaço. Se funciona assim no escritório, com as agendas de sala de reunião, em casa não vai ser diferente.
● Planeje-se: Faça um cronograma de tarefas e prazos para entregar. Comece pelo que é mais simples e rápido, isso irá aumentar a sensação de dever cumprido. Uma boa dica é identificar seus períodos de maior produtividade e concentrar as tarefas que demandam mais energia nestes horários.
Por exemplo, pessoas que são mais diurnas, vão perceber que no início da manhã se sentem mais dispostas, têm mais energia para tarefas complexas e têm sinais evidentes de que sua produtividade é melhor. Logo, a recomendação, é para que elas concentrem o maior número de atividades difíceis nessa parte do dia, deixando para o período da tarde, tarefas mais operacionais.
● Autodisciplina: Delimite horários para realizar as tarefas. Só consegue ter um bom nível de autodisciplina, quem conhece-se bem. Além disso, seja honesto ao admitir quais são suas maiores armadilhas e gatilhos. A melhor estratégia é você identificar quais são os seus ladrões do tempo. Recomendo o teste do Christian Barbosa, uma das maiores referências no assunto da gestão do tempo, disponível aqui.
Também é possível mapear seu dia, anotando todas as atividades que executa e o tempo que leva cada uma delas (inclusive as interrupções e pausas). Uma vez identificados, fica fácil de você estabelecer medidas assertivas para manter o foco e facilitar a manutenção da autodisciplina. Crie um pequeno sistema de recompensas para quando terminar, assim ficará mais engajado. Ajuda se você puder ‘fatiar a tarefa’ em pedaços menores e terminá-la em etapas.
● Faça uma coisa de cada vez, com pausas entre elas: Esqueça o ‘multitask’. Um estudo publicado pela American Psychological Association, diz que realizar múltiplas tarefas ao mesmo tempo pode reduzir em até 40% a produtividade. A causa disso vem, principalmente, do estresse e fadiga gerados durante essa alternância. Além de tentar ser multitarefa, trabalhar sem pausas só vai sobrecarregar as áreas do cérebro ativadas para aquela determinada tarefa.
Então, quando você faz intervalos, vai estimular outras áreas do cérebro, permitindo um descanso para aquelas regiões e, ao voltar para a atividade pensante, estará renovado e muito mais produtivo. Outra dica é distribuir atividades diferentes ao longo do dia: um bloco de tempo para analisar um relatório, um bloco de tempo para responder e-mails, outro bloco de tempo para pesquisar dados para uma apresentação, mais um bloco de tempo para uma reunião online. A ‘oscilação’ de tarefas também permite um respiro para o cérebro.
O anywhere office
Se você está pensando que é possível trabalhar remotamente de mais lugares além da sua casa, saiba que essa tendência tem nome: anywhere office. “Traduzindo para o pé da letra significa ‘escritório em qualquer lugar’. O objetivo é possibilitar a realização do trabalho remoto entre equipes, de maneira sinérgica, em qualquer localidade. Mais do que uma adaptação por conta da pandemia, é um novo modelo dentro da cultura de trabalho flexível”, afirma Sabrina Amaral.
Contudo, a liberdade neste modo de trabalhar exige outras habilidades como explica Sabrina Amaral: “O anywhere office também implica em mais responsabilidades. Pois o trabalho precisa ser realizado onde quer que se esteja. Vale um hotel, coworkings, café, aeroporto, de casa ou no próprio escritório.  Além disso, exige uma atuação ainda mais cuidadosa de gestão de equipe e do time de Recursos Humanos.”
Seja de casa, do escritório ou de outro lugar, a recomendação final de Sabrina Amaral é: “Pegue leve com você! A gente esquece que está há mais de um ano em pandemia, passando por isso tudo, e vai relativizando a dor e sofrimento, como se a gente tivesse que dar conta de tudo. Pratique a autocompaixão e se permita sentir, extravasar, reclamar, descansar…. Não espere precisar de ajuda para pedir ajuda, às vezes, uma conversa, um conselho, um desabafo podem fazer a diferença no seu dia!”, conclui.
Quem é Sabrina Amaral?
Psicóloga, psicoterapeuta e hipnoterapeuta Omni, Practitioner em PNL e coach da mente, Sabrina Amaral é Membro IBHEC (International Board Of Hypnosis Educational & Certification), pós-graduada em Gestão Estratégica de Pessoas, especializou-se em Transe Conversacional com Elisabeth Erickson, Neurociência aplicada ao comportamento humano e Psicologia Positiva.
Embaixadora da Rede Mulher Empreendedora em Campinas e voluntária na Humanitarian Coaching Network, que provê serviços de coaching para líderes da ONU e UNICEF, Sabrina acredita na transformação do ser humano e, após uma vivência de duas décadas na gestão de processos de RH, fundou a Epopéia Desenvolvimento Humano que se propõe a levar à tona o que o cliente tem de melhor com o intuito de ajudá-lo no processo de se tornar pleno, inteiro e feliz.
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