SAÚDE

Diagnosticar o autismo na infância contribui para o bem-estar na vida adulta

Algumas características do Transtorno do Espectro Autista (TEA) são dificuldades de comunicação, ou de interação social que, incompreendidas pela sociedade, geram preconceito e julgamento

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21 de novembro de 2022
Portal GCMAIS

Um estudo inédito publicado no periódico científico Autism avaliou o impacto do momento em que o autista recebe o diagnóstico e como isso influencia em seu bem-estar futuro. A pesquisa, feita com 78 estudantes universitários, analisou como eles souberam do diagnóstico, como lidaram com ele e como se sentem atualmente em suas vidas. A constatação é que quanto mais cedo esse diagnóstico de autismo chega, melhor. Saber de sua condição em uma idade mais jovem ajuda a ter mais qualidade de vida na fase adulta.

Diagnosticar o autismo na infância contribui para o bem-estar na vida adulta
Foto: Pexels

Segundo a psicóloga especialista em ABA (Análise do Comportamento Aplicada), Heloisa Bueno, o resultado da pesquisa se confirma no consultório, pois, quando se fala do diagnóstico em adultos, é preciso lidar com diversos desafios. Giovanna Stefani, fonoaudióloga especialista em ABA, concorda.

“Lidar com autismo quando diagnosticado na vida adulta, é lidar com um caminho de dificuldades, angústias, incertezas e inseguranças. Sem saber lidar com várias questões, essas pessoas desenvolvem comportamentos e hábitos inadequados, questões psicológicas e sociais importantes, e dificuldade de aprendizado que se arrasta da infância para vida”, pontua.

Por isso, quando o diagnóstico – e essa conversa é tão importante – ocorre ainda na infância, a criança passa a se entender melhor, encontrar mais suporte e se desenvolver. “Através da intervenção precoce, muitos conseguirão no futuro trabalhar, estudar, e ter autonomia para cuidar de si”, explica Giovanna. Heloisa complementa que é preciso analisar as dificuldades psicológicas impostas aos autistas e repensar o comportamento da sociedade.

“Os autistas adultos devem ter direitos a benefícios como aqueles que muito vagarosamente vêm sido cedidos às crianças”, diz.

Sinais do autismo nas crianças

É possível observar alguns sinais do autismo desde os primeiros anos de vida. “Podemos observar alguns sinais como não olhar nos olhos mesmo quando alguém fala com a criança, dificuldade em relacionar-se com outras crianças; baixo contato visual e poucas expressões faciais; preferência por brincar sozinho, especialmente jogos estruturados e previsíveis”, explica Heloisa.

Para Giovanna, esses sinais já se mostram ainda nos bebês. “Conseguimos observar traços como a falta de interesse no outro com preferência por brincar sozinho, falta de contato físico, contato visual pobre e a falta da intenção em se comunicar. Isso impacta diretamente não só em seu desenvolvimento como em sua socialização”, pontua a especialista em ABA.

Orientações gerais para pais de autistas

Para algumas famílias, o diagnóstico de autismo vem como uma ajuda para enfrentar alguns problemas de comportamento das crianças que antes eram tidas como desobedientes, difíceis e até antissociais. O apoio e as orientações da equipe de profissionais que acompanha a criança é a primeira rede de apoio dessa nova família, que deve reaprender a se organizar e, claro, se impor diante da sociedade.

Segundo as especialistas, a maneira mais adequada de lidar com o diagnóstico em relação à criança é ter uma conversa clara e objetiva, explicando a situação, as mudanças e, claro, com muita paciência e acolhimento.

“É uma situação delicada e, por isso, é importante oferecer apoio a esses pais para mostrar que eles não estão sozinhos. Esse suporte ajuda a família e a criança a entenderem que serão necessários ajustes nas atividades, nas rotinas e até mesmo no convívio social, buscando sempre o bem-estar da criança”, orienta Heloisa.

Giovanna concorda e acredita que a conversa franca é o melhor caminho para começar a explicar e ensinar as mudanças que virão. “É importante que a criança seja parte do processo, que entenda as novas configurações da vida. Como profissionais, nosso acolhimento sempre começa pela família. Dessa forma eles se veem parte do processo, e enxergam que não estão sós”, finaliza.

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