O mês de janeiro termina com uma data muito importante: o Dia Nacional da Visibilidade de Travestis e Transexuais
Projeto auxilia pessoas trans a conquistarem vagas no mercado de trabalho
O mês de janeiro termina com uma data muito importante: o Dia Nacional da Visibilidade de Travestis e Transexuais, comemorado neste domingo (29). Samuel Oliveira, de 19 ano, e Daniel Chaves, de 35 anos, começaram o ano celebrando os novos empregos. O frio na barriga de chegar em um ambiente novo e a alegria de ver a carteira assinada ainda são recentes. Os jovens trans se destacaram durante a ação do Oportuniza Trans, projeto da Coordenadoria Especial de Políticas para LGBT da Secretaria da Proteção Social, Justiça, Cidadania, Mulheres e Direitos Humanos (SPS), que reuniu diversas empresas numa rodada de conversas e entrevistas com pessoas trans. Com a proximidade do Dia Nacional da Visibilidade Trans, as pessoas trans conquistam diariamente o mercado de trabalho.
Samuel Oliveira conheceu o Oportuniza Trans pelas redes sociais e logo decidiu se candidatar a uma vaga com as empresas que participavam da ação. “Eu cheguei há poucos meses em Fortaleza e já estava em busca de um emprego, mas uma das dificuldades que enfrentamos sempre é na hora de entregar o currículo. No meu caso, por exemplo, ainda não retifiquei meu nome e isso sempre gera um estranhamento na hora da contratação. Com o Oportuniza Trans, isso não foi um problema. Consegui a vaga de primeira e quando cheguei na Ypióca, vi que aqui também trabalham outras pessoas trans e entendi que não estaria sozinho neste espaço”, conta Samuel Oliveira, que foi contratado neste mês de janeiro como Jovem Aprendiz da Ypióca, marca que faz parte da Diageo.
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Samuel agora já faz planos para que em um futuro bem próximo se matricule no curso de Administração ou Gestão Empresarial, e assim, possa se aperfeiçoar na área em que está atuando. “Para a gente, ver outras pessoas trans no mercado de trabalho e nos ambientes acadêmicos é muito importante, nos diz que aquele ambiente também é nosso, e isso faz toda a diferença”, frisa Samuel, que está muito empolgado com o novo emprego.
Oportuniza Trans
Samilla Marques é mulher travesti e coordena o Centro Estadual de Referência LGBT+ Thina Rodrigues e foi uma das articuladoras da primeira edição do Oportuniza Trans. “A gente precisa pensar que o acesso ao emprego para as pessoas trans representa não só a garantia de cidadania, mas também uma forma de enfrentamento à violência. Desde muito cedo esta população precisa se afirmar, ter independência, e isto requer que tenham algum tipo de suporte, de ponte entre eles e os empregadores. O Oportuniza Trans vem cumprindo muito bem esse papel, no sentido de que mantém um diálogo aberto com as empresas que vêm buscando integrar um time de funcionários inclusivo e com respeito à diversidade”, pontua Samilla Marques.
A coordenadora destaca que mais que um dever social é um dever humanitário das empresas incluírem diversidade no seu quadro de funcionários. “O trabalho transforma a vida das pessoas, garante acesso e poder de compra a uma população que não tinha oportunidade nem de escolher o próprio espaço onde morar. Ações que garantem o acesso desta população ao mercado de trabalho, lhes devolvem a vida e a dignidade. Nós, que construímos estas políticas através do Centro Thina Rodrigues, temos um sentimento de dever cumprido ao ver que estamos articulando ações que oportunizem pessoas trans no mercado de trabalho”, complementa Samilla Marques.
Diversidade e inclusão nas empresas
Fernanda Palhano é coordenadora de Recursos Humanos da Uni Ateneu e destaca a importância das empresas terem diversidade no seu quadro de funcionários. “Eu atuo há quase 20 anos com RH e, ao longo do tempo, me capacitei para contribuir com meu local de trabalho e com a comunidade LGBT+. Foi nesse processo que me aproximei do Oportuniza Trans, entendendo que ao contratar pessoas trans estamos contribuindo para incluir este segmento no mercado de trabalho, ao passo que os nossos alunos/clientes, também se sentem incluídos ao serem atendidos por pessoas LGBT+. Então acabamos por agir nas duas pontas, na contratação desse público, e no atendimento da empresa que acaba por ser mais inclusivo. E aqui nós tentamos não só incluir pessoas trans no quadro de funcionários, mas também trabalhamos para que se sintam parte da empresa e consigam exercer seu trabalho plenamente”, reitera Fernanda Palhano.
Daniel Chaves (35) está há um mês trabalhando no setor de bolsas da Uni Ateneu e pontua que tem sido uma experiência positiva em diversos aspectos. “A Uni Ateneu é uma empresa acolhedora, que respeita o nome social, que respeita e valoriza a diversidade no seu time de funcionários. Para mim é muito importante ver essa inclusão nestes espaços, porque, infelizmente, já perdi outras oportunidades por não ter meu nome retificado, mas percebo que o mercado vem sinalizando mudanças graduais. Algumas empresas já vêm investindo na diversidade e têm sido pioneiras no mercado cearense, no sentido de que estão abrindo espaço para as pessoas LGBT+ em diversas áreas de atuação”, aponta Daniel.
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