PRESSÃO E ESTRESSE

Chacina em Camocim: como é o atendimento psicológico dos policiais no Ceará

No domingo (14), um policial civil assassinou a tiros quatro colegas em uma chacina na Delegacia Regional de Camocim. Os agentes foram surpreendidos por um colega que estava de folga e chegou ao local atirando

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16 de maio de 2023
Portal GCMAIS

A chacina dos policiais em Camocim, no interior do Ceará, cometida por outro policial levantou o questionamento da saúde mental dos profissionais da segurança pública. O atendimento à população, prisões, situações de homicídios, latrocínios e tiroteios são situações comuns do dia a dia que podem alterar o controle físico e psicológico dos policiais. Segundo especialistas, o que pode fazer a diferença para quem está nas ruas, convivendo com a violência, pressão e estresse diariamente, é o acompanhamento psicológico.

Chacina em Camocim: como é o atendimento psicológico dos policiais no Ceará
Foto: Divulgação/Conselho de Psicologia

Estar em situações urgentes e investigando organizações criminosas são fatores que levam a profissão a ficar entre as mais estressantes do mundo, como explica o sociólogo Ricardo Moura. “A atividade em si já é uma atividade estressante. E a gente tem também uma questão de uma exigência de produtividade. O crime se tornou mais completo. As ações criminosas ficaram mais danosas, muitas vezes, elas são feitas de formas mais bárbaras”, afirma o especialista.

No domingo (14), um policial civil assassinou a tiros quatro colegas em uma chacina na Delegacia Regional de Camocim. Os agentes foram surpreendidos por um colega que estava de folga e chegou ao local atirando. As vítimas foram os escrivães Antônio Cláudio dos Santos, Antônio José Rodrigues Miranda e Francisco dos Santos Pereira e o inspetor Gabriel de Souza Ferreira. Após cometer o crime, o suspeito tentou fugir, mas desistiu e se entregou no quartel da Polícia Militar de Camocim.

Para o sociólogo Ricardo Moura, a chacina do fim de semana em Camocim é mais um sintoma de adoecimento mental dos agentes. “Quando a gente vê esses casos, a gente percebe que eles ocorrem dentro de uma situação de adoecimento, dentro de uma carga horária de muita sobrecarga e de uma queixa dos próprios policiais de que eles se sentem cansados, que eles não se sentem valorizados. Então assim, existe um problema, isso é um fato. E esse problema não está sendo resolvido”, destacou.

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O sociólogo Geovani Jacó diz que é preciso “investir mais” no preparo mental dos agentes de segurança. “É uma relação, uma situação muito complexa, que tem que ser enfrentada com políticas de segurança. Ser enfrentada como componente da Segurança Pública, como componente do processo de seleção com mais rigor e como um componente fundamental no processo de formação permanente dos contingentes policiais.

Em nota sobre a chacina de policiais em Camocim, a Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social do Estado do Ceará (SSPDS-CE) lamentou “profundamente o episódio”. “Neste momento de dor, a SSPDS-CE e todas as suas vinculadas, em especial a PC-CE, se solidarizam com os familiares e amigos das quatro vítimas e reforçam que todo o aparato das instituições encontra-se disponível. Por fim, a SSPDS reconhece os relevantes serviços prestados à sociedade cearense pelos policiais civis que tanto contribuíram para o combate à criminalidade no Ceará”, diz a nota da Secretaria de Segurança Pública.

Chacina em Camocim levanta pauta sobre saúde mental de policiais

A SSPDS-CE informou que conta com equipes especializadas para o acompanhamento psicológico de profissionais da segurança. O serviço é disponibilizado por meio da Assessoria de Assistência Biopsicossocial (Abips) da SSPDS, além da Coordenadoria de Saúde e Assistência Social e Religiosa (CSASR) da Polícia Militar do Ceará (PMCE) e do Departamento de Assistência Médica (Damps) da Polícia Civil do Estado do Ceará (PC-CE).

A pasta ressaltou que a Abips realiza o acolhimento de profissionais da SSPDS e de suas vinculadas, incluindo PC-CE, PMCE, Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Ceará (CBMCE), Perícia Forense do Estado do Ceará (Pefoce), Academia Estadual de Segurança Pública (Aesp) e a Superintendência de Pesquisa e Estratégia de Segurança Pública (Supesp).

A Abips é composta por psicólogos, psiquiatras e assistentes sociais, que acompanham profissionais que necessitam de atendimentos especializados de saúde. O atendimento presencial é realizado de segunda a sexta-feira, de 8h às 12h e 13h às 17h, no Centro Integrado da Segurança Pública (Cisp), no bairro José Bonifácio. Para solicitá-lo, o profissional pode entrar em contato por meio dos contatos disponibilizados na página eletrônica da Assessoria.

Assistência Social e Religiosa na Polícia Militar

Os policiais militares contam com a assistência prioritária da Coordenadoria de Saúde e Assistência Social e Religiosa (CSASR), que tem a proposta de promover o acolhimento, cuidado e monitoramento da saúde desses profissionais, buscando a qualidade de vida por meio de uma escuta qualificada, além do levantamento de dados e casos que necessitem de acompanhamento, bem como encaminhamentos para a rede de atenção. A CSASR conta também com um projeto intitulado “Autocuidado Apoiado”, ampliando a presença da coordenadoria nos batalhões, com policiais militares com formação na área da saúde.

Além da Capital, a coordenadoria conta com quatro unidades no Estado, que são os núcleos de Atenção Psicossocial de Sobral, Juazeiro do Norte, Crateús e Quixadá. Todas as unidades oferecem o serviço de psicologia para dar suporte aos profissionais acompanhados. A CSASR conta com um campo de estágio com alunos da área de saúde que cursam na Capital e em municípios próximos aos quatro núcleos. Os serviços são realizados das 8h às 17h, de segunda a sexta-feira.

Iniciativas de saúde na Polícia Civil

A Polícia Civil disponibiliza a seus profissionais o Departamento de Assistência Médica e Psicossocial, que presta assistência médica e psicossocial a todos os policiais civis e colaboradores da Delegacia Geral da instituição e a seus familiares, por meio de trabalho educativo, preventivo e terapêutico em atendimentos individuais ou em grupo. O Damps disponibiliza atendimento médico, fisioterápico, psicológico, nutricional e acompanhado por educadores físicos. Além disso, o setor atua no encaminhamento dos servidores a outras instituições, quando necessário.

O departamento presta ainda orientação pedagógica de creche escolar para os filhos de policiais civis, na faixa etária de dois a cinco anos de idade. O Damps funciona de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h, com atendimento psicológico diário, na sede da Delegacia Geral da Polícia Civil, no Centro de Fortaleza.

Outros serviços de saúde aos profissionais de segurança pública do Ceará

A SSPDS informou que os setores oferecem, além dos acompanhamentos psicológicos e psiquiátricos, atendimentos como fisioterapia, orientação nutricional, educação física, transporte de enfermos, pilates, orientações para prevenção de doenças e acompanhamento de benefícios, além de entrega de fraldas. Na sede do Centro Integrado de Segurança Pública da SSPDS, assim como no prédio da Delegacia Geral da PC-CE e em algumas unidades da PMCE, por exemplo, os servidores contam com espaço para praticar atividades físicas.

Serviço

Assessoria de Assistência Biopsicossocial (Abips) – SSPDS
Segunda a sexta-feira, das 8h às 11h e das 13h às 17h
Telefone: (85) 98619-4860
Endereço: Av. Aguanambi, s/n com Av. Borges de Melo – José Bonifácio
E-mail: abips@sspds.ce.gov.br

Coordenadoria de Saúde e Assistência Social e Religiosa (CSASR) – PMCE
Segunda a sexta-feira, das 8h às 17h
Telefone: (85) 3101-2236
Endereço: Rua Tereza Cristina, 1575 – Farias Brito
E-mail: csas.pmce@gmail.com

Núcleo de Atenção Psicossocial de Quixadá – CSASR
Rua Tenente Cravo, 517 – Campo Velho

Núcleo de Atenção Psicossocial de Sobral – CSASR
CE-362, 2377 – Alto da Expectativa

Núcleo de Atenção Psicossocial de Crateús – CSASR
Rua Bento Coutinho, 550 – Centro

Núcleo de Atenção Psicossocial de Juazeiro do Norte – CSASR
Av. Castelo Branco, 34 – Romeirão

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