O prefeito de Pacajus, Bruno Figueiredo (PDT), protocolou uma denúncia ao Ministério Público do Ceará contra o ex-secretário de Finanças do município, João Eudes, por desvios de dinheiro público e pagamentos de propina a vereadores. Quase R$ 8 milhões teriam sido desviados dos cofres da Prefeitura, em 2021, através da secretaria.

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Vídeos obtidos com exclusividade pelo Grupo Cidade de Comunicação mostram o então secretário revelando ao prefeito que sabia dos desvios e que passou a receber quantias do então tesoureiro, Marcos Rodrigues Freitas.

“Sinceramente, eu não sei como era essa movimentação 100%. Sei que ele fazia. Recursos do arquivo, rejeitada. E mandava no final do mês. Aí eu pegava e só fazia concluir. […] Só durmo quando dá 4 horas da manhã, porque a cabeça não aguenta mais”, disse João Eudes.

Durante a conversa, Eudes se mostra ainda preocupado com a repercussão do caso e se compromete a assumir qualquer responsabilidade.

“Para tirar o seu da reta… Pode ter um imbróglio administrativo, né? Que aí dá uma repercussão. Mas pra tirar da reta, Deus o livre, criminalmente… Isso aí eu como sozinho com ele nem que eu me lasque”, complementou.

Segundo o prefeito Bruno Figueiredo, tanto o tesoureiro como o ex-secretário transferiram valores para contas pessoais e de familiares.

“A contabilidade do município entrou em contato comigo para dizer que havia algumas movimentações suspeitas. Quando eu recebi, tomei um susto, mas investigamos com brevidade. Estou sentindo que há uma falta de compromisso, de agilidade e o principal, a sensação de impunidade, o que motiva as pessoas a fazerem coisas erradas”, declarou o prefeito.

Os servidores foram exonerados, mas o prefeito passou a lidar com outra situação. Segundo Bruno Figueiredo, João Eudes e a esposa Cristina Rocha, vereadora e vice-presidente da Câmara Municipal, passaram a pagar propina a parlamentares da base para que mudassem de lado e ficassem contra a gestão.

Instabilidade política

Em meio ao escândalo, surge uma nova denúncia, desta vez contra o prefeito Bruno Figueiredo. A acusação se refere à suposta falta de repasses de contribuições previdenciárias ao Instituto de Previdência de Pacajus (PacajusPrev) entre 2020 a 2022. A denúncia foi acatada e a Câmara da cidade instalou uma comissão para apurar a possível prática de crime por parte do gestor.

“A denúncia é um pressuposto frágil, político e que não passa de uma manobra para tomada de comando do Executivo, com foco de desestruturar o governo municipal, bem como a cidade, e seu equilíbrio político e social. Os mesmos que votaram a favor da denúncia somaram-se à base aliada por toda gestão e, agora, por interesses duvidosos, recorrem à farsa institucional para derrubar um gestor eleito pela maioria do povo pacajuense e que não cometeu qualquer crime”, diz trecho da nota da prefeitura.

Conforme o vereador Ricardo Motos (PDT), líder da oposição na Câmara, as movimentações irregulares podem chegar a cerca de R$ 80 milhões. Se comprovadas, podem resultar no afastamento do gestor.

“Esse processo já vem tramitando em Pacajus há algum tempo. Agora, o prefeito quer inverter as situações para tentar colocar a população contra os vereadores que acataram a denúncia. O que nós sabemos sobre esse caso é que é chumbo trocado: ele diz que o secretário fez o desvio e o secretário afirma que foi conivente com ele”, afirmou o parlamentar.

O que dizem os citados

A produção do Grupo Cidade de Comunicação procurou o Ministério Público estadual para saber se há alguma investigação em andamento relacionada à denúncia feita pelo prefeito de Pacajus, mas não obteve resposta. O tesoureiro Marcos Rodrigues Freitas, o ex-secretário de Finanças, João Eudes, e a esposa dele, Cristina Rocha – todos acusados de desvio de recursos públicos e pagamento de propina – não atenderam as ligações.

Prefeito de Pacajus denuncia ex-secretário por desvios de dinheiro

Acompanhe a reportagem completa de Andson Lima:

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