Márcia Catunda
Coluna + Emprego

Como as empresas podem falar sobre saúde mental com os colaboradores

Iniciativa de abordar o tema, dentro das corporações, pode garantir bem estar dos trabalhadores e evitar futuros processos judiciais

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29 de dezembro de 2023
Márcia Catunda

Os trabalhadores brasileiros estão estressados, muitos com ansiedade e depressão. As demandas crescentes, a pressão por resultados, a insegurança no emprego e a complexidade das relações profissionais são alguns dos fatores que contribuem para esse preocupante quadro de saúde mental. Segundo estudo realizado em 2023, pela plataforma Vittude, 33% dos colaboradores avaliados apresentam algum tipo de transtorno mental em nível severo ou extremamente severo.

Como as empresas podem falar sobre saúde mental com os colaboradores
Imagem: freepik

Segundo a advogada Adriana Belintani, especialista em saúde mental, muitos desses problemas se desenvolvem ou se agravam no ambiente do trabalho e as pessoas acabam entrando com ações judiciais em busca de reparação financeira pelos danos causados. “Esses trabalhadores chegam doentes, com ansiedade, estresse e depressão. Muitas vezes buscam a Justiça porque estão até sem condições de retornar às suas atividades”, diz.

A advogada defende que o trabalho deve proteger e não adoecer e considera importante que as empresas falem sobre esse tema, promovam palestras e tenham cartilhas de boa conduta. Tudo para garantir a saúde mental dos funcionários e evitar ações trabalhistas relacionadas a esse problema.

“Iniciativas simples, como remodelar o ambiente de trabalho, já pode fazer com que todos se sintam protegidos e amparados. Além disso, é preciso que a empresa fomente uma cultura organizacional que valorize o respeito, a empatia e o apoio mútuo”, indica a especialista.

Segundo Belintani, cada vez mais fica difícil separar o pessoal do profissional, ou seja, não é porque você está no trabalho, que não está preocupado com os problemas de casa, e a empresa pode ajudar a reduzir o estresse para promover um equilíbrio saudável entre trabalho e vida pessoal. “Uma dica seria considerar a implementação de políticas que apoiem, por exemplo, a flexibilidade de horário ou a liberdade de, eventualmente, fazer homeoffice”, sugere.

A advogada aponta outra iniciativa que pode fazer muita diferença, para criar um ambiente saudável, que é o feedback construtivo. “Ele se concentra em oferecer insights e sugestões que ajudam os funcionários a entenderem suas forças, áreas de melhoria e a aprimorarem suas habilidades”.

Ainda, de acordo com a especialista, existem muitos preconceitos em relação à saúde mental e, por isso, é importante que as empresas ajudem a tirar o estigma sobre o problema. “Minha orientação, nas palestras que dou em empresas, é que os gestores tenham consciência da importância dessa prevenção e forneçam recursos para a saúde mental, como sessões de aconselhamento, assistência psicológica ou programas de bem-estar mental. Essencial também é que os funcionários estejam cientes desses recursos e se sintam confortáveis em usá-los, sem estigma”, finaliza.

 

Sobre Adriana Belintani– Advogada especialista em saúde mental com mais de 20 anos de atuação nas áreas trabalhista e previdenciária. Com escritório sediado em Pindamonhangaba, interior de São Paulo, Belintani  tem clientes em todo o Brasil e atende principalmente processos de trabalhadores que  desenvolveram alguma doença referente à saúde mental por conta do trabalho, que tiveram algum acidente  na empresa ou algum tipo de doença ocupacional. A profissional ainda  atua fortemente na divulgação e no esclarecimento dos motivos que levam as pessoas a adoecerem no ambiente do trabalho.

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