Bolsonaristas partiram do SMU, iniciando, duas horas depois, um inédito atentado terrorista no Brasil
Relembre o desenrolar da tentativa de golpe em 8 de Janeiro de 2023
O domingo, 8 de janeiro de 2023, começou de maneira aparentemente comum no Distrito Federal, com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) prevendo um dia típico, marcado por clima nebuloso e possíveis pancadas de chuva, com alerta amarelo para riscos de alagamentos na área urbana.
As condições climáticas não indicavam nada fora do comum para Brasília, com temperaturas estimadas entre 18 °C e 27 °C, e previsão de precipitação maior no final da tarde e início da noite.
Entretanto, nos bastidores da segurança nacional, a Agência Brasileira de Inteligência, o Comando Militar do Planalto e a Secretaria de Segurança Pública detectavam uma atmosfera de inquietação na capital. O acampamento bolsonarista próximo ao Quartel General do Exército havia crescido significativamente, multiplicando-se quase 20 vezes, com centenas de ônibus trazendo manifestantes de diferentes regiões do país nos dias anteriores.
Conforme relatório da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Atos do Dia 8 de Janeiro de 2023, no sábado, 7 de janeiro, o acampamento abrigava 5.500 pessoas, uma quantidade muito superior às 300 que lá estavam dois dias antes.
O local do acampamento, situado no Setor Militar Urbano (SMU), era uma área proibida para ocupações pela lei em vigor (Decreto-Lei nº 3.437/1941). Essa área de “servidão militar” circundava fortificações a nove quilômetros do Congresso Nacional, Palácio do Planalto e Supremo Tribunal Federal.
Por volta das 13h, os bolsonaristas partiram do SMU, iniciando, duas horas depois, um inédito atentado terrorista no Brasil contra os Três Poderes e causando destruição parcial em suas sedes na capital. Todos esses passos foram minuciosamente documentados no relatório da CPMI do 8 de janeiro.
Principais momentos de 8 de janeiro de 2023
8h20 – Alertas da Abin informam que até esse horário haviam chegado 101 ônibus a Brasília para “os atos previstos na Esplanada.”
10h – Novo alerta da Abin, a grupo do WhatsApp formado pela PMDF e o GSI/PR entre outros, continua a chegada de manifestantes ao QG do Exército e “que permanecem convocações e incitações para deslocamento até a Esplanada dos Ministérios, ocupações de prédios públicos e ações violentas.”
13h – Marcha com milhares de pessoas deixa o acampamento do Setor Militar Urbano.
13h23 – Fernando de Sousa Oliveira, substituto de Anderson Torres na Secretaria de Segurança Pública do DF envia áudio ao governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, tranquilizando-o sobre a manifestação.
14h30 – Informe da Abin registra que a marcha alcança a primeira barreira policial na Via N1, na altura da Catedral.
14h43 – Grupo chega à linha de contenção formada por duas linhas de gradil localizada na Avenida das Bandeiras.
14h45 – À frente do Congresso Nacional estão apenas 20 PMs do 1º Batalhão de Policiamento de Choque.
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15h – Golpistas já conseguiram subir a rampa do Congresso para invadir e destruir prédio.
15h10 – Outros grupos invadem o estacionamento e a parte de trás do Palácio do Planalto.
15h15 – 12 PMs do 2º Pelotão de Policiamento de Choque chegaram ao Congresso, mas não reprimem os invasores e “chegaram a sinalizar para que os presentes prosseguissem com a invasão”, descreve relatório da CPMI.
15h16 – PM se retira da via S1 na altura do Congresso, e liberam acesso aos insurgentes para alcançarem o prédio do Supremo Tribunal Federal.
15h20 – Vândalos derrubam as grades de isolamento do Palácio do Planalto, sobem rampa, quebram os vidros da fachada e entram no prédio.
15h26 – Manifestantes chegam à Praça dos Três Poderes em ponto próximo ao STF. Policiais estimam a presença de cerca de 4 mil pessoas.
15h37 – Inicia a invasão do edifício-sede do STF
15h45 – Golpistas chegam ao 3º andar do Planalto, onde fica o gabinete do presidente da República.
15h53 – PMs abandonam o prédio do Congresso Nacional. Alguns deles são atacados pelos terroristas.
16h25 – Inicia a expulsão invasores dos prédios públicos.
16h40 – Chega ao Palácio do Planalto o Batalhão da Guarda Presidencial (BGP)
17h – O Batalhão de Choque da PMDF, requerida duas horas antes, chegou ao Congresso Nacional.
17h08 – O governador do DF, Ibaneis Rocha, demite o secretário de Segurança Pública, Anderson Torres, em férias antecipada nos Estados Unidos.
17h15 – Entram no palácio presidencial a Companhia da Base de Administração e Apoio do Comando Militar do Planalto e um pelotão do 1º Regimento de Cavalaria de Guardas.
17h30 – Boa parte dos prédios invadidos estão desocupados, mas multidão ainda se concentra em parte externa do Congresso Nacional.
17h50 – De Araraquara (SP), o presidente Lula decreta intervenção federal na Secretaria de Segurança Pública do DF.
18h20 – Extremistas colocam fogo no gramado do Congresso Nacional.
19h – Em vídeo na internet, o governador Ibaneis Rocha pede desculpas à população.
20h – O interventor na Secretaria de Segurança do DF, Ricardo Capelli, convoca todo efetivo de segurança para a Esplanada para efetuar o maior número possível de prisões e expulsar os insurgentes da área. Capelli negocia com militares as prisões no acampamento do SMU, que ocorreriam nas primeiras horas do dia 09/01.
21h17 – Dos Estados Unidos, cerca de 6 horas após o início das invasões e depredações, o ex-presidente Jair Bolsonaro publica nota em rede social condenando os ataques e se eximindo de qualquer responsabilidade.
22h – O presidente Lula vistoria o Palácio do Planalto e o STF em companhia dos ministros Rosa Weber, Roberto Barroso e Dias Toffoli.
*Com informações da Agência Brasil.
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