Larissa Duarte falou sobre o caso com a jornalista Bianca Saraiva no Jornal da Cidade
‘Espero justiça por todas as mulheres’, diz nutricionista vítima de importunação em elevador de prédio em Fortaleza
A nutricionista Larissa Duarte, vítima de importunação sexual dentro do elevador de um prédio comercial de Fortaleza concedeu uma entrevista exclusiva à TV Cidade, emissora afiliada da Record no Ceará onde dá detalhes do caso que ganhou repercussão nacional desde que foi divulgado na última segunda-feira (18).
Ela falou com a apresentadora do Jornal da Cidade, a jornalista Bianca Saraiva, sobre os momentos de tensão vividos durante a ação criminosa e o que veio depois até tomar a decisão de denunciar o caso. Larissa pediu justiça para o caso não apenas por ela, mas para todas as mulheres que passam ou já passaram pela mesma situação. Ela encorajou a todas as vítimas a denunciarem toda e qualquer forma de abuso sexual.
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O empresário Israel Bandeira Leal Neto, flagrado pelas câmeras de segurança do prédio apalpando as nádegas da nutricionista prestou depoimento à polícia, nesta quinta-feira (21), em Fortaleza. O conteúdo do depoimento não foi divulgado pela polícia, que afirmou que “outras informações serão repassadas em um momento oportuno para não comprometer a investigação policial”.
Bom, primeiramente, eu quero que você, junto comigo, faça a reconstituição, relembre aquele dia 15 de fevereiro. Você estava trabalhando naquele prédio, no prédio comercial onde tudo aconteceu?
Isso, eu estava trabalhando, eu sou nutricionista. Finalizei os meus atendimentos pela manhã. Estava indo embora. Peguei o elevador do térreo para o subsolo primeiro, então foi um andar. No momento que eu cheguei assim, eu entrei no elevador e logo em seguida ele entrou também. Não teve nenhum cumprimento cordial, não teve um bom dia, não teve um oi, não teve um tchau, não teve nada. Nem sequer olhei pra ele. E logo que eu saí, ele apertou as minhas nádegas. Ele saiu do canto dele e fez o que fez, como mostra o vídeo, né? Tá bem claro, na verdade.
Nesse curto espaço de tempo, em algum momento ele falou algo ou gesticulou de alguma forma que tenha te chamado a atenção?
Não. Do momento que ele entrou, ele estava. No canto, eu estava no meu. E não teve nenhuma troca, ele não. Falou nada, eu também não falei nada. E quando eu saí, mesmo quando ele. Apertou, eu comecei a chamar ele de louco, ele também não deu nenhuma palavra. Ele se esquivou, apertou pro andar que ele queria e tentou se esconder, acredito. Das câmeras, que ele estava de uma forma bem recuada.
Larissa, você já tinha visto alguma vez esse homem naquele prédio ou na sua vida?
Não, nunca vi, nunca vi, realmente foi a primeira vez que eu cheguei a ver.
Nós tivemos acesso a duas imagens, duas imagens do sistema de segurança do prédio comercial. Numa delas acontece o fato, na outra ele aparece correndo pelo estacionamento, já sabendo o que havia feito, e ele entra no carro e sai, ele foge. Você, neste momento, fez o quê?
Pronto, assim que aconteceu, eu fiquei em estado de choque, né? Não esperava, eu estava num prédio comercial, tinha câmaras, então era um local que. Eu jamais imaginaria que poderia acontecer isso. Eu me virei, comecei a chamar ele de louco. Você tá louco, você tá louco. E ele se esquivou. E assim, são vários sentimentos em questão de segundos.
Alguém te ajudou?
Naquele momento, eu estava sozinha. Subiu aquela raiva, eu queria ir para cima dele, mas por eu estar sozinha, era um homem contra uma mulher e recuei. Quando eu recuei, eu comecei a gritar por ajuda, né? Socorro. Mas ele já apertou o portão o elevador saiu, então um funcionário do edifício, como eu comecei a gritar, ele veio correndo e se prestou a colaboração e me ajudou naquele momento.
Depois disso você foi pra casa?
Depois disso, eu consegui ver algumas imagens então eu já entrei em contato com o meu noivo, a primeira pessoa que eu liguei foi o meu noivo porque ele realmente me deu o suporte 100% e falei com alguns amigos que tinham e que me deram muito apoio e eu fui já na delegacia fazer o boletim de ocorrência.
No mesmo dia então?
No mesmo dia eu já fui na delegacia fazer o boletim de ocorrência.
Em algum momento passou pela tua cabeça não denunciar esse homem?
A gente fica naquela dúvida se realmente vale a pena porque a gente sabe o quanto a justiça ainda é falha nesse momento, mas eu tive 100% de apoio e eu quis dar um basta. Eu tenho 25 anos, não foi a primeira vez que aconteceu isso comigo. Acredito que todos os dias acontece com várias mulheres. Então, quando aquilo aconteceu, eu quis dar um basta mesmo na situação e quis fazer algo, realmente fazer alguma coisa e não aceitar mais calada.
Esse caso aconteceu no dia 15 de fevereiro, então a gente já tem mais de um mês do ocorrido. O que aconteceu para que você tivesse. a intenção, a necessidade, na verdade, de expor esse caso nas redes sociais?
Que foi quando, de fato, ele estourou e todo mundo tomou conhecimento. Eu não estava esperando, na verdade. No dia 15 de fevereiro eu fiquei angustiada, triste, revoltada com toda a situação e eu acabei fazendo uma publicação nos meus melhores amigos nas redes sociais. Então ali foi realmente só para os meus amigos próximo e aí teve uma gravação de tela. Essa segunda-feira, dia 18 de março, mais de um mês depois, eu tava até trabalhando, minha mãe me ligou perguntando se eu tinha exposto o caso e eu falei, não, ela, não é porque tá rolando aqui nos grupos, eu acabei de receber um e aí foi quando eu tomei conta que espalhou e tomou a proporção que tomou.
E você entende hoje que foi devido a essa proporção, o conhecimento do Brasil. que não ficou só aqui restrito à Fortaleza, não ficou só restrito ao Ceará. O Brasil hoje sabe do seu caso é que, de alguma forma, o caso está andando na polícia? A investigação tomou um outro rumo depois que você expôs esse caso?
Sim, na verdade, a partir da população cobrar, aí que realmente o caso começou a andar, porque até então não tinha andado. Eu realmente só abri o boletim de ocorrência e estava na delegacia.
Hoje como está o caso?
Assim, quem vai saber informar melhor é mais o advogado dessa questão, mas hoje o caso está andando. Hoje eu sei que o caso está andando por ter tomado a proporção que tomou. Então a população está cobrando e é isso.
E o que é que você espera? Você que foi a vítima disso tudo, mas que de certa forma conseguiu também ajudar tantas outras mulheres que passam por situações assim ou até piores e não conseguem ter voz. Então o que é que você espera que aconteça a partir de agora?
Eu espero que a justiça seja feita, mas não só por mim, por todas as mulheres. Eu recebi muitas mensagens de várias mulheres e isso me deu muita força. Situações até piores, mas que elas não tiveram coragem de denunciar, de fazer um boletim, de expor. Então, muitas delas colocaram em mim uma força, uma representatividade mesmo. Eu estou feliz por representá-las, por ter tido força, coragem realmente de expor de não me esconder, afinal eu sou uma vítima, não sou culpada de nada. E eu espero que outras mulheres tenham coragem de realmente não ter medo de expor. Então espero que seja feito justiça por mim e por todas as mulheres que são obrigadas a passar por essa situação.
Você já retomou a sua rotina?
Sim, estou voltando aos poucos. Foi um choque, na verdade, mas a vida que segue, né? E que seja feito a justiça e que ele pague por isso.
Assista à entrevista da nutricionista que sofreu importunação sexual em elevador:
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