Márcia Catunda
Coluna + Emprego

67% dos brasileiros aposentados ganham até um salário mínimo. O dado reflete a ausência de planejamento financeiro antes da aposentadoria

A ausência de planejamento financeiro e previdenciário antes da aposentadoria é um dos fatores que pode colaborar para o desequilíbrio econômico da população no Brasil

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29 de março de 2024
Márcia Catunda

Quanto é preciso guardar ou investir por mês para ter uma aposentadoria confortável? Isso depende do seu padrão de vida, de quanto será sua aposentadoria oficial, pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e o tempo que ainda falta para se aposentar. O fato é que poucos se planejam, a aposentadoria é deixada para depois e a conta não fecha. Para se ter uma ideia, existem hoje no Brasil, segundo dados do INSS, 39,36 milhões de beneficiários, dos quais 26,1 milhões recebem até 1 salário mínimo, o que representa 67% do total, os outros 12,8 milhões ganham acima do salário mínimo, o que representa 33% dos aposentados.

67% dos brasileiros aposentados ganham até um salário mínimo. O dado reflete a ausência de planejamento financeiro antes da aposentadoria
foto: divulgação

 

Seguindo esse mesmo cenário, dados revelam que a população brasileira está envelhecendo e a cada dia haverá um aumento do número de aposentados. A situação pode influenciar  negativamente na economia do país, caso o planejamento previdenciário não seja visto como prioridade. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a  idade média do brasileiro passou de 29 anos, em 2010, para 35 anos, em 2022. Nesse mesmo ano, o Brasil registrou um salto no envelhecimento entre dois Censos. Em 2010, a cada 30,7 idosos, com 65 anos ou mais, o país tinha 100 jovens de até 14 anos, já em 2022, o IBGE registrou 55 idosos para cada 100 jovens.

 

“O Brasil gradativamente está envelhecendo e a previdência social tem um papel muito importante nesse momento que a população vem vivendo. Na prática, os dados apontam que a tendência do país é ter cada dia menos jovens e mais idosos. A evolução da pirâmide etária deixa isso claro”, explica a advogada especialista em planejamento previdenciário Emanuela Diógenes”

 

A ausência de planejamento financeiro e previdenciário antes da aposentadoria é um dos fatores que pode colaborar para o desequilíbrio econômico da população no Brasil, é o que  afirma a advogada.  “Mais do que nunca a gente tem que falar em planejar, mais do que nunca precisamos ter essa responsabilidade. Depois da reforma da previdência há muitas regras de transição e diversas modalidades de aposentadoria. Se você não escolher o momento certo de se aposentar e não ter o cuidado de se planejar pode ter um prejuízo financeiro enorme”, ressalta Emanuela Diógenes.

 

A especialista em planejamento previdenciário esclarece que para atingir uma aposentadoria “confortável”, é necessário contribuir para o INSS com um valor que não comprometa a renda do segurado, e paralelamente, para uma previdência privada ou mesmo realizar outros tipos de investimentos que garantam uma renda estável, só assim é possível obter uma remuneração compatível com seu padrão de vida. ”Sem planejamento a conta não fecha, a média da aposentadoria de quase 70% dos brasileiros é de um salário mínimo, contudo, grande parte deles ganhavam bem acima desse valor no mercado de trabalho, isso deixa grandes brechas no orçamento e na vida de cada um deles”, frisa a advogada.

 

Além disso, Emanuela Diógenes afirma que Infelizmente, alguns benefícios não são nem mesmo revisados por servidores, e sim, analisados por Inteligência Artificial (IA), o que torna mais temerário a análise da aposentadoria, pois existem muitas variáveis, bem como algumas informações presentes no sistema do INSS que podem não estar corretas, ou até mesmo incompletas, podendo levar o cliente a grandes prejuízos.

 

“Planejando com antecedência é possível criar metas de valores que se pretende alcançar no benefício de aposentadoria. Entretanto, é preciso entender que o benefício do INSS tem um teto, ou seja, um valor máximo para receber, o qual atualmente é R$7.786,01. O recomendado é, com ajuda de um advogado, analisar qual seria a melhor estratégia de contribuição para alcançar as metas desejadas e isso é feito com um planejamento previdenciário”, explica Emanuela Diógenes.

 

A especialista em planejamento previdenciário ressalta que por meio de uma assessoria jurídica é possível orientar qual a melhor regra de aposentadoria para o cliente, ficando atento ao tipo de atividade exercida por ele. “Analisamos se o profissional era exposto a algum risco de saúde, se é pessoa com deficiência,  professor, autônomo ou outros. Cada caso deve ser analisado individualmente e alguns demandam tempo e paciência”, explica.

Emanuela Diógenes cita o caso de uma professora, a qual a procurou com tempo e idade suficientes para se aposentar. Contudo, havia diversas inconsistências em seu Cadastro Nacional de Informações Sociais (CNIS), onde apareciam períodos em que ela trabalhou para o município com remunerações zeradas, o que reduziu drasticamente o cálculo de seu benefício, dentre outras pendências.

 

“Especificamente na situação desta cliente, a aposentadoria foi concedida, com salário de benefício de 1.234,26. Obviamente ela não aceitou e sugerimos que realizasse um novo requerimento, corrigindo todos os erros cometidos na concessão anterior, dessa forma ela teria uma previsão de benefício no valor de 4.484,40”, esclarece.

 

Emanuela Diógenes ressalta que o advogado ou advogada não faz planejamento financeiro, apenas previdenciário, portanto caso o cliente deseje ter uma renda extra acima do teto do INSS é necessário procurar a orientação de um investidor.

 

Quem é Emanuela Diógenes: 

 

CEO da Diógenes Advogados Associados, com escritórios em Fortaleza e em Limoeiro do Norte, onde atua associada com o Dr. Walter Diógenes. Bacharela em Direito pela Universidade de Fortaleza (UNIFOR), cursando MBA em Planejamento Previdenciário no Instituto Connect de Direito Social (ICDS), atendendo nos sindicatos (rurais e urbanos) nas seguintes cidades do Ceará: Alto Santo, Fortaleza, Iracema, Itaiçaba, Jaguaribe, Limoeiro do Norte, Pereiro, Potiretama, Quixeré, e Tabuleiro do Norte.

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