O crime ocorreu em 23 de abril de 2024, quando o suspeito invadiu o hospital, matou o desafeto a tiros e o decapitou com uma faca
Três meses depois: confira o que se sabe sobre o caso do homem que decapitou funcionário no IJF
Há três meses, o motorista de aplicativo e auxiliar de cozinha Francisco Aurélio Rodrigues invadiu o Instituto Dr. José Frota (IJF), em Fortaleza, e decapitou Francisco Mizael Souza da Silva, funcionário do hospital. Confira o que se sabe, até o momento, sobre o crime, que data de 23 de abril de 2024.
Desde então, Francisco Aurélio foi preso, alegou insanidade mental e teve a alegação rejeitada pela Justiça. O crime teria sido motivado por ciúme, uma vez que a vítima trabalhava com a esposa dele.
Como ocorreu
Francisco Aurélio é ex-funcionário do IJF e já conhecia o funcionário vitimado. Conforme divulgado, ele conseguiu ter acesso à unidade hospitalar sem dificuldades, uma vez que ainda tinha o rosto cadastrado no sistema de verificação facial, na entrada do hospital. Ele entrou no local armado.
Ao encontrar a vítima, no refeitório, ele matou o homem a tiros e depois arrancou a cabeça dele com uma faca. Além da morte de Mizael, um outro homem ficou ferido no local. O homem conseguiu fugir do hospital após a ação criminosa, passando pela catraca da unidade, mas foi preso no mesmo dia, no município de Aquiraz, na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF).
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O suspeito havia parado de trabalhar no hospital mais de um ano atrás. Ele, nos últimos tempos, vinha trabalhando como motorista de aplicativo e auxiliar de cozinha.
A arma de fogo utilizada no crime foi encontrada em uma mochila deixada pelo criminoso no hospital. O suspeito, que já possui antecedentes por desacato e resistência, foi conduzido para uma unidade policial após a captura.
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Motivação
Francisco Aurélio teria agido por ciúme – a esposa dele também trabalha no IJF e convivia com Francisco Mizael. Segundo a família, no entanto, Mizael era “uma pessoa tranquila, calma e dedicada à família” e o convívio com a mulher era de uma relação normal entre colegas de trabalho.
Conforme os parentes da vítima, é de conhecimento de todos que Francisco Aurélio é uma pessoa ciumenta e que, depois que começou a namorar com a atual companheira, afastou-se dos colegas. Há, inclusive, relatos de que há uma semana ele teria ameaçado a mulher, dizendo que ia “fazer uma loucura” e iria “entrar na cozinha e fazer um estrago”, sinalizando que a ação criminosa foi premeditada já há vários dias.
As crises de ciúme de Francisco Aurélio não se limitavam a Mizael, com ele desconfiando ainda de outros homens que trabalhavam com a companheira. O acusado exigia que ela deixasse o emprego, dizendo que ela só ia sossegar quando ele “entrasse na cozinha, matasse alguém e arrancasse a cabeça”. O relacionamento entre os dois já durava cerca de um ano e meio.
Aurélio teria dito ainda que recebia provocações dos colegas com quem trabalhou no hospital. De acordo com o autuado, eles incitavam o homem a tomar uma atitude contra a vítima. A namorada, em depoimento, descreveu o relacionamento amoroso dos dois como tóxico e apontou que ele chegou a exigir que a moça abandonasse o emprego.
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Prisão
O homem foi preso em flagrante no mesmo dia. Em 25 de abril, dois dias após o ocorrido, a Justiça converteu em preventiva a prisão em flagrante. A decisão veio a partir da audiência de custódia realizada pelo Juízo da 17ª Vara Criminal.
Conforme o Tribunal de Justiça do Estado do Ceará (TJCE), um dos fatores que contribuíram para a decisão foi a existência de outros registros de procedimentos contra o acusado na Justiça – um caso diz respeito a desacato, enquanto outro, já arquivado, diz respeito a pedidos de medidas protetivas.
Insanidade
Depois disso, a defesa do acusado chegou a alegar insanidade mental, o que foi rejeitado pela Justiça, considerando o pedido como improcedente. A deliberação é do dia 12 de junho.
A Justiça apontou que os argumentos apresentados pela defesa não são suficientes para gerar dúvidas sobre a capacidade mental do acusado.
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O que disseram as autoridades
Em nota, o prefeito de Fortaleza, José Sarto (PDT), lamentou o ocorrido e criticou a atuação do governo do estado na contenção da violência. “É inaceitável a violência em Fortaleza continuar do jeito que está. Hoje mais uma vez vivemos momentos de horror. Dois assassinatos brutais. A paralisia do Governo de Estado no combate às facções não parece ser apenas incompetência, mas também cumplicidade. Acionei as Secretarias de Segurança Cidadã, Educação, Saúde e Direitos Humanos para dar todo o suporte aos familiares das vítimas e aos nossos trabalhadores, a quem dedico toda minha solidariedade. Não permitirei que o acesso aos nossos serviços públicos sejam prejudicados pela insegurança”, afirmou.
O governador do Ceará, Elmano de Freitas (PT), também comentou o episódio em uma entrevista no Palácio da Abolição. Segundo ele, diferentemente do que diz o prefeito da capital, ele não seria o responsável pela segurança do hospital, administrado pela gestão municipal. “[Precisamos] Investigar o caso porque efetivamente nós não temos completamente as informações. Há informação de que foi um funcionário morto e pode ter sido morto por um outro funcionário. Aconteceu dentro do refeitório, a informação que me chega até agora no refeitório do hospital”, disse ele.
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“Nós não fazemos segurança pública dentro dos equipamentos, fazemos fora do equipamento. Obviamente que no hospital tem a equipe de vigilância, tem Guarda Municipal. O que se imagina é que nesses ambientes a Guarda Municipal e a força de vigilância contratada pela prefeitura resguarde a segurança pública dentro do seu hospital. Não foi o que infelizmente aconteceu”, completou o governador.
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