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Acidente de avião em Vinhedo: como está a identificação das vítimas e a investigação do caso?

Acidente aéreo em Vinhedo completa uma semana, deixando 62 mortos: entenda o que se sabe até agora.

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16 de agosto de 2024
Estadão

O acidente aéreo com o avião da Voepass em Vinhedo, no interior de São Paulo, completa nesta sexta-feira, 16, uma semana. A queda da aeronave deixou 62 pessoas mortas e o caso segue sob investigação do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos, da Força Aérea Brasileira (FAB), e da polícia.

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O avião viajava de Cascavel, no interior do Paraná, a Guarulhos, na Grande São Paulo. A queda aconteceu sobre um condomínio residencial de Vinhedo, no interior paulista, mas ninguém foi atingido em solo. A seguir, entenda o que se sabe sobre o caso até agora sobre a investigação, a identificação das vítimas e as operações da Voepass.

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O que causou a queda do avião da Voepass em Vinhedo?

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A causa ainda está sob investigação das autoridades, como a FAB, Polícia Civil de São Paulo e Polícia Federal. Nenhuma conclusão prévia foi oficialmente divulgada até o momento.

Na quarta-feira, 14, a divulgação de uma análise preliminar do gravador de voz da cabine do avião indicou que o copiloto Humberto de Campos Alencar e Silva perguntou ao piloto Danilo Santos Romano o que estava acontecendo após perceber que a aeronave perdia sustentação. Conforme a reportagem do Jornal Nacional, da TV Globo, até o avião cair se passou cerca de 1 minuto e a gravação é finalizada com gritos.

Quais são as hipóteses para a queda do avião?

Na visão de especialistas, um fator que pode ter levado à queda é a formação de gelo nas asas da aeronave. O especialista em aviação e perito criminal do Estado de Goiás, lotado na Seção de Engenharia Forense, Celso Faria de Souza, explica que as aeronaves utilizam um sistema de degelo, que tira o gelo formado nas asas da aeronave e restabelece a plenitude do funcionamento de sistemas de voo, ou então um sistema chamado anti-ice, que impede a formação de gelo, mas é tipicamente usado apenas em aviões grandes e modernos. No caso da aeronave da Voepass, o sistema era de degelo, também conhecido como de-icing.

A formação de gelo é comum em altitudes elevadas devido à queda da temperatura que ocorre nas camadas mais elevadas da atmosfera. No topo da troposfera, onde viajam os aviões, a temperatura pode chegar a -60°C. Por isso, não é incomum que as aeronaves tenham sistemas para combater ou impedir a formação de gelo.

Como estava o tempo durante o voo?

O meteorologista Humberto Barbosa, fundador do Laboratório de Análise e Processamento de Imagens de Satélites (Lapis), da Universidade Federal de Alagoas, classificou como “caóticas” as condições meteorológicas enfrentadas pela aeronave.

“A análise permitiu identificar que a aeronave enfrentou uma zona meteorológica crítica, por quase 10 minutos, entre 13h10 e 13h19. Nesse período, a aeronave reduziu a velocidade e atravessou nuvens supercongeladas de até 40 graus negativos”, diz o professor.

A partir da análise das imagens, é possível verificar, de acordo com o especialista, que a aeronave saiu rapidamente de uma área sem nuvens para outra com formação de gelo e, em seguida, enfrentou mais uma área adversa com água supercongelada.

Havia condições atípicas de congelamento em razão de muita umidade, formada por gotículas de água líquidas supercongeladas. A região do voo do ATR 72 tinha alerta de “gelo severo”.

Como está a identificação das vítimas?

Os 62 corpos das pessoas que morreram na queda do avião foram identificados e 41 foram liberados para o recolhimento pelas famílias até esta quinta-feira, 15. De acordo com Claudinei Salomão, superintendente da Polícia Técnico-Científica do Estado de São Paulo, 40 corpos foram identificados por análise de impressões digitais. Oito Estados de origem das vítimas foram mobilizados para o levantamento dos dados de identificação. Até mesmo as duas crianças que estavam no voo já tinham Registro Geral (RG), o que facilitou a identificação.

As outras vítimas foram identificadas por exame odontológico, que comparou tomografias feitas em vida pelas vítimas (cedidas pelas famílias) e análises antropológicas, feitas com base em características fenotípicas, como por exemplo o peso do cadáver, altura, raça, se havia prótese de silicone, entre outros.

O que causou a morte dos passageiros no acidente?

Os 58 passageiros e quatro tripulantes que estavam no avião morreram por politraumatismo, condição caracterizada por múltiplas lesões no corpo causadas por agentes externos.

“A aeronave, ela despencou, caiu de ‘barriga’ no chão e provocou um politraumatismo generalizado. Ela explodiu, pegou fogo. Grande parte da região traseira do avião – da cauda para trás – sendo que todos (os passageiros) tiveram politraumatismo e morreram de imediato. Uma morte instantânea”, afirmou Vladmir Alves dos Reis, diretor do IML.

Quem eram as vítimas?

Entre as vítimas, havia médicos que viajavam para um congresso de oncologia em São Paulo, empresários do Nordeste que voltavam de um evento de construção civil no Paraná, professores de uma universidade pública local, um funcionário público que iria celebrar o Dia dos Pais junto da filha de três anos, uma influenciadora digital do fisiculturismo e uma família venezuelana, dentre outras histórias.

“É trágico”, disse o motorista Ivair Pontes, que perdeu a irmã, Maria Valdete, e o cunhado, Renato Bartnik. O casal, de Cascavel, tinha como parada final o Rio de Janeiro, onde visitariam um irmão de Renato, que está doente. “Infelizmente não tiveram a sorte de chegar ao destino.”

O que diz a Voepass sobre o caso?

O avião que caiu em Vinhedo havia sido submetido a manutenção na noite anterior e estava com todas as condições de voo, afirmaram os responsáveis pela Voepass. O CEO da companhia, Eduardo Busch, e o diretor de operações, Marcel Moura, concederam entrevista coletiva em um hotel em Ribeirão Preto (SP), onde fica a sede da empresa, na noite da sexta-feira, 9.

Os dois afirmaram que ainda não é possível tirar qualquer conclusão sobre as causas do acidente. “Não temos informação sobre as causas do acidente. Qualquer informação transmitida a esse respeito não passa de mera especulação e hipóteses, o que, diante de uma tragédia dessa proporção, só gera ainda mais ruído e dor em todos que já estão absolutamente abalados”, afirmou Busch na oportunidade.

Sobre a hipótese de o acidente ter sido provocada pela formação de gelo nas asas do avião, Moura afirmou na data que “o ATR (modelo do avião) tem uma sensibilidade um pouco maior à situação de gelo, (essa hipótese) não é descartada, assim como nenhuma hipótese é descartada nesse momento. O Cenipa (órgão federal de investigação e prevenção de acidentes aéreos) já está em ação, é o órgão responsável por essa investigação, nós estamos lado a lado”.

“O avião é sensível ao gelo, é um ponto de partida, pode ser, mas ainda é muito precoce qualquer tipo de ideia em relação ao evento”, disse o diretor de operações da empresa. “Essa aeronave voa numa faixa (de altitude) que tem uma formação maior de gelo. Na nossa despachabilidade, nós avaliamos a condição de gelo na altitude em que ela (a aeronave) vai voar. Hoje (sexta-feira) estava previsto gelo, mas dentro das características aceitáveis para o voo”, concluiu.

Segundo a Voepass, na sexta-feira passada o avião começou a operar às 5h30, quando partiu de Ribeirão Preto para São Paulo, e depois foi de São Paulo para Cascavel. O voo para Guarulhos seria o terceiro do dia, e segundo os executivos nenhum problema foi detectado nas duas primeiras operações. “Essa aeronave saiu de Ribeirão Preto, nossa base principal de manutenção. Ela fez a manutenção de rotina na noite anterior e saiu daqui sem nenhum tipo de problema técnico que inviabilizasse sua aeronavegabilidade. A aeronave estava perfeitamente aeronavegável”, disse Moura.

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Fonte: Estadão

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