Documento, que já foi protocolado no Ministério Público Eleitoral e na Polícia Federal, expõe uma série de acusações de irregularidades eleitorais, com foco na captação ilícita de sufrágio, abuso de poder político e econômico, além do uso indevido de recursos públicos
Denúncia aponta caixa dois e abuso de poder na campanha de reeleição de prefeito no Ceará; entenda
Uma denúncia formal foi apresentada pela coligação “Juntos por um São Gonçalo Melhor” ao Ministério Público Eleitoral (MPE), envolvendo o prefeito de São Gonçalo do Amarante, no Ceará, Marcelo Ferreira Telles (Professor Marcelão), candidato à reeleição, e diversos outros políticos e empresários da região. O documento, que já foi protocolado no MPE e na Polícia Federal (PF), expõe uma série de acusações de irregularidades eleitorais, com foco na captação ilícita de sufrágio, abuso de poder político e econômico, além do uso indevido de recursos públicos. Entre os citados na denúncia estão a atual vice-prefeita e candidata à reeleição, Maria Bethrose Fontenele Araújo, e vereadores da base de apoio do prefeito.
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A denúncia foi protocolada no último dia 28 de setembro e apresenta um quadro de práticas que teriam sido adotadas pela gestão municipal para garantir a reeleição do prefeito. Segundo a coligação denunciante, o esquema envolveria a compra de votos, contratação excessiva de servidores temporários, desvio de verbas públicas e até a criação de um suposto caixa dois para financiar a campanha de Telles e seus aliados.
Captação ilícita de sufrágio e compra de votos
Uma das principais acusações refere-se à captação ilícita de sufrágio, conhecida popularmente como compra de votos. De acordo com a denúncia, há indícios de que a gestão municipal estaria utilizando recursos da Prefeitura de São Gonçalo do Amarante para financiar esse esquema, incluindo a distribuição de dinheiro e benefícios diretos a eleitores. A coligação alega que, por meio de transferências bancárias e pagamentos via PIX, a equipe do prefeito teria distribuído quantias em dinheiro a eleitores em troca de apoio político, especialmente nas áreas mais carentes do município.
Ainda, a denúncia revela uma lista de pessoas jurídicas e físicas supostamente envolvidas no esquema, incluindo empresas que possuem contratos milionários com a Prefeitura e que estariam operando como “bancos pagadores” dos custos da campanha de reeleição. Entre as empresas citadas está a SG Premoldados LTDA, apontada como uma das principais responsáveis pelo financiamento ilegal.
Abuso de poder político e econômico
Outro ponto central da denúncia é o abuso de poder político e econômico. O documento afirma que o prefeito Marcelo Ferreira Telles estaria se utilizando da máquina pública para garantir vantagem no pleito eleitoral. Entre as práticas denunciadas estão a contratação excessiva de funcionários temporários e terceirizados, o que teria sido intensificado durante o período eleitoral. A coligação aponta que esse aumento não teria justificativa administrativa, sugerindo que as contratações teriam fins puramente eleitoreiros, com o objetivo de angariar apoio político.
Além disso, o uso indevido de programas sociais e de infraestrutura municipal para promover a candidatura do prefeito também é destacado na denúncia. Segundo a coligação, obras e serviços públicos estariam sendo direcionados para áreas estratégicas com o intuito de influenciar diretamente os eleitores.
Caixa dois e financiamento ilegal
A denúncia levanta ainda suspeitas sobre a criação de um esquema de caixa dois para financiar a campanha do prefeito e de seus aliados. De acordo com as evidências apresentadas, empresas com contratos milionários com a prefeitura estariam sendo utilizadas para financiar atividades de campanha de forma ilegal. Essas empresas, além de receberem recursos públicos, estariam repassando parte desse dinheiro para políticos e candidatos do grupo de Marcelo Telles, em forma de “mesadas semanais” — uma prática que, segundo a denúncia, ficou conhecida como “Mensalão do Marcelão”.
Documentos anexados à denúncia apontam que esse esquema envolvia desde a compra de materiais de construção até o pagamento de despesas pessoais de candidatos. A denúncia sugere que as operações financeiras foram cuidadosamente planejadas para ocultar a origem dos recursos, com indícios de lavagem de dinheiro e fraude fiscal.
A denúncia solicita a instauração de um inquérito policial eleitoral para apurar as irregularidades e garantir a preservação das provas e a proteção das testemunhas envolvidas.
Entre as medidas solicitadas estão a quebra de sigilos bancário e fiscal dos envolvidos, bloqueio de ativos financeiros e busca e apreensão de documentos em órgãos públicos e na sede das empresas envolvidas no esquema. A coligação alega que há um risco iminente de destruição de provas e de represálias contra testemunhas, o que justifica a necessidade de medidas urgentes e rigorosas.
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Denúncia de caixa dois em campanha de reeleição de prefeito no Ceará
Nesta terça-feira (1º), uma live transmitida pelo candidato Cláudio Pinho (PDT) expôs um suposto esquema de desvio de verbas públicas. Foram exibidas imagens de funcionários da prefeitura supostamente envolvidos no esquema, incluindo a secretária Mazé e o secretário Mateus do Tito. Cláudio destacou que as mensagens sugerem um “esquema criminoso” onde pagamentos eram feitos a pessoas sem vínculos formais com a administração municipal. “Isso realmente acaba com a classe política”, lamentou.
As revelações incluíram informações sobre a construtora Nova Terra, que teria recebido quase R$ 20 milhões em contratos para obras de calçamento de baixa qualidade. Cláudio criticou a situação, afirmando: “Imagine quando passar um carro”, referindo-se à fragilidade das obras realizadas.
Além disso, o ex-prefeito mencionou que as conversas indicam pagamentos para campanhas políticas, utilizando recursos públicos. “Isso chama-se caixa 2?”, questionou ele. Os repasses foram feitos não apenas para candidatos a vereador, mas também para cobrir despesas de campanha e eventos políticos.
O que diz o prefeito de São Gonçalo do Amarante
Por meio de nota, o prefeito de São Gonçalo do Amarante e candidato à reeleição, Professor Marcelão, afirma que ele e a vice-prefeita estão à disposição para esclarecer quaisquer suspeitas.
“A coligação São Gonçalo de Mãos Dadas manifesta sua convicção acerca da regularidade das ações administrativas adotadas na gestão do prefeito Professor Marcelão e da vice-prefeita Bethrose durante a atual gestão. Além disto, assegura que ambos estão à disposição para elucidar quaisquer suspeitas levantadas acerca das suas ações nas variadas áreas que compõem a gestão.
Porém, é bastante estranho que ao longo de uma campanha de 45 dias, em que a oposição teve ampla condição de apresentar qualquer tipo de denúncia, justamente nos momentos finais da campanha, no dia 28 de setembro, supostos fatos ilícitos tenham sido levados a público, de forma genérica, sem a devida fundamentação. Trata-se de um procedimento que busca, meramente, o desgaste dos nossos candidatos majoritários, que contam com amplo favoritismo em pesquisas variadas realizadas no município para a eleição do dia 6 de outubro.
O procedimento revela, isso sim, indícios de desespero da coligação adversária, que representa a gestão anterior (2013/2020), cujo projeto foi rejeitado nas urnas na eleição passada, não deixando boas lembranças na população gonçalense, conforme revelam as mesmas pesquisas.
Reafirmamos nossa confiança no Estado Democrático de Direito e na capacidade das instituições em apurar quaisquer irregularidades e, de forma transparente, estamos à disposição para prestar os esclarecimentos necessários, tão logo tenhamos acesso a toda a documentação referente às denúncias.
Manifestamos nossa confiança na lisura e correção do prefeito Marcelão e da vice-prefeita Bethrose, que é reconhecida pela população e alertamos a Justiça Eleitoral para que esteja atenta a episódios que busquem apenas tumultuar um processo eleitoral que se encaminha para um resultado de plena legitimidade”.
Coligação São Gonçalo de Mãos Dadas
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