INTERIOR DE SÃO PAULO

Alunos de Direito da PUC-SP gritam ‘cotista’ e ‘pobre’ para ofender estudantes da USP em jogos

Em uma nota conjunta, as diretorias das duas faculdades e os centros acadêmicos de ambos os cursos – XI de Agosto e 22 de Agosto – repudiaram o gesto e descrevem as cenas como “episódios lamentáveis”.

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17 de novembro de 2024
Estadão Conteúdo

Estudantes de Direito da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) foram filmados ofendendo com palavras de cunho racista os alunos da USP, a Universidade de São Paulo, durante os Jogos Jurídicos realizados neste final de semana, na cidade de Americana, interior de São Paulo.

Alunos de Direito da PUC-SP gritam ‘cotista’ e ‘pobre’ para ofender estudantes da USP em jogos
Foto:: Reprodução

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Nas imagens, que circulam nas redes sociais, é possível ver um integrante da torcida da PUC-SP gritando a palavra “cotista” aos estudantes da Faculdade de Direito do Largo São Francisco. Outros envolvidos usam a palavra “pobre”, e uma menina chega a fazer gestos obscenos contra os uspianos.

A situação aconteceu durante uma partida de handebol entre as duas universidades, no último sábado, 16. A organização dos jogos, em conjunto com as instituições participantes, decidiu banir a torcida da PUC-SP até o restante das competições, que se encerram neste domingo, 17.

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“Chegou ao nosso entendimento que as devidas ações já foram feitas contra os agressores visando assegurar que os atos racistas registrados sejam investigados e responsabilizados conforme a lei”, informou a página oficial dos Jogos Jurídicos, em comunicado.

 

Em uma nota conjunta, as diretorias das duas faculdades e os centros acadêmicos de ambos os cursos – XI de Agosto e 22 de Agosto – repudiaram o gesto e descrevem as cenas como “episódios lamentáveis”. A reitoria da PUC-SP ainda não se manifestou.

“Durante o evento, um grupo de alunos da Faculdade de Direito da PUC-SP proferiu manifestações preconceituosas contra estudantes da Faculdade de Direito da USP, utilizando o termo “cotistas” de forma pejorativa. Essas manifestações são absolutamente inadmissíveis e vão de encontro aos valores democráticos e humanistas, historicamente defendidos por nossas instituições”, diz o comunicado.

As entidades signatárias afirmam que vão apurar o caso e responsabilizar os envolvidos “de maneira justa e exemplar”. Dizem também que, diante do ocorrido, se comprometem a implementar protocolos para fortalecer ouvidorias, promover a educação antirracista e assegurar um ambiente inclusivo para os estudantes.

“Além da responsabilização dos envolvidos, é indispensável avançarmos na direção de políticas preventivas e de acolhimento”, afirma a nota. “Estamos determinados a transformar este episódio em um marco para o fortalecimento de uma cultura de respeito, equidade e inclusão em nossas instituições”, concluem as entidades.

A USP decidiu adotar o sistema de cotas para o ingresso na universidade em 2017, passando a ser implementado a partir do ano seguinte. Ficou definido que 50% das vagas abertas para estudar na instituição seriam destinadas a alunos de escolas públicas. Desse porcentual, 37% dos 50%, são voltadas para candidatos autodeclarados pretos, pardos e indígenas (PPI).

Conforme os dados da USP, informados em maio deste ano, a universidade possui 60 mil estudantes de graduação, sendo que 45,1% que cursaram o ensino médio exclusivamente em escolas públicas e 23,2% se autodeclaram pretos, pardos e indígenas.

Bancada feminista do PSOL na Câmara diz que vai acionar MP-SP sobre o caso

Em uma postagem nas redes sociais, a covereadora Letícia Lé, da bancada Feminista do PSOL, na Câmara de Vereadores de São Paulo, criticou o episódio e disse que irá acionar o Ministério Público “É um absurdo que estudantes negros não possam estar em espaço de lazer e de recreação da universidade sem serem ofendidos e sem sofrerem racismo”, disse a parlamentar.

“Por isso, a gente, da Bancada Feminista, está acionando o Ministério Público para que esse absurdo seja investigado e que os estudantes que proferiram essas ofensas sejam punidos”, acrescentou. O MP-SP foi procurado pela reportagem, mas não deu retorno até a publicação do texto.

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