OMS mostra que transtornos mentais custam à economia global cerca de 1 trilhão de dólares por ano em perda de produtividade
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Empresas terão que se adaptar ou lidar com os custos da negligência em relação a saúde mental dos colaboradores
A partir de maio, o bem-estar emocional dos colaboradores deixa de ser um diferencial e passa a ser uma obrigação legal. Empresas serão responsabilizadas por prevenir transtornos psicológicos relacionados ao trabalho, como estresse excessivo, burnout e assédio moral. A atualização da Norma Regulamentadora nº 1 (NR-1) exige que organizações implementem medidas concretas para garantir um ambiente de trabalho emocionalmente seguro. A nova regra alinha o Brasil às melhores práticas internacionais, elevando a saúde mental ao mesmo patamar da segurança física.
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Pesquisas da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e da Organização Mundial da Saúde (OMS) indicam que ambientes de trabalho psicologicamente nocivos estão entre os principais fatores de doenças mentais. Um estudo da OMS mostra que transtornos mentais custam à economia global cerca de 1 trilhão de dólares por ano em perda de produtividade. Nos Estados Unidos, dados do National Institute for Occupational Safety and Health revelam que 83% dos trabalhadores sofrem com o impacto do estresse no trabalho, enquanto no Reino Unido, o burnout é responsável por 57% dos afastamentos.
Ana Lisboa, psicanalista e CEO do Grupo Altis, que atua na promoção da saúde mental corporativa, destaca que a regulamentação chega para transformar o mundo empresarial. “Empresas que não se preocupam com a saúde emocional de suas equipes vão pagar um preço alto, seja com afastamentos frequentes, baixa produtividade ou processos trabalhistas. A humanização das relações de trabalho precisa ser vista como uma estratégia inteligente, e não um custo extra”, afirma.
Relatórios do Ministério da Previdência apontam que os transtornos psicológicos já representam 38% dos afastamentos concedidos pelo INSS, com um custo superior a R$ 12 bilhões nos últimos anos. Agora, empresas passarão por fiscalizações mais rigorosas e poderão sofrer penalidades caso não cumpram as novas exigências. A gestão dos riscos psicossociais passa a ser tão obrigatória quanto a dos riscos físicos, exigindo a adoção de programas estruturados de prevenção.
“Sem dúvida nenhuma, o grande desafio é mudar a mentalidade empresarial, pois cuidar da saúde mental no trabalho não é só evitar adoecimento. É aumentar produtividade, fortalecer equipes e criar um ambiente onde as pessoas realmente queiram estar. Precisamos de lideranças mais conscientes e ambientes mais humanos”, alerta Lisboa.
Segundo a psicanalista, há formas de as empresas promoverem saúde mental no trabalho:
- Implementar programas de apoio emocional com psicólogos e terapeutas organizacionais.
- Criar uma cultura de escuta ativa onde os colaboradores se sintam confortáveis para relatar dificuldades.
- Reavaliar metas e cargas horárias, garantindo que a produtividade não ultrapasse os limites saudáveis.
- Oferecer treinamentos para lideranças sobre a importância da empatia e da gestão humanizada.
- Criar espaços de descompressão para que os colaboradores possam reduzir o estresse no dia a dia.
“A saúde mental no ambiente corporativo não pode mais ser negligenciada. As empresas que enxergarem essa mudança como uma oportunidade de crescimento sairão na frente. Agora, a escolha é simples: evoluir ou sofrer as consequências da omissão”, finaliza a psicanalista.
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