Desconforto no atendimento médico constrange e limita acesso à saúde
Barreiras distanciam população trans da prevenção ao câncer de mama
Mulheres trans têm 47 vezes mais chances de desenvolver câncer de mama do que os homens cisgênero, aqueles que se identificam com o gênero de nascimento. Os dados são da University Medical Center, em Amsterdã. Apesar disso, muitas não fazem os exames de prevenção, e os motivos estão sempre ligados ao desconforto nos atendimentos médicos.
“Muitas de nós, por constrangimento e vergonha, nos acostumamos a não ter acesso a saúde. Tenho muitas amigas que passaram por tromboses e outras sequelas por não ter um acompanhamento adequado”, afirma Yara Canta (26), atriz, cantora e ativista pelos direitos das pessoas trans e negras. “A gente consegue suportar a dor física mais do que a psicológica. Não dá para continuar em um corpo que não nos representa, e assim nos lançamos em busca dessa transformação, mesmo sem um suporte adequado para que tenhamos segurança em todo o processo”, completa.
De acordo com Lucivânia Sousa, da Coordenadoria de Políticas Públicas para LGBT do Estado, a exclusão é sintoma de uma sociedade que não enxerga subjetividades. “Ainda é um tabu para a sociedade compreender, acolher e respeitar as particularidades do manejo em saúde desses sujeitos sociais”, diz.
A falta de prevenção acaba dificultando a detecção de nódulos malignos, câncer de colo de útero, de próstata e muitas outras doenças que podem evoluir e levar a paciente a óbito. Em todos os casos, independentemente do gênero, a prevenção com acompanhamento médico, exames clínicos e o conhecimento do próprio corpo são essenciais para prevenir a doença.
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