O musical “João e Maria-Opereja” homenageia a cultura do sertão brasileiro com apresentação em Fortaleza, no dia 7 de outubro. Inspirada na ópera original “Hänsel und Gretel”, do compositor alemão Engelbert Humperdinck, aborda a clássica história dos irmãos que se perdem na floresta.
A releitura de “João e Maria-Opereja” ganha acento sertanejo. Elementos do folclore, canções regionais cantadas, ao vivo, e arranjos instrumentais com instrumentos populares levam o público à paisagem agreste. A direção artística é de Fernando Bustamante. “É a primeira vez que adaptamos uma ópera. Normalmente bebemos diretamente nos clássicos da literatura. Portanto, diferentemente de um musical padrão, o espetáculo é cantado do início ao fim”, destacou o diretor artístico da Cyntilante Produções, Fernando Bustamante.
A ideia inicial, lembrou Bustamante, era que “João e Maria-Opereja” inaugurasse uma trilogia de óperas para criança, sendo seguida de “A flauta Mágica” e “Aida”. “Mas veio a pandemia e a gente teve que arquivar o projeto. É um alívio e uma alegria poder circular com o trabalho por Minas e pelo Nordeste”, disse.
Conto da tradição oral, com origem na idade média, e escrito pelos irmãos Grimm, “João e Maria” já ganhou, inclusive, diversas versões na literatura, no cinema e, além disso, na ópera de Engelbert Humperdinck. “São poucas as montagens no Brasil, da ópera alemã, que é muito popular em países como Estados Unidos, Alemanha e Inglaterra, durante as festas natalinas”, destacou Fernando.
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Na trama original, uma família, em momento de escassez de alimentos, abandona, assim, os filhos na floresta. O pai, um lenhador, deixa os dois irmãos. Ao tentarem voltar para casa, as crianças acabam se perdendo e se encontram com a famosa bruxa da casa de doces.
“João e Maria-Opereja”
Para recontar a história europeia de “João e Maria-Opereja” dentro do universo e estética do sertanejo brasileiro, a cenografia foi, dessa forma, toda confeccionada por materiais utilizados nos artesanatos nordestino e mineiro, como a juta, o vime e o cizal. Nos figurinos, aparecem elementos como bordados de renda e chita, em diversas tonalidades de terra. Segundo Fernando, os personagens da trama também ganham novas versões. “A bruxa é o Papa-Figo, a fada do Orvalho é a Comadre Fulozinha. O saci Pererê, os cangaceiros e bacuraus também habitam a caatinga, onde João e Maria se perdem quando vão colher pequi para o jantar. Em vez de chocolate, a casa de doces é feita de tapioca, pé-de-moleque, bolo de rolo, cocada, doce de leite”, antecipou.
Os ritmos regionais ditam a atmosfera popular do musical “João e Maria-Opereja”. A partitura clássica original de Humperdinck foi transcrita, além disso, para o xote, xaxado e baião. No palco, os instrumentos eruditos da orquestra são substituídos pelo violão, rabeca, sanfona e zabumba.
Fernando Bustamante destaca, inclusive, que “João e Maria – Opereja” retoma, dessa forma, as primeiras adaptações ligadas a temas da realidade brasileira. “Nossos últimos trabalhos foram releituras de contos universais, mas mantendo os elementos e tradições culturais de outros países. Nesta versão de João e Maria, assim como no original, mantivemos a ideia das dificuldades vivenciadas pela família relacionadas aos ciclos da natureza, mas, desta vez, trazendo para o contexto da caatinga, seu período de escassez e de desafios para o povo sertanejo”, afirmou.
O espetáculo “João e Maria-Opereja” tem apresentação confirmada em Fortaleza, no dia 7 de outubro, às 17 horas, no Teatro Dragão do Mar.
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