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“Me sinto uma jovem senhora”, diz Elba Ramalho

Foto: Reprodução

A cantora Elba Ramalho, de 72 anos, celebra quatro décadas de carreira em 2023 e analisa, principalmente, a trajetória artística sob a ótica feminina. “O patriarcado tinha voz mais ativa. Os meninos tinham seus privilégios, e nós, mulheres, assistíamos em silêncio educado, nunca subserviente. Pessoalmente, posso afirmar que quebrei muito protocolo machista, naturalmente, com atitude e nunca com discurso de ódio que a meu ver, não leva a nada, só a produzir mais ódio. Ainda caminho, penso e me expresso como me convém, sem intimidação”, afirmou.

“Me sinto uma jovem senhora. Bem comigo mesma, boa saúde, em dia com as rezas intensas, mais espírito, menos carne, menos razão, mais Deus. É um tempo de bonança, tudo mais lapidado, corpo, mente e alma. Procuro saborear melhor as coisas, inclusive o canto está mais sólido, mais bonito. Delicadeza e serenidade”, declarou.

Sobre fases conturbadas, a cantora, inclusive, recorda com resiliência. “Não recordo de momentos dolorosos, talvez levemente tristes e muito desafiadores. A alegria da arte adoça o pranto, mesmo quando tudo parece muito salgado. Me joguei na missão com disposição para vencer e seguir sempre, nunca desistir ou chorar o leite derramado. Entre espinhos, procurei colher o perfume deixado pelas pétalas. Afinal, a vida por si só é um grande desafio. O nascimento do meu filho (Luã) quase no palco foi emocionante, essa é uma lembrança histórica. Para os artistas, o tempo é um aliado, lapida o conhecimento e nos faz mais sábios. As alegrias? Sim, todos os dias em que posso abrir os olhos e ver a luz do sol, agradeço a Deus e vivo”, destacou Elba Ramalho.

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Elba Ramalho e os preconceitos

Diante da posição da mulher na sociedade atual, Elba Ramalho analisa, assim, de forma histórica a partir de suas vivências. “No início, não existia tanto patrulhamento, embora vindo do sertão da Paraíba, de uma cidade muito pequena e uma família muito austera na forma como fui educada, o patriarcado tinha voz mais ativa. Ainda caminho, penso e me expresso como me convém, sem intimidação. Não aprecio muito a competição, apenas sou, tenho meu valor e minha opinião, não olho para o jardim do vizinho, planto e colho minhas próprias flores”, disse.

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A nordestina, inclusive, prestigia, assim, outros talentos da região. “Adoro vozes femininas, somos um país de grandes cantoras. Estou ligada na nova cena. Acabei de fazer um feat com Almério na canção ‘Chuva de Estrelas’. Amo o canto do Almério”, pontuou, realçando, posteriormente, que não compactua, assim, com a competição.

“Tem espaço para todos. Nenhuma estrela atropela outra no imenso firmamento. Cada artista tem sua história, sua cultura, suas influências. Precisamos respeitar. Isso não implica em ter que gostar ou cantar músicas, por exemplo, com esse tema. Minha alma alcança as sonoridades Gonzaguianas, Dominguianas, Buarquianas. Sou parte de uma geração pós-tropicalismo, entre o azul e o cacho de acácias. Cheguei quase no mesmo trem que Zé Ramalho, Alceu, Belchior, Ednardo, Lenine, Chico César. Minha praia descansa nesse planeta poético musical”, concluiu, enfim, Elba Ramalho.

As declarações foram dadas em entrevista à Glamour.

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