Em uma visita a Bahia para participar do Festival Liberatum, que ocorre pela primeira vez no Brasil, a atriz americana Viola Davis, acompanhada de seu marido, Julius Tennon, anunciou a inauguração de um estúdio de produção de conteúdo de áudio em Salvador. A produtora, nomeada “Axé”, já tem seu primeiro projeto definido: uma série de podcasts dedicada à história de Zumbi dos Palmares, conforme anunciado pelo Secretário da Cultura de Salvador, Pedro Tourinho.
Com a criação da “Axé”, Viola Davis e Julius Tennon buscam estabelecer uma conexão criativa entre o Brasil e Hollywood. Segundo Tennon, em uma entrevista ao portal A Tarde, o Brasil está vivendo um novo momento de produção de conteúdo, e a Bahia, com sua rica história, serve como um cenário inspirador para narrativas envolventes. Ele afirmou: “Estou muito feliz de estar aqui… É uma grande oportunidade para trabalharmos juntos, com a comunidade.”
Durante participação no festival em Salvador, Viola Davis enfatizou a importância da representatividade nas artes e a necessidade de desconstruir a visão predominantemente branca da História. Ela observou que a missão do artista, em seu âmago, é profundamente revolucionária, porque frequentemente, mesmo quando contamos histórias, elas ainda são contadas através da lente do colonizador. “São negros retratados como traficantes de drogas, ou apenas mulheres negras em comunidades urbanas. Mesmo quando se trata de histórias de fantasia, as representações são extremamente limitadas e as pessoas não conseguem se identificar com elas. Precisamos seguir o que Steve Biko disse sobre consciência: ‘Precisamos ter o poder, a autoridade e a coragem de contar nossas próprias histórias, sem pedir desculpas’.”
A discussão na mesa de conversa “Afrodiáspora” também contou com a presença da atriz brasileira Taís Araújo, que destacou a relevância de Salvador como um polo cultural e criativo e enfatizou a importância de ampliar o diálogo sobre o protagonismo negro.
Viola Davis conquistou o Grammy este ano por sua versão em áudio de sua autobiografia, “Finding Me”. Ela faz parte do seleto grupo de EGOTs, artistas que receberam pelo menos um Emmy, Grammy, Oscar e Tony ao longo de suas carreiras. A atriz ganhou dois Tonys (por “King Hdley II” e “Fences” em 2001 e 2010), um Emmy (por “How to Get Away with Murder” em 2015) e um Oscar (por “Um Limite Entre Nós” em 2017).
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