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A paternidade da vacina

Os brasileiros acompanharam, dia após dia, a expansão dos projetos de vacinação contra a Covid-19 em diversos países do mundo e, a cada novo anúncio do início da campanha em qualquer canto do planeta, se perguntavam: Quando, finalmente, conheceremos a sensação de ‘mudança de chave’, descrita pelos primeiros sortudos?

Eis que no dia 17 de janeiro, com o espetáculo digno de uma aparição de Luis XIV, adaptado ao século XXI, a primeira brasileira recebeu a primeira dose da vacina no País. Com ampla repercussão nos meios de comunicação, entusiasmo de pesquisadores, de profissionais de saúde, de setores empresariais e da maioria da população, os “pais” da vacina logo se apresentaram.

O governador de São Paulo, João Doria, não poupou esforços. De mestre de cerimônia, em coletiva para a imprensa, a acompanhante de Mônica Calazans para o momento de aplicação da dose, assumiu o protagonismo compatível com a pompa que marcou o largada.

No mesmo instante em que o governador apresentava, juntamente com os seus assessores, os caminhos do projeto de imunização, o Ministro da saúde, Eduardo Pazuello, também se pronunciava sobre a corrida e, a Doria, atribuiu a ‘queima de largada’, sugerindo, inclusive, implicações jurídicas para o ato que, implicitamente, classificou como uma  “jogada de marketing”.

Passado o entusiasmo do momento, com as  doses chegando, nos dias subsequentes, aos grupos prioritários, cresceu o número de brasileiros que se dizem favoráveis à vacina, e as lideranças políticas buscam colher os frutos, reivindicando a sua paternidade.

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Poderíamos encetar, com isso, discussões acerca da antecipação eleitoral ou do previsto pelo pacto federativo, entre tantas outras. Todavia, para os brasileiros, após quase um ano de medo, da doença e do desemprego, importa muito mais saber quando, finalmente, isso tudo será apenas a lembrança de um tempo tenebroso.

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