Um dos repórteres mais carismáticos da TV Cidade Fortaleza, talvez o mais popular, Águia Dourada se orgulha da carreira construída desde a década de 1990, mas prefere manter os pés no chão, reconhecendo o papel de produtores, cinegrafistas e editores no resultados das matérias feitas para o Cidade 190. Ao longo da trajetória, acompanha cenas tristes, inusitadas e narra, com seu jeito peculiar, o que vê nas ruas das periferias da Capital.
“Eu cheguei à TV Cidade para o Aqui Agora [programa policial]. Passei três anos e pedi transferência para outro estado por causa de uma mulher”, revela Águia.
Ao retornar para Fortaleza, o Cidade 190 já dava os seus primeiros passos na televisão cearense. “Era para ter chegado em 2001 [estreia do programa], mas como eu tinha um compromisso onde estava, voltei apenas em 2003. Desde então, a gente já está faz algum tempo no [Cidade] 190. Acompanhei vários casos e trabalhei com quase todos câmeras e motoristas do jornalismo policial”, comenta.
As matérias feitas pelo irreverente repórter caíram no gosto do público. No YouTube e nas redes sociais, canais e páginas replicam cenas de Águia Dourada em reportagens sobre o cotidiano de garotas de programa e assaltos.
“Fiz matérias de cueca mostrando como o povo é roubado. Passou na Record, em todos os programas. Em outras matérias, eu gravei saindo de um caixão para mostrar para o jovem qual é o destino de quem escolhe o crime”, relembra o comunicador.
Uma das reportagens mais inusitadas, segundo a avaliação de Águia Dourada, contou com a parceria de longa data com Roberto César, ex-repórter do Cidade 190 e apresentador do Cidade Alerta Ceará, falecido em meados de 2016.
“A gente fez uma matéria mostrando o lado do rico e do pobre. A TV Cidade alugou uma limusine e eu fiz papel de um árabe. O nosso saudoso Roberto cobria a matéria e a gente foi até um hospital particular, eu fingindo ser um árabe que tinha passado mal em um avião. Só perceberam que era o Águia quando eu já estava rodeado de médicos. Depois mostramos o lado do pobre, como ele é tratado”, relembra.
O jeito brincalhão não pode estar presente em todos os vídeos que são exibidos na televisão. Emocionado, o repórter fala sobre uma cobertura recente, feita em setembro do ano passado, envolvendo a morte de uma criança na Praia do Futuro, em Fortaleza. A vítima, com quatro anos de idade, foi assassinada no lugar dos pais. “Eu sou um cara muito mole para essas coisas. Fiquei sabendo que não pegaram os pais e deitaram a criança, atiraram nela. Eu não aguentei e chorei. Eu consigo ver a vida dessa maneira”, desabafa, com a voz embargada.
Durante o dia, a redação da TV Cidade Fortaleza recebe dezenas de ligações pedindo para fazer denúncias ao repórter do Cidade 190, tão importante quanto o programa. A relação de intimidade com o público não é de hoje e tem uma grande inspiração: Gil Gomes, com quem Águia Dourada trabalhou na Rádio Nacional, em São Paulo.
Em áudio ao GCMAIS, o repórter fala sobre a relação e o conselho dado por Gil Gomes, famoso repórter policial nos anos 1990. Escute: