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A relação entre informação e participação política na Internet

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15 de fevereiro de 2021
Carla Michele

Indispensável para a participação política, sem dúvida, a informação acerca do campo político consegue municiar o cidadão para que ele, por exemplo, ao escolher um candidato, aproxime-se de seu ideal de sociedade. Para os muitos entusiastas da internet, hoje, os indivíduos podem contar com uma ferramenta útil para gerar informação de qualidade, plural, interativa e, além de tudo isso, que permite a visibilidade de grupos excluídos e marginalizados da cena política tradicional.

A relação entre informação e participação política na Internet
Foto: Divulgação

Se tudo isso for verdade, também podemos considerar que a fartura de conteúdo disponível na internet provoca dificuldades para diferenciar o que é notícia de qualidade, apurada e analisada, das notícias distorcidas, falsas, injuriosas e que objetivam influenciar a formação da opinião de públicos que dispõem de fontes duvidosas de informação.

Ou seja, apesar de ser crescente o número de usuários de plataformas que disseminam informações, o baixo nível de discernimento pode provocar a assimilação de notícias de qualidade questionável. Entretanto, na hipótese de um público mais homogêneo sob a perspectiva do capital cultural e educacional, a internet seria suficiente para gerar uma participação política mais qualificada?

Desinteresse do público

Ainda assim, o limite estaria no desinteresse do público em relação ao campo político. De nada adianta, por exemplo, a construção de enquadramentos interpretativos plurais se há uma cultura política de negação da política.

Os resultados dos últimos pleitos demonstram uma crescente apatia do eleitor em relação ao modelo representativo. Considerando como indicadores o número de votos brancos, nulos e abstenções, concluímos que a representação é cada vez mais menos representativa do povo.

Decerto, há maior dificuldade para analisar o número de abstenções, porque estas podem ocorrer por razões diversas, como a não transferência do título eleitoral, a não obrigatoriedade do voto para alguns eleitores, os problemas pessoais e, em 2020 a pandemia também criou obstáculos ao comparecimento de muitos eleitores aos locais de votação.

Entretanto, os votos brancos e nulos demonstram claramente a insatisfação ou a incompreensão em relação ao modelo, já que o eleitor despendeu esforços para ir até o local de votação em um domingo e não optou por nenhum dos postulantes.

“Onda conservadora”

Esse descontentamento tem sido apontado, inclusive, como um dos elementos da crescente “onda conservadora”, observada e analisada em diversos países do mundo. A opção pelo radicalismo também pode ser compreendida como forma de expressar a insatisfação com o modelo vigente.

Embora haja uma grande quantidade de informações disponíveis na internet, muito do que circula é produzido com o objetivo de manipular e confundir o cidadão, que demonstra um crescente desinteresse pelo modelo representativo. E mesmo que as informações apresentem altos níveis de confiabilidade, a cultura política de negação da política não permite o desenvolvimento da motivação para checar as fontes, comparar informações e discutir racionalmente as ações, os conceitos e os programas governamentais.

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