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Lockdown em Fortaleza: a volta ao começo

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4 de março de 2021
Carla Michele

Perplexos, os fortalezenses voltaram a viver a mesma angústia da incerteza gerada pela pandemia de Covid 19. A rigidez do decreto governamental, publicado na data de hoje, impacta diretamente a rotina da cidade, mas principalmente a vida das pessoas que saem de casa para ganhar o pão que alimenta a família naquele dia. Isso é muito evidente e preocupa qualquer governante que entenda o seu papel e consiga dimensionar corretamente as consequências das suas ações.

Lockdown em Fortaleza: a volta ao começo

Nem nos seus piores pesadelos, qualquer governador ou prefeito se imaginaria diante de tal prova de fogo: tomar decisões que interferem diretamente na vida e na liberdade das pessoas, os seus bens mais preciosos, num contexto extremo. Esse tem sido o desafio desde o início da pandemia.

O crescimento do número de casos de pessoas que necessitam de cuidados especiais tem sido noticiado pela imprensa local e nacional desde o final do ano de 2020. Inicialmente, após o período eleitoral, em seguida com as festas de final de ano. Os estudiosos alertando sobre a necessidade de medidas mais enérgicas para manter o distanciamento das pessoas, insistentemente ocupavam a cena pública. Ainda assim, de acordo com os decretos governamentais, a vida parecia passar bem diante do “novo normal”. Mas não passava de uma ilusão.

Os impactos políticos das decisões que foram tomadas nesse momento, após quase um ano do primeiro decreto de isolamento, serão construídos por diferentes grupos de oposição. De um lado, os que acusarão o governo de incompetência por interromper, mais uma vez, as atividades econômicas, causando graves prejuízos para as empresas e para as famílias.

Do outro lado, os que acusarão o governo de incompetência pela lentidão no anúncio de medidas efetivas para combater a disseminação do vírus. Em ambos, ainda surgirão as denúncias de utilização da pandemia para desvio de recursos públicos com obras e aquisições superfaturadas.

Ou seja, inevitavelmente, esse novo decreto contribuirá para um desgaste na imagem do governador Camilo Santana e do seu grupo político, e poderá fazer emergir lideranças para a sucessão de 2022 que apresentem discursos pautados na lógica da competência, da eficiência, da moralidade.

Como o desgaste político é inevitável, que o governador esteja adotando as medidas necessárias para que os erros que contribuíram para a perda de tantas vidas no Brasil, esses, pelo menos, não façam parte de uma história que se repete.

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