Ao longo da história, por ser considerada incapaz de ocupar o espaço público, a mulher foi reduzida ao ambiente doméstico.

Somente no século XIX, após a revolução industrial e por uma necessidade de formação do exército de reserva, as mulheres foram inseridas na atividade produtiva, em péssimas condições de trabalho, jornadas exaustivas e baixos salários. Juntamente com homens e crianças, as mulheres operárias protagonizaram manifestações que resultaram  em muitas conquistas sociais e políticas, como a legislação trabalhista ou o sufrágio universal.

Por todo o século XX e, mais particularmente, no século XXI, foi disseminado o discurso da igualdade de gênero na ocupação dos espaços da política e do mundo do trabalho, com a apologia às características estabelecidas como eminentemente femininas.

A realidade ainda está muito distante dessa suposta paridade de condições. Na política, as mulheres, que formam a maioria do eleitorado, ainda são sub representadas. No mercado de trabalho, as mulheres estão distantes dos cargos mais bem remunerados, apesar da qualificação acadêmica e profissional.

A pandemia de Covid-19, com os decretos governamentais rígidos, visibilizou ainda mais essa distorção. As mulheres foram as mais penalizadas no mercado de trabalho, principalmente em virtude das ocupações manuais e do cuidado com os filhos. E a questão da violência doméstica saltou aos olhos, com o aumento no número de denúncias de agressões.

Se o papel social atribuído às mulheres as condicionou habilidades como o planejamento, para cuidar da casa; sensibilidade e escuta, para entender as demandas  dos filhos e do marido, o mesmo processo de socialização consegue ensinar a todos a viver em sociedade como Seres Humanos com responsabilidade, com empatia, com doação, em casa ou na rua. Esse pode ser um caminho de superação das profundas feridas sociais, causadas pelo individualismo, pelo radicalismo, pela incapacidade de enxergar a si no outro.

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