Os Partidos Políticos podem ser definidos como uma reunião de pessoas que compartilham os mesmos projetos, programas, ideias, objetivando chegar ao poder. As agremiações são, portanto, imprescindíveis para uma Democracia.
Todavia, no Brasil, o discurso de desqualificação dos Partidos Políticos encontra cada vez mais adeptos. Primeiro porque dos 33 partidos existentes no país hoje, poucos apresentam uma ideologia clara e agrupam pessoas em torno dos seus programas. A maioria nasceu ou se tornou apenas uma sigla para viabilizar candidaturas e barganhar espaços nos governos.
Funcionamento parecido com um feudo
Além dos atos meramente cartoriais, o funcionamento assemelha-se ao de um feudo. Fechados nas suas estruturas, cada grupo possui o seu Senhor, “dono” de todas as coisas – como dos recursos provenientes do fundo partidário e do fundo de campanhas – e de todas as pessoas. Cabe ao Senhor decidir quem serão os candidatos que disputarão os certames eleitorais.
Como consequência de uma refeudalização política, temos o reforço de candidaturas personalistas e também baseadas na construção de figuras mitológicas. No caso do Brasil, a incansável busca pelo “Salvador da Pátria”: alguém que consiga “vencer o mal” e libertar a sociedade da opressão.
Política formatada para mídia
Esse declínio partidário não é exclusividade brasileira e alguns autores estabelecem a sua relação com a ascensão das modernas tecnologias de comunicação, exemplo disso está em Schwartzenberg (1978). Para este autor, a política em suas instâncias tradicionais (partidos e programas) se diluiu em meio a um espetáculo no qual pessoas valem mais do que ideias, no contexto da política formatada para mídia.
Entretanto, outros estudos apontam que esse fenômeno é mais antigo, pois a construção de imagens centradas na personalidade remontam o período de Luís XIV, época marcada pela utilização de recursos diversos, como composições artísticas, para o fortalecimento de uma alegoria. Exemplo disso está na produção dos eventos para aparição do Rei Sol. (APOSTOLIDÉS, 1993; BURKE, 2002)
A crença na Democracia
A despeito das análises que compreendem a personalização como algo inerente ao campo político, o amadurecimento das democracias poderia ter resultado numa intensificação das demandas pelo debate de ideias, de projetos e de programas.
É provável que as agremiações possuam uma grande responsabilidade nesse resultado pois, ao optarem pelo pragmatismo eleitoral, os partidos se esvaziaram, tornando a escolha ainda mais difícil para o eleitor já bombardeado pelo discurso que iguala todos os partidos, popularmente caracterizados como “farinha do mesmo saco”.
A crença na Democracia depende da oferta de projetos políticos. Os partidos, independente da formação por quadros ou os de massa, precisam encontrar ou reencontrar as suas bases ideológicas e oferecer um projeto de sociedade que os diferencie para o eleitor, ao votar, aproximar-se do seu ideal societário.
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