O crescimento do percentual de pessoas que utilizam a internet pode ser analisado como um dado positivo, afinal é possível que mais cidadãos tenham acesso às informações instrumentais, aos enquadramentos interpretativos plurais. Além disso, a internet também viabiliza a construção de “lugares de fala” para grupos historicamente marginalizados do debate público.
Contudo, no “outro lado da moeda”, ela também apresenta os aspectos negativos decorrentes do seu uso, como o crescimento e o fortalecimento de visões sectárias e violentas, as quais abertamente se apresentam nas mídias sociais. Principalmente em um momento em que até a previsão do tempo gera uma polarização de “opiniões”, o que poderia ser uma situação de Esfera Pública Virtual é transformado num ringue de luta livre.
Será que a incapacidade de promover o debate racional e democrático estaria numa natureza humana egoísta e violenta? Certamente autores, como Thomas Hobbes, responderiam que sim. O pensador defendeu a necessidade de um Leviatã para controlar os instintos do Homem, o qual ele classificou como “o lobo do próprio homem”.
Distante da conclusão hobbesiana, Rousseau descreveu uma natureza humana perfeita, bondosa e generosa. O Ser Humano é complexo e, talvez, não deva ser reduzido a maldade, nem a bondade pura. Como Ser social, é fundamental que a educação (formal e informal) consiga desenvolver um material humano mais apto ao convívio, ao respeito à diversidade, à capacidade de escuta.
Com esse Ser Humano, a internet, ou qualquer outro instrumento de comunicação, será imprescindível para, e resgatando Platão, enxergarmos além das sombras.
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