O narrador esportivo do Grupo Cidade recordou o início de sua carreira e avaliou o futebol cearense neste tempo de pandemia.
Gomes Farias fala sobre futebol cearense, seus bordões e muito mais
Natural de Ipu, no Ceará, Gomes Farias é um dos nomes mais lembrados quando se fala em cobertura esportiva em terras cearenses. O radialista, comentarista e narrador esportivo faz parte da equipe que cobre o futebol pela Jovem Pan News Fortaleza FM 92,9, emissora do Grupo Cidade de Comunicação. Em entrevista exclusiva ao portal GCMAIS, Gomes Farias recordou o início de sua carreira e avaliou o futebol cearense neste tempo de pandemia.
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Portal GCMAIS: Gomes Farias, poderia contar um pouco da sua história no rádio?
Gomes Farias: Eu comecei na rádio Dragão do Mar. A emissora instituiu um concurso para escolher seus locutores. Tinha vaga para ator de rádio novela, locutor comercial, locutor esportivo e narrador esportivo.
Eu me recordo que tinham 460 candidatos para locutor esportivo. Desses, passaram só nove.
Em seguida, a gente começou a transmitir futebol gravado. Naquele tempo, levávamos o gravador para o estádio no domingo e transmitíamos a partida no dia seguinte. Um professor avaliava as nossas narrações. Foi um ano nesse ritmo.
Dos nove, ficaram cinco, depois três… Jurandir Mitoso, Cauby Chaves e Gomes Farias. Graças a Deus, me dei bem. Logo depois, eu criei o programa “Tome Bola”. E esse programa fez com que a rádio Uirapuru me contratasse. Em seguida, não parei mais. Passei por grandes rádios cearenses, como a rádio Assunção e a rádio Verdes Mares.
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GCMAIS: Recorda qual partida narrou pela primeira vez? Qual foi o jogo mais marcante e qual gol é inesquecível para você até hoje?
Farias: A primeira partida narrada foi na rádio Dragão do Mar em 25 de março de 1958. Era um Clássico-Rei de Ceará e Fortaleza. Já o jogo mais marcante foi o que teve o gol com o que o Ceará conquistou o Tetracampeonato, em 1978. No segundo tempo, o Ceará precisava somente de um gol para ganhar a taça. E quem fez esse gol foi o Tiquinho. Até hoje, a narração do gol é lembrada pela torcida Alvinegra.
GCMAIS: Com a internet, as narrações do rádio agora são feitas a partir de imagens. O locutor não precisa estar necessariamente no estádio. Como você tem lidado com essas mudanças? Qual a importância delas para o público?
Farias: Eu tenho a felicidade de dizer que fiz parte do início da narração pela televisão no Brasil. Eu estava fazendo a Copa América no Paraguai. Mas estava hospedados em Foz do Iguaçu. No outro lado do rio, era uma cidade famosa do Paraguai, onde tinha jogos e onde o Brasil às vezes jogava. Então, um dia eu sai na janela do hotel, onde a gente estava hospedado, e vi um estádio aí eu falei com o meu operador e perguntei se não seria possível a gente fazer futebol a partir dali. Então, a gente percebeu que poderia transmitir do hotel, usando os celulares.
Testamos num jogo que num era nem do Brasil. Não tínhamos experiência e por isso, quando a gente estava transmitindo, aconteceu um fato curioso. Houve uma repetição do gol e eu narrei como se fosse um novo gol. ‘Valha me Deus! Esse gol aí já aconteceu’. Aí eu peguei e disse que o juiz tinha anulado o gol. Isso salvou a pátria. Isso é um marco na minha história com o rádio.
GCMAIS: Como você avalia o futebol cearense neste tempo de pandemia?
Farias: Estamos em um tempo auspicioso para o nosso futebol, porque, apesar da pandemia, o nosso futebol atravessa um momento excepcional. O Ceará vai para o quarto ano na Série A do Campeonato Brasileiro e o Fortaleza para o terceiro ano seguido. Enfim, nós estamos bem na Série A. O nosso futebol é muito bem dirigido.
O Flamengo, por exemplo, vem aqui duas vezes ao ano em jogos oficiais. Eu estou citando o Flamengo, mas posso citar outros grandes times que vêm aqui para disputar uma partida válida pelo Campeonato Brasileiro. Em 2020, o Flamengo levou duas ‘pisas’ do Ceará. Nesse tempo, o nosso futebol está espetacular, mas infelizmente o público não está podendo ir ver os jogos nos estádios. Contudo, a gente respeita as orientações das autoridades sanitárias.
Trazemos ainda na lembrança os quatro jogos do Fortaleza, antes da pandemia, que levaram cerca de 200 mil pessoas para o estádio, batendo, inclusive, recorde nacional. A gente precisa pedir a Deus para acabar essa pandemia logo. O futebol cearense está alcançando os pícaros da glória. Vale lembrar que a colaboração do sócio torcedor tem sido uma das principais fontes dos clubes para que nós continuemos nessa posição de destaque no futebol do Nordeste e do Brasil.
GCMAIS: Você tem um estilo próprio de narrar os jogos. Enquanto os outros narradores gritam “goool”, você diz “meteeeu”. Como surgem essas expressões? Você acredita que elas o aproximam do público?
Farias: Sim, as expressões me aproximam do público. Eu percebi que o sucesso depende de falar a língua do povo. O futebol é um esporte popular e a língua popular é diferente. Eu aprendi isso durante o período em que estive candidato, pois não podia narrar os jogos, devido a uma lei que proíbe os comunicadores de estarem no ar em tempos de eleição. Por esse motivo, eu ficava nas arquibancadas.
Nas arquibancadas, eu aprendi muita coisa com os torcedores. Aquela “tu mata o goleiro”, eu aprendi com o torcedor. A interação entre o narrador e o público é muito importante. “Tá na peia” é tá apanhando. Não existe muita maldade nesses dizeres. Um conselho que eu daria para aqueles que pretendem seguir no rádio é falar a língua do povo, falar de forma simples. Esse é o segredo.
GCMAIS: Você está na Jovem Pan News Fortaleza FM 92,9 desde o início. Como foi e é fazer parte dessa rádio que cada vez mais tem se destacado no cenário da comunicação cearense, sobretudo no que diz respeito ao futebol?
Farias: Me arrependi… de não ter vindo antes. O Grupo Cidade de Comunicação é o maior dessa terra e eu não sabia. Lembro que um dia eu dei um susto danado durante uma entrevista dizendo que tinha me arrependido, mas me arrependido de não ter vido antes para a Jovem Pan. O presidente da república deixa de dar entrevista a uma rede de TV para dar entrevista à rádio Jovem Pan. É um emissora de grande destaque. Lembro ainda que quando fomos preparar a programação perguntaram qual era o horário nobre da rádio. No caso, é a hora do almoço. Então, a direção pegou a faixa das 11 às 14 horas para transmitir futebol.
Eu estou orgulhoso, feliz, de estar nessa casa em que não há distância entre um funcionário humilde e um do alto comando. Isso para mim foi uma grande surpresa.
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GCMAIS: Tom Cavalcante costuma acompanhar as partidas do Ceará na Jovem Pan News Fortaleza. Você, inclusive, já saudou ele algumas vezes ao vivo. Como é a sua relação com o humorista?
Farias: É maravilhosa. É meu amigo, amigo mesmo. O Tom Cavalcante começou com a gente aqui no Ceará. Eu tinha um programa na AM e ele na FM. Ele saia da FM e vinha falar comigo. Foi a partir dessas conversas que surgiram vários personagens dele. Hoje ele é um dos maiores humoristas do Brasil.
Minha amizade com ele é grande.
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