Desde o anúncio da realização da Copa América 2021 no Brasil, o assunto ocupa o noticiário político. O evento esportivo foi transferido para o Brasil em decorrência da impossibilidade de outros países sediarem a atividade. A Argentina, por exemplo, decidiu não abrigar a Copa por causa do quadro pandêmico. Na Colômbia, os protestos motivaram a recusa do governo. No Brasil, mesmo com a terceira onda da pandemia em curso e hospitais lotados, a Copa América encontrou abrigo.
O relator da CPI da Pandemia, senador Renan Calheiros, ao tomar conhecimento da definição, chamou a Copa de “campeonato da morte” e no dia 5 de junho apelou aos jogadores e à Comissão Técnica da Seleção Brasileira, nas suas palavras “não realizar e não participar da Copa América no Brasil não é um ato político, é um gesto de respeito à vida de milhões de famílias enlutadas pela morte e por cicatrizes incuráveis. É adotar a mesma disciplina técnica e científica que todos da Comissão Técnica e todos os Jogadores obedecem, desde sempre, todos os dias.”
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Independente da capacidade do Brasil de oferecer a estrutura necessária para um evento esportivo que agrupa delegações de 10 países, os pronunciamentos dos membros da Comissão são marcadores importantes para criar ou fortalecer posições e melhorar a comunicação dos senadores com os seus públicos.
No período que antecede as eleições, ocupar o espaço de visibilidade dado por uma CPI é um trunfo para os que pretendem disputar um novo mandato de senador da República ou alçar outros cargos eletivos na disputa de 2022. Nesse sentido, apelar para os assuntos mais comentados, manifestando sintonia com o pensamento do seu eleitorado e com os eleitores em potencial, é uma estratégia eficiente para chamar a atenção para si e avivar o relacionamento com a plateia apoiadora ou simpatizante das mesmas causas.
Da mesma maneira que o senador Renan Calheiros “marcou a sua posição” sobre o fato, outros senadores, aproveitando os holofotes midiáticos, também defenderam posicionamentos alinhados com as opiniões dos seus seguidores, dos seus apoiadores e dos seus eleitores. Assim, como diria Maquiavel, falando o que as pessoas querem ouvir, mais facilmente o governante consegue conquistar, manter e ampliar o seu poder.
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