Brasileiros temem o Comunismo
Segundo dados divulgados pelo Instituto DataFolha em 25 de dezembro de 2021, 44% dos entrevistados temem a instalação do regime comunista com o resultado eleitoral de 2022.
Independente do resultado eleitoral, o medo não tem sustentação em fatos, mas em uma estratégia discursiva antiga que contribuiu, por exemplo, para intervenção militar de 1964, quando o então presidente, João Goulart, foi retirado do presidência com o argumento de que tentaria impor o regime comunista aos brasileiros.
Os curiosos da história sabem que João Goulart era herdeiro político do populismo de Getulio Vargas, portanto, muito distante dos ideais comunistas. Mas a narrativa dispensa fatos.
Comunismo: discussão conceitual
O Comunismo foi o regime defendido por Karl Marx em um dos seus escritos mais famosos: o Manifesto do partido comunista, escrito em parceria com Friedrich Engels em 1848.
No Manifesto, os autores discorrem sobre a construção da desigualdade entre o capital e o trabalho e sobre a impossibilidade do trabalhador usufruir do fruto do seu trabalho no regime capitalista.
Mas, segundo Marx e Engels, a ânsia de lucro dos patrões seria a responsável pela tomada de consciência necessária para que os trabalhadores se apropriassem dos meios de produção e do poder político, através de uma revolução, fundando o Socialismo.
O socialismo, por sua vez, seria uma fase de transição. Quando a riqueza, extremamente concentrada do capitalismo, fosse redistribuída e as mentalidades forjadas para a competição e o individualismo fossem preparadas para a vida em comum, não haveria mais Estado, nem classes sociais, inaugurando-se o regime de pessoas iguais: o comunismo.
Os escritores não explicaram detalhadamente o funcionamento do comunismo, limitaram-se a defender a igualdade entre os indivíduos como fruto da autorregulação e do senso de coletividade aprendidos na fase de transição.
Assim, historicamente, como desdobramento do modo de produção capitalista, o comunismo nunca existiu.
Portanto, o comunismo, caracterizado pela ausência de Estado e de classes sociais, não é bandeira levantada por partidos políticos que disputam, com êxito, as campanhas eleitorais no Brasil.
Ao contrário da crença manifestada pelos entrevistados na pesquisa do instituto DataFolha, alguns partidos de “centro” e os partidos de esquerda defendem a ampliação da atividade estatal e a incorporação dos trabalhadores à sociedade de consumo e não a eliminação do Estado.
Finalmente, a honestidade com a história e com os conceitos é condição para o debate político plural e a consequente formação da opinião pública.
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