“Ser mulher no futebol não é uma coisa nem de longe fácil. Eu fiquei muito feliz quando vi que no futebol cearense, mais e mais mulheres ocupavam mais lugares nos espaços que antigamente eu via que era bem oculto, que estavam bem atrás, lá nos bastidores. Agora, elas estão às margens do campo, sendo delegadas de futebol, sendo árbitras de campo, sendo jornalistas, se impondo mais, narradoras, sendo comentaristas. Isso me dá muita alegria”. A fala é de Maria Vieira, presidenta do Atlético Cearense, atualmente a única mulher a ocupar o cargo máximo de um clube de futebol no estado do Ceará e uma das poucas do País.
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No cenário nacional, entre os 20 clubes que disputam a divisão de elite do Campeonato Brasileiro, apenas um clube é presidido por mulher: o Palmeiras, atual campeão da Taça Libertadores, que é dirigido por Leila Pinheiro, eleita para ao cargo no fim do ano passado. Leila é apenas a terceira entre os clubes de maior expressão no futebol brasileiro que tiveram uma mulher no cargo máxima de equipe profissional. Antes dela, Marlene Matheus assumiu o comando do Corinthians no período de 1991 a 1993 e Patrícia Amorim comandou o Flamengo de 2010 a 2012.
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É justamente por saber que ela e Leila Pinheiro são exceções em um cenário que ainda é dominado por homens no comando, que Maria Vieira sente o peso da responsabilidade de ser a única do Estado e sonha com o dia em que possa ter a companhia de outras mulheres ocupando a presidência, especialmente no futebol cearense, onde ela atua. Ela cita, de modo especial, os dois principais clubes do Estado, Ceará e Fortaleza, atualmente comandados por homens. Robinson de Castro preside o Ceará e Marcelo Paz é o comandante da diretoria executiva do Fortaleza.
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“A Leila (Pinheiro, presidenta do Palmeiras), quando ela se tornou presidente do Palmeiras, e ela maturou isso muito bem e tem toda uma condição de ser, ficou em evidência. Fiquei muito feliz. Queria muito que um dia Ceará e Fortaleza tivessem uma presidente mulher. Queria mesmo. Porque aí iria cair muitas coisas por terra, por ser um time grande. As pessoas teriam mais pudor em bater numa mulher publicamente, quando ela se impõe de alguma forma porque hoje é muito fácil calar a boca de uma mulher. Você tem uma caneta na mão, você tem um poder na mão, você tem a deliberações a seu dispor. É muito fácil. Agora, eu quero ver é como as pessoas reagiriam se fosse uma mulher presidente de Ceará e Fortaleza, se fosse mais próximo da gente, porque a Leila tá distante de Fortaleza”, declarou Maria, em entrevista exclusiva ao podcast Camisa 8, lançado no último sábado.
Acompanhe a entrevista com Maria Vieira:
Mulheres que presidiram clubes de futebol no Ceará
No cargo desde o fim de 2017 no Atlético Cearense, Maria Vieira é a 4ª mulher na história a ocupar o posto de presidente de um clube de futebol no estado do Ceará, segundo levantamento do pesquisador de futebol David Barboza. A 1ª foi Francisca Araújo Melo que, em 1986, eleita presidente do Guarany de Sobral. Francisca era casada com Luiz Torquato, dirigente histórico do clube. Depois veio Maria Mileide de Moraes, esposa do pesquisador e ex-dirigente esportivo Alberto Damasceno, que presidiu o América, de Fortaleza, entre 1996 a 2000. Por fim, antes de Maria Vieira, ocupou o cargo máximo de um clube de futebol a Teresa Portela, que em 1997 presidiu a Portuguesa, do Crato.
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