ESPORTE

Técnicos e times brasileiros fizeram a diferença no futebol do Catar

País atraiu treinadores como Evaristo de Macedo, Autuori e Lazaroni

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19 de novembro de 2022
Assistente de Redação Vídeo

A famosa casa de apostas britânica William Hill, tem o Brasil como favorito: paga quatro vezes o valor apostado. Para se ter uma ideia, caso haja uma zebra e a Costa Rica levante a taça, a casa pagará 500 vezes o valor da aposta. Além dos ingleses neste caso, há um outro país que sempre apostou no futebol brasileiro desde muito tempo: é o Catar, anfitrião da Copa do Mundo que começa ao meio-dia deste domingo (20).

Técnicos e times brasileiros fizeram a diferença no futebol do Catar
Foto: Divulgação

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Filiado à Fifa em 1972, o Catar apostou que, levando para o pequeno país do Oriente Médio treinadores brasileiros, iria conseguir desenvolver o futebol local e, quem sabe, conseguir passar pelas Eliminatórias Asiáticas (algo que até hoje nunca aconteceu).

O nome do treinador Evaristo de Macedo está intimamente ligado à Seleção do Catar. Em 1980, os emires tiraram Evaristo do Santa Cruz (PE) e o levaram para Doha, inicialmente pagando US$ 150 mil de luvas e um salário de US$ 17 mil. Valores que, certamente, foram multiplicados com o passar dos anos. Evaristo levou a seleção de juniores do Catar ao vice-campeonato mundial da categoria em 1981, na Austrália. Na ocasião, a desconhecida equipe bateu a Polônia (1 a 0), eliminou o Brasil nas quartas-de-final (3 a 2) e tirou a Inglaterra (2 a 1) nas semifinais, até perder para a Alemanha Ocidental na finalíssima por 4 a 0. Evaristo também comandou a seleção local nas Olimpíadas de Los Angeles 1984 e Barcelona 1992.

Nos anos de 1980, o técnico Evaristo de Macedo levou a seleção de juniores do Catar ao vice-campeonato mundial de 1981, na Austrália. Depois comandou comandou a seleção nas Olimpíadas de Los Angeles (1984) e de Barcelona (1992) – TV Brasil

“Na minha época, os jogadores eram só os catares, o futebol estava começando, nós tínhamos dois estádios, um pequenininho e um maior um pouco. Eu acho que o Catar foi muito bom pra mim, esportivamente e financeiramente também, porque lá a gente tinha melhores condições para trabalhar. Eu não tenho queixa de nada. Tive bons resultados, deixei lá uma amizade muito grande e eles têm um carinho muito grande por mim”, disse Macedo em entrevista ao quadro Setentões do programa No Mundo da Bola, da TV Brasil.

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Mas, outros brasileiros também foram levados para desenvolver o esporte local, mostrando que “o país do futebol” foi, por muitos anos, a principal aposta dos emires: Dino Sani, Procópio Cardoso, Cabralzinho, Ivo Wortmann, Sebastião Lapola, Zé Mário, Paulo Campos, Sebastião Lazaroni e Paulo Autuori.

Isso fez com que os catares viessem fazer temporadas no Brasil, realizando amistosos contra, pelo menos, dezoito times ao longo dos anos (há dúvidas se os amistosos contra a Portuguesa da Ilha do Governador e contra o Rubro de Araruama, agendados, foram realmente disputados em 1980). Além disso, clubes brasileiros foram bem recebidos em Doha, a começar pelo Santos de Pelé, um pioneiro desbravador, recebido com pompa em fevereiro de 1973. Na ocasião, o Santos bateu o time do Al-Ahli Sports Club (não confundir com o famoso clube egípcio Al-Ahly) por 3 a 0.

O futebol era tão incipiente no Catar que, durante uma longa temporada no Rio de Janeiro em 1980, a seleção dirigida por Evaristo de Macedo chegou a perder por 7 a 0 para o mediano time do Campo Grande e por 4 a 0 para o Madureira. E qual a impressão que deixaram por aqui?

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“Os do Catar são indisciplinados, descorteses e adoram catimbar em campo. O jogador Magid foi eleito como o mais atrevido do seu grupo. Em jogo, quis arrancar o cartão vermelho das mãos do árbitro Paulo Roberto Chaves”, escreveu à época o cronista Milton Salles.

Time do Bangu antes do amistoso contra o Catar em 1989, quando a equipe era comandada pelo técnico Dino Santi – Reprodução/Bangu.net

Nos anos 80 e 90 era bem mais comum amistosos entre seleções nacionais e clubes e nenhum outro time enfrentou tanto a seleção do Catar quanto o Bangu, nos áureos tempos do bicheiro Castor de Andrade: foram dois amistosos em Doha em 1985 (quando o Catar era dirigido por Dino Sani), dois amistosos no Rio em 1988 (quando Procópio Cardoso comandava o Catar), dois jogos em Doha em 1989 (novamente Dino Sani estava no comando do Catar) e três amistosos em Doha em 1992 [quando Sebastião Lapola assumira a seleção asiática].

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“Em 1992, foram três jogos, mas era para ser apenas dois. O Rubinho (Rubens Lopes, atual presidente da Federação do Rio), que era o nosso médico, falou sobre um terceiro jogo e que teria mais uma grana. Lógico que fomos para o jogo. Lembro muito dos estádios espetaculares já naquela época e a seleção deles não era boba não, tinha jogadores muito rápidos” – lembrou o ex-jogador do Bangu, Marcelo Rodrigues, que participou daquela excursão.

Além do Bangu, o Catar levou times tradicionais como o Atlético Mineiro, o Internacional e o Fluminense para se apresentarem em Doha; enquanto que, nas temporadas que fez aqui no Brasil, os catares jogaram contra o Manufatora de Niterói, o Petropolitano e o Entrerriense.

A era dos amistosos entre clubes e países terminou. A seleção, atualmente comandada pelo espanhol Félix Sánchez, esteve no Brasil em 2019 para participar da Copa América, treinou no CT do Fluminense, mas não enfrentou nenhum time local.

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O último jogo entre o Catar e um time brasileiro ocorreu há mais de 20 anos, contra o Palmeiras, em 1998, e a equipe de Luiz Felipe Scolari venceu por 2 a 0.

O Catar abre a Copa do Mundo neste domingo (20) em embate contra a seleção do Equador, 13h (horário de Brasília), em jogo válido pelo Grupo A.

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