Pode parecer estranho alguém lhe recomendar um artista com nome de Nóis ‘Y Vendel, parece nome de banda mas é o nome do trabalho solo do artista que recomendaremos hoje. Isso mesmo, Nóis ‘Y Vendel, de Juazeiro para o mundo. Valbert Wendel de Freitas Barros é natural de Juazeiro do Norte Ceará, Terra famosa pela vida politica de Pe. Cícero, ele nasceu em dezembro de 1985, ou seja, sob a égide da ascensão do Brock, ou como chamamos por aqui, do rock nacional dos anos 80. Como natural da terra do milagre tardiamente aceito oficialmente, com tamanha influência de uma época única para o rock no Brasil, nosso personagem trilhou os caminhos do rock.
Na trilha do Rock
Ainda menino, chegando em Fortaleza, começa a tocar na banda da sua escola, mas era uma banda religiosa. Parece que religião é algo que persegue quem vem de Juazeiro, contudo em 2006, através do SESC Ceará, foi selecionado pelo gaitista Jefferson Gonçalves e guitarrista Kléber Dias para ser o vocalista de uma banda que estava sendo montada para se apresentar no Festival de Jazz e Blues de Guaramiranga daquele ano. Aí sim, nosso personagem sentiu que o lance era ser autoral e batalhar uma carreira defendendo sua própria arte.
https://www.youtube.com/watch?v=Jh_5WQqE3S0
Em 2007, gravou seu primeiro single intitulado “Cenário Primata” com a banda Nodivan, composta por Pablo Diego (guitarra), Breno Fernandes (baixo) e Ricardo Brasileiro (bateria). Até então suas composições eram majoritariamente em português. No ano seguinte, fez sua primeira apresentação com a banda para um grande público no Festival Expocrato, a maior feira agropecuária do Norte e Nordeste do Brasil.
Ainda em 2008, aos 22 anos, resolveu comprar seu primeiro baixo elétrico de quatro cordas para “resolver” o problema de rotatividade de baixistas na banda. Depois de alguns meses, quando estava prestes a desistir do instrumento, um dos seus amigos e músico, Ivânio Azevedo, o recomendou ouvir a música “Limelight” da banda canadense Rush. A partir daí, a influência de baixistas como John Entwistle, Chris Squire, Phil Lynott, Paul McCartney, Geddy Lee e Sting foi determinante para as composições não apenas como vocalista, mas agora, também como baixista.
Em 2016, Navidon lança nas plataformas de streaming seu primeiro EP intitulado “Mindfolded”, agora com o baterista Lituan Sanssara. A banda continua suas apresentações em bares locais e eventos culturais, como o Ciclos 2016, promovido também pelo SESC-CE. Ao final de 2017, surge uma proposta para a primeira oportunidade de uma miniturnê pela Europa, em Portugal. Nesse período, já com o novo baterista Hugo Alexandre, Navidon lança o single “Time Machine”, em meados de 2018, antes da viagem a Portugal. A banda se apresentou no icônico Tokyo Bar em Lisboa e em Viseu. Na volta, lança o clipe da música “Time Machine” com imagens da viagem e bastidores de gravação no estúdio Magnólia, de Fortaleza-CE.
Releitura de clássico da MPB
Saindo do contexto banda, em 2019, com o intuito de experimentar novas abordagens, Nóis’Y resolveu investir no seu projeto solo homônimo Nóis’Y Vendel, onde o desafio seria explorar apenas suas linhas de voz e baixo com efeitos de overdrive e distorção, pianos e teclados sintetizadores e bateria. O artista, que já escrevia suas composições em inglês na banda Navidon, mantém a tradição de compor nesse idioma, visando alcançar um público mais global em nichos não tão populares no Brasil.
Em junho de 2023, com o intuito de inovar e expandir ainda mais sua proposta e identidade artística, resolveu lançar uma versão em inglês de um dos grandes e mais importantes clássicos da música nordestina: “a morte do vaqueiro”, releitura de clássico da MPB do inigualável Luiz Gonzaga, sob o título de “lengo tengo”. Diferentemente da versão original, o eu lírico da canção é o próprio vaqueiro contando como é estar no mundo dos mortos naquele momento, ainda processando o que acabou de acontecer.
Toda essa inventividade fez com que buscássemos dar destaque na coluna a esse artista de enorme potencial e criatividade. Alguém que bem representa a identidade pop rock de Fortaleza. Vale muito a pena conferir e apoiar o trabalho desse artista cearense que está empenhado em dar a nossa cultura a qualidade essencial necessária para que possamos expandir nossas vozes, colocando nosso estado no lugar de destaque que ele merece estar.