O que faz uma banda durar mais de vinte anos? Ainda mais sendo uma banda do chamado underground. Algumas formulações podem ser ditas como: no underground se é independente, e assim sendo, sobra muito mais liberdade para trabalhar, ou dizer que no underground, ou na cena independente como seja, os trabalhos musicais demoram mais tempo para acontecer, entenda chegar nas pessoas, o que na verdade são fatos relevantes mais no caso da banda F-Zema, que está há 22 anos dando autenticidade a hardcore cearense, esses entendimentos são meros detalhes, o que há aqui é uma verdadeira consciência rocker.
Desde que o Ratos de Porão surgiram com o icônico “Crucificados Pelo Sistema” que o hardcore nacional tem em si uma identidade, mas parece-me que foi o Cólera e o seu “Pela a Paz em Todo Mundo” que mais influenciou o jovem Rodrigo Melo, o idealizador da banda. Rodrigo segue o estilo de rockeiro ao qual nós respeitamos, um operário da causa, que se mantém distante do antigo lema sexo, drogas e rock in roll dos alienados de outra época, sendo um cara agregador e respeitável, um rocker cidadão, como suas músicas propõem explicitamente.
Do Maracanaú para o mundo.
O ano de 2007 foi importante para banda, o vídeo clipe da música Maracanaú teve repercussão nacional via TV União e YouTube. O acesso a divulgação em novas mídias, junto a uma tradicional impulsionam a banda que desde outubro de 2001 faz canções onde demonstram suas opiniões sobre as diversas mazelas sociais que fazem parte do dia a dia do cidadão brasileiro, com foco especial para a juventude. Músicas que falam de uma vida mais digna para os seres humanos em contato com natureza e a sua preservação.
A banda tem vários EP’s e CD’s lançados, álbuns como chamamos no meio, destaque para Caroço Duro de 2009, disco independente lançado pela Caroço Duro Discos. E em 2020/21 o “Sobrevivendo No País dos Absurdos” que conta com várias participações, o que celebra o lado agregador da banda. Além disso a banda também é idealizadora do festival “Maracanaú Rock Fest” que faz circular toda uma cena proativa de rock cearense. Sua formação atual conta com o já citado Rodrigo Melo nos vocais, Netão na bateria, Tetê no baixo, Rafael e Celino nas guitarras.
Hardcore Nordestino
A banda F-Zema tem um trabalho autoral que é importantíssimo no que diz respeito a identidade do hardcore nordestino. A banda da cidade industrial do Ceará sabe muito bem o valor que tem o discurso de respeito a dignidade humana. A condição indígena, principalmente da tribo pitaguary, que também é de Maracanaú, a sociabilização dos núcleos de resistência e os direitos humanos universais são temas corriqueiros de seu trabalho, eis uma banda de discurso e ação.
A adesão a banda dos Músicos Tetê e Celino, ex integrantes da extinta banda Radix, fez a ponte Maracanaú/Bom Jardim de hardcore, o que só reforçou o sentimento ativista no grupo. Celino além de músico é multi – artista, tendo reconhecido trabalho com a técnica de palhaçaria e artes de rua. F-Zema chega aos 22 anos ativa e sempre lançando novidades, no ultimo dia primeiro saiu no YouTube o vídeo clipe de “Tô Sereno, Tô Veneno/Mente Aberta, Corpo Fechado. Que teve pré lançamento no evento The Good Garden Convida Toca no MIS, na sala de imersão do Museu da Imagem e do Som do Ceará.
Dá orgulho de falar de trabalhos tão duradouros e preciosos como o da F-Zema, que esta há 22 anos dando autenticidade a hardcore cearense, semana que vem estamos de volta com mais um toque rock in roll pra vocês.
Temos na coluna Mais Música sempre temas relativos a nova cena do rock no Brasil.
Quer saber mais? Então leia:
https://gcmais.com.br/georgiano-de-castro/2023/10/24/uma-conferencia-livre-nacional-do-rock/