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Peru, o Hawaii das Américas

O Peru é o Hawaii na América do sul, lugar onde quebram ondas longas e perfeitas com uma cultura milenar que vale a pena ser explorado.

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22 de março de 2024

Gilberto Gouveia

Quando se fala em país do surf, você provavelmente vai pensar no Hawaii, que apesar de não ser um país propriamente dito, é considerada a Meca do surf mundial. Porém um dos maiores países para o surf no mundo é o Peru, que até mesmo em sua história, reivindica para si o título de criador do esporte por seus povos originários, que surfavam com os “cabalitos de totora”.

Está provado que o mais antigo registro de um ser humano deslizando sobre as ondas é de um Mochica num caballito de totora. Tanto em gravuras na pedra, como em objetos de cerâmica datados de mais de três mil anos, é possível reconhecer exatamente o que se observa em pleno século XXI numa visita a Huanchaco.

Um peruano surfando com o Cabalito de Totora

Grande parte dessa vocação para o surf é devida a sua geografia, que oferece um litoral de cerca de 3.000km bastante recortado, recebendo ondulações do maior oceano do mundo de várias direções e épocas diferentes.

Prancha típica do Peru, os Cabalitos de Totora são provavelmente a primeira prancha de surf do mundo.

A DIVISÃO DO SURF NO PERU

O surf no Peru pode ser dividido em três regiões distintas: ao sul de Lima, onde as ondas são super constantes e grandes no inverno; na região central que se divide em Chicama e Pacasmayo e onde é possível surfar as esquerdas mais extensas do mundo; e a região norte com Lobitos, Los Organos e Mancora, com ondas de ótima qualidade e clima menos frio. O Norte é famoso por ter as maiores e mais extensas ondas, e no Sul, as ondas são menores e mais constantes.

Gilberto Gouveia em Pacasmayo

Além do surf no Peru, a viagem vale a pena por muitos motivos: a gastronomia peruana é incrível, o custo-benefício é bem favorável e vale muito a pena incluir pelo menos uma visita a Machu Picchu e o lago Titicaca, quando as ondas estiverem baixas.

CHEGANDO NO PERU TEM BOAS ONDAS EM LIMA

A capital Lima recebe a maioria dos voos de entrada no país, e é cercada de points para surfistas iniciantes. Na região de Lima, as ondas são maiores durante o inverno, entre maio e agosto, sendo uma região conhecida e procurada pelas longas esquerdas.

Costa Verde é o circuito de praias da cidade de Lima, com diversos picos. Em Agua Dulce, na altura dos bairros Barranco/Chorrillos, quando o mar está grande quebra uma boa onda chamada “Triângulo“. Em Chorrillos, fica a praia de La Herradura, considerada por muitos a melhor onda do Peru. Quando tem um swell grande, é uma longa esquerda com sessões de tubos e manobras.

Vista aérea do Bairro Miraflores que tem boas ondas em Lima

Waikiki e Makaha ficam no bairro de Miraflores e são ideais para longboarders e iniciantes. Ainda na região, tem também La Pampilla, Punta Roquitas e Tres Picos, todas próximas uma da outra e com ondas parecidas, grossas, lentas e longas, boas para longboarders. São muito consistentes, já que recebem todo o tipo de swell.

PUNTA HERMOSA E SUAS ONDAS LONGAS E PERFEITAS

A 35 kms ao sul de Lima, fica região de Punta Hermosa, uma das principais regiões de surf do Peru. São diversos picos clássicos como Punta Rocas, La Isla, Señoritas, Caballeros, El Paso, El Silêncio, Arica. É lá também que estão alguns dos melhores picos de ondas gigantes da América do Sul: Pico Alto, Kon Tiki e Peñascal. É uma região constante, que quase sempre tem onda. Boa parte das ondas está no outside e têm bastante volume, sendo recomendado uma prancha maior.

CHICAMA, LA OLA MAS LARGA DEL MUNDO

No norte, a região de La Libertad é uma região de fácil acesso e se caracteriza por suas excelentes ondas e também pelos locais de interesse histórico. Localizada perto de Trujillo, possui uma grande quantidade de ruínas. Outro tesouro são as ondas, é onde estão algumas das esquerdas mais longas do mundo, e as principais estrelas são Chicama, também conhecida como Puerto Malabrigo, que tem a esquerda mais longa do mundo, com um quilômetro e meio de extensão.

Café da manhã observando as longas esquerdas de Chicama

CHICAMA TAMBÉM É O PARAÍSO DO HYDROFOIL

Recentemente com a explosão do hydrofoil, Chicama tornou-se um dos destinos preferidos pelos surf foilers, que surfam e velejam as extensas ondas com uma fluidez que dá gosto de ver. o Hydrofoil é usado na remada ou no town in de manhã, quando o vento ainda é fraco, e no período da tarde entram em cena os wingfoilers e os kitesurfistas, que aproveitam a perfeição e a extensão das ondas com manobras arrojadas e conseguem pegar muito mais ondas do que os surfistas tradicionais da remada, pois tem o auxílio da vela para voltar ao pico.

PACASMAYO EL FARO

A cerca de 100 kms de lá fica outra esquerda longa e perfeita, Pacasmayo, que tem o Farol como referência, essa onda quebra maior e com mais força do que Chicama, e é um pouco menor na extensão, dando pra surfar por 1 quilômetro nessa onda. O uso de Long John é imprescindível, pois além da forte corrente, que exige bom preparo físico do surfista, a água é bem gelada.

Pacasmayo é uma cidade muito agradável, tem um Cristo Redentor também lá, e uma fábrica de cimento que movimenta bem a economia local. Tem também bons restaurantes e uma bonita orla na cidade, com um pier longo onde quebram boas ondas, mas não vi ninguém surfando lá, pois a melhor onda e em El Faro, um pouco afastada da cidade, necessitando do apoio dos locais com o transporte típico de lá, o tuc-tuc para o deslocamento até a praia.

O Cristo Redentor de Pacasmayo

NORTE PERUANO COM ÁGUAS MAIS QUENTES

O norte do Peru é o preferido de muitos surfistas pelas ondulações tubulares perfeitas. Vá para Cabo Blanco, conhecida por ter o melhor swell peruano e Panic Point, com esquerdas incríveis. E além delas, claro, Mancora e Lobitos, os points mais frequentados da região, com ventos fortes que formam tubos e ondas imperdíveis, e com a temperatura da água um pouco mais agradável.

Assim sendo, se você quer surfar ou velejar em ondas boas e de qualidade, visite o Peru, e se prepare para surfar ondas longas e perfeitas, mas esteja com o preparo físico em dia, pois as correntes são fortes e o surfista precisa remar constantemente para se posicionar, não esqueça a roupa de borracha e aproveite as boas ondas.