A recém-empossada senadora Janaína Farias (PT-CE) anunciou que entrará com um processo judicial contra o ex-governador Ciro Gomes após ter sido alvo de ataques misóginos por parte do político. Ciro, que atualmente não ocupa cargo eletivo, menosprezou a chegada de Janaína ao Senado, referindo-se a ela como “assessora de assuntos de cama” do ministro da Educação, Camilo Santana, de quem ela é a segunda suplente no Senado.
Em entrevista à rede “A Notícia do Ceará”, Ciro fez os comentários depreciativos, levando Janaína a tomar medidas legais contra ele. Em declaração ao jornal O Globo, a senadora afirmou: “Ele irá responder por mais esse absurdo na Justiça. Não é possível que esse tipo de violência fique impune. Se não fizermos nada, outros homens podem se sentir confortáveis para continuar fazendo esse tipo de ataque às mulheres.”
O episódio foi repudiado pela bancada feminina do Senado, que emitiu uma moção de repúdio contra Ciro Gomes. Segundo as senadoras, os ataques de Ciro representam uma clara manifestação de violência política de gênero e violam os princípios de respeito e dignidade.
Para Janaína, os comentários de Ciro revelam sua postura misógina e machista, refletindo uma resistência em ver mulheres ocupando cargos de poder. Ela ressaltou que, apesar da extensa trajetória política de Ciro, ele parece não ter aprendido nada além de perpetuar preconceitos de gênero.
A senadora assumiu o mandato no início de abril, substituindo Augusta Brito (PT-CE), que se licenciou para ocupar um cargo no governo do Ceará. A declaração de Ciro ocorreu enquanto ele questionava as qualificações de Janaína para o cargo de senadora, desmerecendo sua trajetória política e profissional.
Esta não é a primeira vez que Ciro Gomes é criticado por comentários dessa natureza. Em 2002, durante sua campanha à Presidência, ele fez declarações controversas sobre sua então esposa, a atriz Patrícia Pillar, o que gerou forte reação negativa da opinião pública.
Janaína Farias, de 48 anos, é formada em Turismo pela Universidade de Fortaleza (Unifor) e tem uma longa trajetória política ao lado de Camilo Santana. Ela ocupou cargos no governo do estado do Ceará e no Ministério da Educação, antes de assumir o cargo de senadora.
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Bancada Feminina do Senado solicita repúdio a Ciro Gomes
Conforme as senadoras da Bancada Feminina, a atitude de Ciro “viola os princípios de respeito e dignidade que deveriam manter as relações humanas e profissionais, assim como constitui uma clara manifestação de violência política de gênero. Esses ataques são repugnantes e absolutamente inaceitáveis, refletindo uma postura pessoal de desvalorização das mulheres e uma resistência preocupante à participação feminina em espaços de poder e decisão.”
Antes disso, o PT cearense já havia emitido nota repudiando as falas de Ciro, pontuando que ele tem “dificuldade em aceitar mulheres no poder”. No texto em questão, o partido ainda lembrou que Ciro ficou em quarto lugar nas eleições presidenciais de 2022 e exaltou a trajetória de Janaína no cenário político. “É uma nova voz das mulheres, do Ceará e do sertão nordestino. Merece respeito e aplauso. Já o Sr. Ciro, enterra cada vez mais a sua história na política”, pontuou o partido.
Camilo foi eleito senador em 2022, mas não tem exercido o cargo, por ter assumido o Ministério da Educação (MEC) a convite do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Com isso, o mandato dele no Senado tem sido tocado pela primeira suplente, Augusta Brito (PT). Augusta, por sua vez, decidiu pedir licença de 120 dias das atividades na casa legislativa, abrindo espaço para que a segunda suplente, Janaina Farias, assuma durante o período.
Janaina é considerada uma espécie de braço direito de Camilo no MEC e também intermediava relações no Governo do Estado do Ceará, durante a gestão do petista, principalmente nos municípios do interior.
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