A Procuradoria-Geral da República (PGR) denunciou Léo Índio, primo dos filhos mais velhos do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), ao Supremo Tribunal Federal, por participação nos atos golpistas de 8 de janeiro. O Ministério Público Federal imputa a Leo índio supostos crimes de associação criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado.
A denúncia foi assinada no último dia 15 pelo procurador-geral da República Paulo Gonet, que viu participação ativa de Léo Índio no “planejamento, incitação e execução” do 8 de Janeiro. Segundo o PGR, o primo dos Bolsonaro manteve contato frequente com outros acusados de golpe de Estado, “incitou publicamente, de forma reiterada”, a prática de atos antidemocráticos e participou dos atos violentos na Praça dos Três Poderes.
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“Há prova suficiente de que o denunciado, aderindo subjetivamente as ações delitivas praticadas por terceiros, em circunstâncias nas quais tinha conhecimento da finalidade dos atos praticados, participou como incitador e executor dos atos antidemocráticos, compareceu aos atos de insurgência ocorridos no Congresso Nacional e concorreu dolosamente para a prática das condutas criminosas pelo grupo expressivo de executores dos atos de 8.1.2023”, escreveu o PGR na peça.
Na sexta-feira, 17, o ministro Alexandre de Moraes, relator do caso no STF, instou a defesa de Léo Índio a se manifestar sobre a acusação. O Estadão busca contato com os advogados. O espaço está aberto para manifestações.
Gonet citou as publicações feitas por Léo índio nas redes sociais – não só as feitas durante o 8 de Janeiro de 2023, as quais mostram o primo dos Bolsonaro em cima do Congresso Nacional e próximo ao Supremo Tribunal Federal. Um dos posts destacados pelo PGR foi feito por Léo Índio em novembro de 2022. Na ocasião, ele publicou: “Quer intimidar quem com esse papo furado, vire homem. As FFAA já falaram que os atos não são antidemocráticos. Piadista? O GAME OVER está próximo. Aproveite seus ultimas momentos de fama”.
No WhatsApp, ainda em novembro, o primo dos Bolsonaro escreveu, após receber a informação sobre a possível localizarão de ministros do STF: “uma bomba cairia hem” ou “um raio dos céus”. Às vésperas do 8 de Janeiro, no dia 4, ele questionou um outro contato se “irão invadir o congresso ” e “se não for fazer nada qual sentido?” – o que foi considerado pela Procuradoria uma demonstração da predisposição de Léo índio em incitar atos de insurgência.
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O chefe do MPF também destacou como Léo índio esteve envolvido em outras atividades de cunho antidemocrático – manifestações em acampamentos montados em frente a quartéis do Exército após a derrota do ex-presidente nas urnas. Segundo a denúncia, Léo índio acampou, até o dia 9 de janeiro de 2023, em frente ao Quartel General do Exército em Brasília, “incitando, publicamente, a animosidade das Forças Armadas contra os Poderes Constitucionais”.
A denúncia narra ainda que Léo Índio participava de grupos de WhatsApp com “temática antidemocrática”, compartilhando mensagens com “conteúdos inverídicos e golpistas”. Gonet citou os grupos ‘Vamos lutar pelo Brasil’, ‘Pátria Amada’ e ‘Brasil é Bolsonaro 2022’, nos quais foram compartilhadas mensagens sugerindo intervenção militar e com desinformação sobre o resultado do pleito do qual Bolsonaro saiu derrotado.
Além de acusar Léo índio, Gonet pediu a Moraes que decrete o bloqueio de até R$ 26,6 milhões em bens do primo dos Bolsonaro. O mesmo pedido foi feito a outros acusados pela intentona golpista do 8 de janeiro. A medida visa a reparação dos danos causados durante o ato que resultou na depredação do Supremo Tribunal Federal, do Congresso Nacional e do Palácio do Planalto
Ao longo do inquérito que culminou na denúncia de Gonet, o primo dos Bolsonaro foi alvo de duas etapas da Operação Lesa Pátria – investigação sobre participação, organização e financiamento do 8 de janeiro, quando extremistas invadiram e devastaram a Praça dos Três Poderes em Brasília.
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