Empreender para viver ou viver para empreender?
É muito comum que empresários, empreendedores, autônomos ou pessoas que vivam de algum tipo de negócio, em sua grande maioria, acabem se dedicando totalmente aos seus empreendimentos e esqueçam de viver!
Na vida somos conduzidos por dois sentimentos: DOR e PRAZER. Todas as nossas ações são ou serão movidas por um deles.
Quando vamos à academia malhar, por exemplo, certamente, ou é por gostar ou por precisar cuidar da saúde. No trabalho, segue-se o mesmo raciocínio: ou estamos indo trabalhar pela dor ou pelo prazer.
É muito comum que pessoas de negócios cometam erros e foquem em prioridades erradas na vida, deixando de viver de fato para somente trabalhar, ganhando muito dinheiro, mas ligando o fato de empreender a algo extremamente doloroso.
Assim como também é muito comum que pessoas quebrem seus negócios por trabalharem demais e faltar tempo para ganhar dinheiro!
O fato de estarmos trabalhando totalmente envolvidos na operação de um negócio, não quer dizer que esteja gerando resultados positivos.
Não acredito naquela história de se ganhar dinheiro milagrosamente, sem precisar se esforçar. Dinheiro fácil nunca me seduziu, pois acredito e muito na força do trabalho direcionado da forma correta.
A diferença é que o empreendedor precisa de tempo para pensar, planejar, decidir, olhar para o seu negócio sob outra ótica, de fora para dentro. Precisa de inspiração e ideias para o negócio acontecer de fato. E, tudo isso, talvez seja mais importante do que a transpiração dentro do negócio.
Tenho vários casos de pessoas que ganharam dinheiro empreendendo, mas perderam a saúde, a família, o sentido da vida, e adquiriram dívidas impagáveis!
“Sabemos que o chão só dá, se a gente plantar! Precisamos mesmo trabalhar muito, mas o grande segredo é o equilíbrio, é poder fazer tudo!”
Certa vez eu e minha família estávamos almoçando no nosso restaurante favorito e tivemos a oportunidade de conhecer a senhora Eliane, proprietária do restaurante. A parabenizei pelo excelente empreendimento e comida e, ao conversamos, percebi claramente um cansaço exaustivo no rosto dela. Mas como eu estava super empolgado com o sucesso do seu restaurante, perguntei:
– “Dona Eliane, quando você vai expandir? Vai abrir mais algum restaurante em outro lugar da cidade, talvez na orla para atender o turista ou algo do tipo?
Ela com uma voz rasteira respondeu:
– “André, eu acordo todos os dias de domingo a domingo às 3:50 da madrugada para fazer compras na Ceasa. Sou a única que faço isso, contrato pessoas, faço a parte financeira, gerencio o restaurante durante o funcionamento e já não tenho mais vida pra nada! Se eu tivesse outro meio de vida, já teria desistido, mas não tenho outra opção para sobreviver!
Viver é preciso!
Não adianta ter tempo para trabalhar e não ter tempo para viver, pois não existe sucesso financeiro ou profissional que compense uma família fracassada. Mas devemos ficar atentos para não cometermos esse tipo de erro.
Um dos homens mais ricos do mundo, John D. Rockefeller, era tão preocupado e sofria tanta pressão, que aos 50 anos já tinha seus órgãos como de uma pessoa idosa. Seu estômago estava tão prejudicado que ele só conseguia comer pão e leite. Estava sempre com medo de perder dinheiro ou de ser traído pelos seus parceiros de negócios.
O dinheiro certamente se tornou seu mestre e ele não conseguia usufruir de todo dinheiro que havia ganhado ao longo da vida, e sem sombra de dúvidas, ele se tornou mais podre do que um homem simples que sabe aproveitar uma refeição.
Que possamos não cair nas armadilhas, que muitos acabam caindo, porque o dinheiro é um excelente servo e um senhor terrível! Que saibamos usá-lo a nosso favor da melhor forma possível!
Saber delegar
Em meados de 2013 recebi um amigo no meu escritório e começamos a conversar. Ele logo percebeu a quantidade de funções administrativas que eu exercia e durante a nossa conversa me fez a seguinte pergunta:
– “André, quanto custa sua hora de trabalho?”
Mas que pergunta intrigante, pensei. Na verdade nunca tinha parado pra analisar isso e não soube responder. Mesmo assim ele insistiu: – Então me fala, se você tivesse que trabalhar pra alguém e fazer o que você faz, quanto cobraria? Eu parei, pensei e respondi: – R$ 100,00 por hora!
– Então se você trabalhar 8 horas por dia vai custar R$ 800,00/ dia x 26 dias, custaria R$ 20.800/ mês, certo? Agora me responde, quanto custa um profissional a valor de mercado para fazer o que você faz? Uns 2.000/mês, mais ou menos né? Então por que você está fazendo todo esse trabalho se poderia pagar pra alguém fazer?
Foi nesse exato momento que as fichas caíram pra mim. A partir daquele instante eu passei a entender que o resultado que geraria, fazendo o meu papel de dono, seria extremante importante para os resultados finais de tudo!!
O caso da senhora Eliane nos traz um grande aprendizado. Apesar do bom dinheiro que ela ganha com o sucesso do restaurante, ela está trocando a vida por dinheiro. O que, no final das contas, não compensa!
O tempo é nosso ativo mais valioso! Devemos saber investir corretamente, pois se o perdermos, não teremos como recuperá-lo!
Costumo dizer que o empreendedor deve sim fazer o que for preciso, até mesmo trabalhar enquanto os outros dormem, mas precisamos ter consciência do real papel dentro do negócio. O perigo está exatamente em administrar esses papéis.
Imagine se o piloto do avião tivesse que servir um cafezinho aos passageiros durante o voo? Certamente estaríamos correndo um grande risco!
O empreendedorismo praticado de forma correta vai ser sempre uma fonte poderosa de transformação de vida e vai proporcionar grandes liberdades!
O pensar fora da caixa, ter pessoas que possam ser suas referências, fonte de inspirações e, claro, que compreenda a essência do empreendedorismo, fará uma grande diferença na sua vida e no seu negócio!
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