“Somos, reconhecidamente, um país com alto turn over nas empresas. A rotatividade dos colaboradores nas companhias brasileiras é um dos maiores problemas dos líderes, que atestam, por experiência própria com meus clientes, a dificuldade de reter talentos”. A frase é do headhunter e especialista em recolocação executiva, Marcelo Arone, que há 12 anos ajuda líderes de empresas de médio porte a encontrar os melhore talentos, com foco, especialmente, em pessoas que vistam a camisa da empresa e, em contrapartida, sejam reconhecidas por ela, mistura que, segundo ele, é o segredo da longevidade na parceria.
Marcelo lembra: “a última pesquisa divulgada pela Mercer, importante player do setor, mostrou que, em 2019, as demissões voluntárias subiram para 4% entre os cargos mais altos, com destaque para o nível gerencial, que saltou de 3% para 7%, e para 9% entre as posições operacionais, em comparação com dados de 2016”. Isso mostra que o Brasil ainda não sabe contratar?
“Depende”, explica o especialista, “da região, segmento ou mão de obra disponível. Somos um continente. Não tem como comparar a força de trabalho no Norte ao que acontece em uma metrópole como São Paulo. Nem como comparar quando se abre uma vaga em uma empresa multinacional conhecida ou em uma empresa menor”, lembra ele.
Para Arone, em linhas gerais, a resposta para a pergunta “O Brasil sabe contratar” precisa de um olhar apurado para o turn over das empresas: “existem alguns grupos nos quais, mesmo em tempos de crise, ele é baixo, o que é um bom indicador. Em contrapartida, muitas empresas, mesmo com a economia ajudando, perdem pessoas o tempo todo”.
Entre os motivos, para ele, estão programas de incentivo, colocar o profissional certo no lugar certo e entender o que o colaborador, especialmente em cargos de maior confiança, precisa para ver na empresa não apenas seu local de trabalho, mas seu caminho de carreira: “o trabalho do headhunter, nesse sentido, é fundamental”, revela ele, “já tive candidatos que barrei antes mesmo da entrevista porque eu já sabia que não serviriam para o cargo, ou por serem muito criativos para funções burocráticas, ou muito mentais para cadeiras em que precisariam de carisma e tato”.
Nesse sentido, entender ambas as partes é um ponto crucial. Marcelo lembra: “somos um país de origem latina. Brasileiros, de forma geral, gostam, muitas vezes, mais de observar as soft skills (habilidades comportamentais) do que as aptidões técnicas. Isso pode dizer muito se a empresa está contratando certo ou não. É preciso alinhar a cultura corporativa critério, experiência, habilidades e comportamento”, finaliza ele.