Márcia Catunda

Crise aumenta número de mentirosos nos processos seletivos

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14 de novembro de 2020
Márcia Catunda

Em 2019, a empresa de recrutamento e seleção Heach Recursos Humanos fez uma pesquisa com 750 candidatos que estavam participando de processos seletivos e identificou que, em cerca de 42% dos currículos recebidos, havia algum tipo de mentira ou imprecisão de informação, sendo algumas muito simples e outras bem graves.

Crise aumenta número de mentirosos nos processos seletivos

Em 2020, a empresa realizou a mesma pesquisa com a mesma quantidade de entrevistados e o resultado surpreendeu o CEO da empresa, pois o número de mentiras cresceu para 61%. “6 em cada 10 currículos recebidos possuíam algum tipo de mentira ou imprecisão de dados de informações. Isso representa um número muito alto e que merece toda atenção das empresas e, também dos recrutadores”, afirma Elcio Paulo Teixeira, CEO da Heach Recursos Humanos.

A principal mentira observada nos currículos está relacionada ao nível de fluência em um determinado idioma. A pesquisa mostrou que é muito comum a pessoa dizer que tem inglês fluente ou avançado, mas, quando é submetido a uma entrevista em inglês, fica perceptível o domínio aquém do que aquele nível que foi informado no currículo. Elcio explica que isso acontece, especialmente, quando a vaga exige um determinado nível de idioma, representando mais de 70% dos candidatos.

Outra mentira muito comum está relacionada aos cargos que os candidatos ocupavam ou as funções que exerciam. Por exemplo, um auxiliar deixa claro no currículo que é analista, mas quando se checa a informações, descobre que, na verdade, era auxiliar. “Elas aumentam o cargo, o nível de responsabilidade e, muitas vezes, mentem sobre o tempo de permanência na empresa”, comenta o CEO.

A graduação no ensino superior, realização de cursos técnicos e a participação em eventos também estão entre as mentiras vistas nos currículos dos entrevistados. Elcio Paulo Teixeira diz que em cerca de 25% dos currículos chegam com alguma informação falsa a respeito de formação.  “Nesse caso, a mentira acaba sendo um crime, pois representa falsidade ideológica. É muito importante que a empresa cheque sempre as informações, peça recomendações de outros empregadores, para que isso não ocorra”.

Mais uma mentira clássica está relacionada a salários. As pessoas inventam a remuneração, super valorizam para ter poder de barganha na hora da negociação. Atualmente, muitas pessoas não trabalham com carteira assinada sob o regime de CLT e isso faz com que elas mintam mais ainda sobre os salários.

Para muitos, a mentira contada pode não resultar em nada, mas às vezes, além de desclassificar o candidato do processo seletivo, pode causar problemas na justiça. O CEO da empresa de Recursos Humanos conta que uma vez se deparou com um candidato que falsificou uma experiência na carteira de trabalho e ele só descobriu, pois, foi fazer a checagem com a empresa. ” Durante a checagem de referência da empresa, fui surpreendido com a informação de que o candidato jamais participou do quadro de funcionários da equipe e a companhia também solicitou toda a documentação falsificada entregue pelo candidato durante o processo para que pudesse avaliar e indicia-lo criminalmente por falsidade ideológica”, conta.

Infelizmente, o fato vem crescendo no Brasil. “Com o aumento assustador de mentirosos nos processos seletivos, se tornou essencial que as empresas façam diligências muito mais minuciosas nos currículos, tanto na parte técnica quanto na parte comportamental. Inclusive partindo para investigações não só de referências, mas checagem de escolaridade, das redes sociais, para garantir que a formação técnica e a experiência sejam realmente fiéis ao currículo e, também, se o comportamento da pessoa condiz com que está sendo esperado para a posição que está se candidatando”, finaliza Elcio Paulo Teixeira.

 

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