Ao chegar o mês de março, nós mulheres, ganhamos a atenção das empresas através de mensagens, campanhas e brindes. É um dia para exaltar o “brilhantismo feminino”, a “força de trabalho que não deixa nada a dever aos homens” e por aí vai.
Sempre tive minhas dúvidas sobre essa efeméride, principalmente, pelo desvio feito de sua real motivação. A data existe para nos lembrar das lutas, conquistas e do enorme abismo que nos separa dos homens quando o assunto é igualdade de direitos. Os elogios exacerbados – quando desacompanhados de prática nos demais 364 dias – causam desânimo a quem se vê tratada com inferioridade numa relação profissional, apenas por ser mulher.
Levei um choque quando me dei conta, já como sócia da AD2M, que minhas ideias – mesmo as mais básicas dentro de um processo de comunicação – precisavam da validação de um homem para serem aceitas em determinados ambientes. Primeiro pensei que eu estava exagerando. Mas a repetição de situações com pessoas diversas, homens e mulheres, independente de idade ou classe social, não deixa dúvidas. A partir desta consciência é preciso traçar estratégias. A fundamental, sem dúvida, é não desistir, não se deixar silenciar e manter a cabeça erguida.
Chamo atenção dos profissionais de comunicação e de recursos humanos, e de gestores de uma forma geral, para o enorme desafio de criar ambientes de trabalho mais saudáveis em que as mulheres possam exercer suas atividades com mais segurança, de forma livre e com condições de desenvolver todo o seu potencial. Só tem a temer quem se apoia nessa estrutura injusta para melhor passar.
Um ótimo tema para se trabalhar na comunicação interna das empresas – de forma permanente – é o mau hábito masculino de interromper a fala da mulher. E, para completar o absurdo da cena, explicar aos demais presentes o que ele pensa que ela gostaria de dizer. Essa tradução não solicitada e não autorizada é uma forma de calar e inferiorizar a mulher. O homem pode até não fazer de propósito, mas faz. Quebrar essa falsa hierarquia que coloca os homens no papel de líderes natos e as mulheres como suas subordinadas é um enorme desafio. Quebre esse ciclo dentro da sua empresa. Não espere o próximo dia internacional da mulher para dar voz e visibilidade a quem está todos os dias do ano ao seu lado.
Djane Nogueira – Diretora da AD2M Comunicação