Ícone do site Portal GCMAIS

Os desafios das mães no mercado de trabalho

Neste domingo comemoramos o segundo Dia das Mães em plena pandemia aqui no Brasil. E elas têm o que celebrar? Se antes já enfrentavam preconceito, demissões sem justa causa por conta da maternidade e falta de apoio, agora, com o home office, agravou a situação: o acúmulo do trabalho e dos cuidados com os filhos fez 30% das mulheres considerarem deixar a carreira desde o início da pandemia, segundo pesquisa da Kearney feita nos EUA. “O home office criou dificuldades para todos os profissionais, mas as mães, que já conviviam com a sobrecarga, foram as mais afetadas”, afirma Daiane Andognini, CEO da HUG, consultoria de gestão de pessoas.

Para evitar essa perda de profissionais, as empresas têm papel importante: é necessário uma profunda revisão na cultura, nas lideranças, na maneira como a licença-maternidade e a volta ao trabalho são conduzidas internamente. “Nas empresas de base tecnológica, por exemplo, essa realidade tem mudado bastante. Hoje, muitas startups já enxergam que a mulher que é mãe pode ter uma resiliência e maturidade maior frente aos desafios das empresas e do trabalho”, pontua a especialista.

Para reter esses talentos, oferecer benefícios como creches ou auxílio-creche, horários flexíveis e menor jornada de trabalho, por exemplo, podem permitir às mães conciliarem com mais tranquilidade o trabalho e os filhos. “A oferta de licença-paternidade também é um importante passo, pois olha para os pais e não só para as mães. As empresas devem caminhar na questão da equidade de gênero, pois as mulheres ainda são menos em cargos de liderança e também em conselhos de administração. É preciso atuar mais para equilibrar essa balança, que ajudará as profissionais que são ou serão mães”.

O levantamento ESG Mulheres na Liderança mostra que 43,5% das empresas listadas na bolsa de valores brasileira não têm nenhuma mulher no conselho de administração. Segundo dados recentes do IBGE, a remuneração do trabalho para mulheres é, em média, 20,5% menor que a dos homens. A diferença chega a 38% em cargos gerenciais. Os dados também apontam que, em 2019, a proporção de mulheres sem filhos de até 3 anos de idade com um emprego era de 67,2%. Entre as profissionais com filhos nessa faixa etária, o total de mulheres empregadas caía para 54,6%.

Ainda há um longo caminho a percorrer, mas muitas empresas já tomaram a dianteira para mudar essa situação. E os benefícios de contar com esses talentos na empresa são muitos. Segundo estudo da OIT, mais de 60% das empresas lideradas por mulheres registraram melhores resultados, além de melhorias na captação e manutenção de talentos, criatividade, inovação e melhoria no atendimento às necessidades dos consumidores. “A cultura do feminino dentro das empresas aborda o emocional, o afetivo, o cuidado… Pontos importantes para conseguirmos um bom ambiente de trabalho, que é o que todos procuram”, finaliza Daiane.

Publicidade
Sair da versão mobile