O alto índice de desemprego no Brasil em decorrência da pandemia do covid-19 tem levado profissionais a buscar alternativas para se manter ou retornar ao mercado de trabalho.
Estudo sobre recolocação profissional na pandemia, realizado pela Luandre, uma das maiores consultorias de RH do país, confirmou que 90% dos candidatos entrevistados aceitariam uma oportunidade com salário inferior ao que pretendiam.
A pesquisa realizada em julho de 2021, com profissionais com idade entre 18 e 60 anos, reuniu uma amostra de 935 profissionais desempregados, sendo 52% deles com ensino médio e 30% com ensino superior.
O estudo concluiu que, mesmo entre os profissionais que estão no máximo há três meses desempregados, a maioria aceitaria uma redução salarial. Além disso, 85% dos profissionais também relataram que aceitariam um cargo inferior para se recolocar no mercado, um índice que pouco varia de acordo com idade e formação. No caso de profissionais que não aceitariam a redução de cargo, 68% deles considerariam flexibilizar o salário.
“Percebemos que as pessoas estão mais dispostas a reduzir o salário do que o cargo, pois isso permite uma recuperação menos drástica. Mantendo o cargo é mais fácil para o profissional buscar novas oportunidades que ofereçam maiores salários”, diz Francine Silva, superintendente de seleção da Luandre.
Ainda sobre a questão “cargo”, a especialista ressalta que reduções muito drásticas, como ir de um cargo de gerência para assistente, pode trazer ainda mais dificuldade na recolocação, até mesmo por uma resistência das próprias empresas – “mesmo com a necessidade e a urgência de recolocação, é importante que os profissionais planejem essa redução, principalmente de cargo. As empresas costumam recusar esses candidatos, pois sabem que eles deixarão a empresa na próxima oportunidade. Por isso, o ideal é que seja para um nível abaixo apenas, como ir de analista para assistente, gerente para coordenação/supervisão, para que a retomada da carreira não seja tão difícil e as empresas confiem que o profissional se dedicará efetivamente”.
A pesquisa exclusiva da Luandre também observou que mais da metade dos entrevistados, 76%, consideram a mudança de carreira como alternativa para driblar a situação do desemprego e apenas 15% permanecem resistentes em manter a área de atuação.
Para Fernando Medina, CEO da Luandre, este movimento apontado na pesquisa é consequência do alto desemprego: “são muitas pessoas concorrendo para uma mesma vaga, o que faz com que seja mais difícil e demorado se recolocar. Diante disso, as pessoas acabam aceitando vagas com salários e cargos mais baixos do que tinham anteriormente. Isso gera ainda mais dificuldade para quem quer vagas dentro do seu cargo/salário atuais porque concorrem com pessoas com maior experiência”. “A boa notícia é que, com a retomada do emprego, tudo tende a melhorar” ressalta.