A escolha de carreira é um dos momentos mais determinantes na vida de uma pessoa. Na maioria dos casos, é o ensino médio que começa a guiar os jovens, que começam a ter o despertar para suas vocações. Muita preparação é necessária para conseguir entrar nas universidades – o que não se limita apenas a estudar o conteúdo pré-vestibular.
Uranio Bonoldi, que também é consultor em planejamento estratégico e governança corporativa, explica que “além do estudo das matérias que fazem parte do conteúdo das avaliações, uma parte crucial do processo – que pode acabar sendo subestimado diante da pressão de ingressar na faculdade – é o autoconhecimento e entendimento dos cursos superiores”. Como resultado do foco excessivo apenas nas provas de vestibular, o Brasil apresenta altos índices de desistência nas universidades.
De acordo com o Censo da Educação Superior 2019 realizado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) entre 2010 e 2019, 59% dos estudantes universitários desistiram dos cursos. “Acredito que existe tanta pressão voltada para o vestibular que os estudantes perdem a oportunidade de se conhecerem melhor, compreenderem as área de estudo e viverem novas experiências e, mesmo assim, são obrigados a tomarem uma decisão com 17 ou 18 anos independentemente de estarem aptos e preparados para tal escolha”, ressalta o especialista.
Pensando nisso, Bonoldi reuniu alguns conselhos para auxiliar quem se encontra nesta situação:
- Autoconhecimento: “é imprescindível que os estudantes se esforcem para entender melhor quem são. Normalmente nessa fase da vida os jovens ainda estão se conhecendo e podem ser muito influenciados pelos pais, que irão orientá-los para o que deu certo para eles. Mas isso faz sentido para o propósito de seus filhos? Portanto é importante dedicar um bom tempo para compreender suas habilidades, interesses e sonhos – conversar com pessoas próximas e confiáveis ou um profissional de psicologia pode ser muito benéfico. O diálogo, a busca para o que faz sentido ao jovem estudante é crucial.”
- Pesquisar as universidades e seus cursos: “para tomar uma decisão consciente, é necessário saber o nível da Universidade, entender sua abordagem e metodologia de ensino, além de olhar sua grade curricular e corpo docente para ter consciência e segurança na decisão e orgulho de estudar onde escolheu desenvolver suas aptidões.”
- Conhecer as profissões: “estar ciente do mercado de trabalho também é uma parte do processo que não pode ser subestimada, afinal o objetivo do ensino superior é se qualificar para entrar no mundo profissional. Entender as opções de carreira, possíveis cargos e funções, demanda pela profissão vai te preparar melhor para o futuro. Lembre-se! Dificuldades e desafios todas as áreas têm, portanto, volte ao item primeiro da lista e entenda, o autoconhecimento é fundamental para que você supere os obstáculos com coragem, vontade e garra!”
- Conversar com profissionais e universitários: “ninguém melhor para compartilhar a experiência do que aqueles que viveram ou estão vivenciando o curso/faculdade e trabalhando na área que você tem interesse. Falar com conhecidos ou até com desconhecidos pelas redes sociais pode trazer muita claridade em relação a como são de fato esses ambientes”
- Orientação vocacional: “Passando por várias etapas como teste de personalidade e dinâmicas, este acompanhamento profissional pode ser uma ótima opção para quem está tendo dificuldade na hora da decisão. O psicólogo com foco em vocação conhece profundamente as instituições de ensino e seus cursos e vai te ajudar a se entender melhor, permitindo que faça uma escolha com mais consciência e segurança”.
“Não importa o quanto de preparação foi feita, o vestibular é sempre uma época de incertezas e frio na barriga, mas lembre-se: todos se sentem da mesma maneira. Acreditar em si mesmo e ter coragem para experimentar são fundamentais durante o processo. Também é preciso ter em mente que cada um tem seu tempo e sua trajetória – não devemos nos comparar aos outros”, finaliza Uranio.
Uranio Bonoldi é consultor em planejamento estratégico e governança corporativa, professor do Executive MBA da Fundação Dom Cabral, onde leciona sobre “Poder e Tomada de Decisão”, escritor e palestrante. Trabalha por mais de 30 anos em cargos de alta gestão, dentre os quais, CEO da Fundação Butantan.
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