Márcia Catunda
Coluna + Emprego

O ano é 2022 e ainda demitem mães que voltam da licença maternidade

“Fui promovida quando estava grávida e isso trouxe ainda mais garra e vontade de vencer. Quando uma profissional volta da licença maternidade, ela já não é mais a mesma pessoa de antes. E isso não pode ser enxergado como algo negativo”. Conheça o relato de uma mãe e profissional.

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4 de agosto de 2022
Márcia Catunda

Agosto de 2022 – Ultimamente tenho visto muitos posts de mulheres contando que foram demitidas logo após o retorno da licença maternidade. O que é uma pena e contradiz com toda a evolução que nossa sociedade afirma ter em pleno ano de 2022. Mas, infelizmente, essa é a realidade que muitas profissionais enfrentam.

O ano é 2022 e ainda demitem mães que voltam da licença maternidade
Michele é coordenadora de Cultura, Comunicação e People em uma grande empresa de tecnologia no setor financeiro e conta de próprio punho sua experiência ao ser promovida ainda grávida. Imagem: freepik

A desigualdade de gênero é responsável por esse cenário que deveria ser bem diferente. Mulheres buscam preparo e qualificação a todo momento. Segundo a pesquisa “Estatísticas de Gênero: Indicadores Sociais das Mulheres no Brasil”, divulgada pelo IBGE, as mulheres continuam sendo maioria em cursos de graduação e pós-graduação. Ou seja, não faz sentido não ter boas profissionais no quadro, simplesmente pelo fato de serem ou de quererem se tornar mães.

Mas ainda bem que nem tudo está perdido. Muitas empresas e muitos gestores têm uma visão ampliada sobre essa situação. E não só enxergam e respeitam esse período da vida de uma mulher, como também conseguem perceber todos os reflexos positivos que a maternidade traz para uma profissional.

Quando uma profissional volta da licença maternidade, ela já não é mais a mesma pessoa de antes. E isso não pode ser enxergado como algo negativo. Certa vez li em um livro que ganhei de uma colega de trabalho quando eu ainda estava grávida do meu filho, que não dá achar que nada mudou para aquela profissional após se tornar mãe. Acho que quando eu li não consegui compreender a dimensão daquelas palavras. Mas faz total sentido. Sabe aquela história de que quando nasce uma criança, nasce também uma mãe? Então, é verdade. A mulher se transforma, renasce, aprende, reaprende, realinha os valores e se torna um novo ser humano.

Com a maternidade a mulher aprende a ser, ainda mais, multitarefas; aprende a ser flexível e dura quando necessário. Aprende a ter mais sensibilidade e força ao mesmo tempo. E essas são características que oferecem benefício tanto para a própria profissional, quanto para a organização a qual ela está inserida.

Algumas mulheres, por opção, decidem fazer uma pausa na vida profissional. E tudo bem. Não há regra na vida. Já outras retornam com sede de vitória, de conquistas e com muita vontade de colocar em prática tudo o que sabem. E até mesmo com vontade de aprender mais. Afinal, a maternidade nos mostra que a vida é um constante aprendizado.

Uma coisa é certa. Quando a gente se torna mãe passa a ver que é inconcebível a ideia de viver sem aquele novo ser, tão pequeno e que ocupa um espaço tão grande. Mas ao mesmo tempo, a gente enxerga que nada pode abalar o que somos e tudo o que construímos até então, principalmente em relação as nossas conquistas profissionais, que muitas vezes são o fruto de anos e anos de estudo e trabalho.

A maternidade exige muito da mulher. Certamente é um dos momentos mais importantes e marcantes da jornada individual, e ela traz um misto de sentimentos, que ora podem ser bons e ora podem ser ruins. É a felicidade e plenitude que se chocam com a insegurança de seguir em frente, com o medo de como vai passar a ser vista no trabalho e com a necessidade de ficar provando o tempo todo que continua sendo capaz.

Mas é importante ter em mente que todos esses sentimentos são mutáveis e, de fato, vão mudando de acordo com cada fase vivida. No começo da maternidade tudo é muito assustador, até mesmo o que era normal. Mas aos poucos as coisas vão se encaixando, vão se reorganizando e se equilibrando.

Uma dica de ouro para todos é que é preciso dar apoio e espaço para a mulher. Seja para apoiá-la na decisão de ter filhos e parar; na decisão de ter filhos e continuar e até mesmo na decisão de não ter filhos. É importante demonstrar confiança em toda a relação estabelecida e no trabalho que essa profissional desempenhou até então. Certamente ela pode contribuir ainda mais para o sucesso da organização após ingressar no universo da maternidade.

Eu mesma fui promovida quando estava grávida e isso trouxe ainda mais garra e vontade de vencer. Um ponto marcante deste momento é o apoio recebido pela head de pessoas e, também, pela presidência e vice-presidência da empresa, que sempre demonstraram confiança pela profissional e carinho pela pessoa que sou. Isso certamente fez toda a diferença.

Desejo que todas as mulheres possam fazer suas escolhas sem medo de errar e de serem julgadas. E para quem deseja ser mãe, espero que possa ingressar nesse maravilhoso mundo da maternidade sem deixar de lado o brilho de suas batalhas e conquistas profissionais!

 *Michele Vitor, coordenadora de Cultura, Comunicação e People na Accesstage 

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