O alcance do ambiente virtual imersivo chamado metaverso cresce a cada ano, com aumento do interesse do público em geral sobre o tema e utilização nos mais diferentes segmentos, como saúde, educação, indústria, moda, entre outros. Com o crescimento do metaverso, crescem também as oportunidades profissionais no mercado de trabalho do ambiente imersivo.
Segundo pesquisa realizada pela GlobalData, o mercado do metaverso deve chegar a US$996 bilhões em 2030, com uma taxa de crescimento anual composta (CAGR) de 39,8%. Em 2021, o segmento atingiu valor de US$22,7 bilhões. A consultoria aponta que a expansão se dará principalmente pelo aumento do investimento feito pelas empresas em tecnologia para aperfeiçoar a relação com os clientes, além de potencializar a visibilidade da marca e identificar novos fluxos de receita.
No relatório da empresa de consultoria em tecnologia, Gartner, os dados mostram que, até 2026, 25% das pessoas passarão pelo menos uma hora por dia no metaverso para trabalho, compras, educação, social e/ou entretenimento. Em escala mundial, a Gartner estima que até 2026, 30% das organizações do mundo terão produtos e serviços prontos para a tecnologia.
Ou seja: o metaverso já demanda uma série de serviços que precisam de profissionais especializados para a execução no ambiente imersivo. Com isso, cresce também o número de colocações no mercado voltadas ao metaverso. Segundo o especialista em negócios digitais, novas tecnologias, Metaverso e professor de MBA da FGV, Kenneth Corrêa, já é possível trabalhar no metaverso. “Precisamos considerar o cenário de trabalhar no mesmo cargo e empresa que você já trabalha, mas usando os metaversos. Também há um outro cenário, que é trabalhar em um novo cargo ou função, exclusivamente dentro de um metaverso”.
Como é o trabalho no metaverso atualmente?
Segundo Kenneth, o metaverso oferece uma gama de possibilidades relacionadas ao trabalho, que vão de apresentação de produtos, sala de trabalho virtual até experiências imersivas de treinamento. “Além disso, o metaverso permite o trabalho colaborativo, em tempo real e sem limitações geográficas. Algumas empresas já estão implementando essas modalidades de trabalho, ou seja, fazem parte do guarda-chuva do trabalho remoto”, destaca Kenneth.
Profissões que crescem no metaverso
Kenneth explica que as profissões nas quais observamos um crescimento significativo no metaverso são, de maneira geral, parte do universo Gamer, que é a vertente que mais cresce. “São profissionais desenvolvedores de avatares, estilistas de moda digital, diretores de eventos, professores voltados para a aprendizagem no metaverso, storytellers/roteiristas para criar enredos envolventes em ambientes virtuais, e digital managers, responsáveis por coordenar equipes multidisciplinares para trazer marcas para o metaverso”.
Para o próximo ano, o especialista comenta que é esperado crescimento nas profissões ligadas à Web3, que envolve blockchain, NFTs e criptomoedas, pois são áreas diretamente ligadas aos metaversos descentralizados (ex: Decentraland, The Sandbox, Cryptovoxels).
Além disso, profissões da área de Engenharia Industrial, Engenharia Civil e Arquitetura já são bastante impactadas, não apenas melhorando a entrega dos serviços em 3D, mas também já criando experiências em Metaverso para visita à casas e apartamentos decorados, e também test drive e licitações para aquisição e teste de peças e partes na manufatura.
“Também começa a surgir uma demanda por profissionais de Recursos Humanos que entendam como criar e gerenciar ambientes de trabalho imersivos dentro do metaverso. O mesmo ocorre com professores que aprendam a ensinar e orientar dentro do metaverso. Eu mesmo tenho dado aulas em ambientes imersivos desde a época do Second Life”, diz.
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Habilidades desejadas para atuar no metaverso
Kenneth aponta que, para se inserir nesse universo digital, algumas das habilidades necessárias incluem:
- Domínio de Tecnologias Digitais: dado que o metaverso é um ambiente virtual, é de suma importância que se tenha uma compreensão sólida das tecnologias digitais. Isso inclui familiaridade com plataformas de realidade virtual e aumentada, bem como a capacidade de navegar e interagir efetivamente dentro de ambientes digitais.
- Conhecimento em Programação e Design: para criar e personalizar avatares, objetos e ambientes, habilidades em programação e design (especialmente em 3D) são fundamentais. Especificamente, o conhecimento em linguagens de programação como C#, Java e Python, além de softwares de modelagem 3D como Blender ou 3D Studio Max, será útil.
- Familiaridade com Blockchain e NFTs: dada a natureza descentralizada do metaverso e o uso crescente de NFTs (tokens não fungíveis) para a representação de ativos digitais únicos, um entendimento de blockchain e criptomoedas é altamente desejável.
- Capacidades Criativas e Inovadoras: o metaverso é um espaço para a imaginação correr solta. Seja projetando roupas virtuais, organizando eventos ou contando histórias envolventes, a capacidade de pensar de forma criativa e inovadora é uma grande vantagem.
- Habilidades de Comunicação e Colaboração: como o metaverso é também um local para interação social, trabalhar de forma eficaz nesse ambiente demanda competência para se comunicar claramente, colaborar com os outros e até mesmo a habilidade de liderar equipes virtuais.
- Adaptação e Aprendizado Contínuo: como é um campo em constante evolução, a capacidade de se adaptar rapidamente e aprender novas coisas é essencial para se manter atualizado e ser resiliente em meio a mudanças.
Cursos e formações específicas para quem quer trabalhar no metaverso
Conforme explica Kenneth, “já estão disponíveis no mercado cursos e formações especificamente voltados para quem deseja atuar no metaverso. Muitas dessas qualificações estão concentradas nas áreas de tecnologia da informação, design de jogos, programação, arte digital, realidade Virtual (VR) e realidade Aumentada (AR)”. Entre as possibilidades estão:
- Cursos de Design de Jogos e Desenvolvimento: diversos institutos e universidades ao redor do mundo oferecem cursos em design e desenvolvimento de jogos digitais, fornecendo uma base sólida para criar experiências interativas no metaverso;
- Programação e Desenvolvimento Web: conhecimentos de programação e desenvolvimento de software são fundamentais, cursos que capacitam nas específicas linguagens de programação (como Python, Java ou C#) e nos sistemas centrados em WebGL ou APIs gráficas, são desejáveis;
- Arte Digital e Modelagem 3D: cursos em arte digital, design gráfico, animação e modelagem 3D proporcionarão às pessoas as habilidades necessárias para criar avatares e ambientes digitais ricos e atraentes;
- Realidade Virtual e Realidade Aumentada: existem programas de treinamento, inclusive disponíveis online, que se concentram especificamente nestas duas tecnologias que são a base do metaverso;
- Tecnologia Blockchain e Criptomoedas: considerando que o metaverso é frequentemente construído em plataformas de blockchain e faz uso significativo de criptomoedas e NFTs, cursos e treinamentos em blockchain podem ser extremamente úteis.
“Além desses, existem também diversos cursos online gratuitos ou pagos disponíveis em plataformas como Coursera, Udemy e outras, que oferecem formação em uma variedade de tópicos relevantes para o metaverso, desde desenvolvimento de jogos até modelagem 3D e VR/AR. É importante destacar também que, além dos cursos formais e treinamentos, uma das melhores maneiras de aprender sobre o metaverso é, de fato, mergulhar nele. Botar a mão na massa, como se diz, pode oferecer uma compreensão valiosa e prática dessa nova realidade digital”, destaca o especialista.
Kenneth também destaca que investir na especialização em áreas relacionadas ao metaverso pode ser uma estratégia muito lucrativa para os profissionais, uma vez que essas habilidades só tendem a se valorizar com o crescimento e consolidação do metaverso como a próxima fronteira do ambiente digital.
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Expectativas para o mercado de trabalho no metaverso
As expectativas para o mercado de trabalho no metaverso são promissoras, especialmente considerando o cenário brasileiro, segundo o especialista. “Os profissionais brasileiros, conhecidos pela criatividade e inovação, já estão explorando este novo universo e desenvolvendo projetos interessantes e revolucionários. Há uma abundância de freelancers no Brasil trabalhando neste nicho, aproveitando a flexibilidade do trabalho remoto e a oportunidade de atuar em projetos internacionais. Eles atuam em diversas áreas, desde a programação, design gráfico, realidade virtual e aumentada, até a criação e gestão de eventos no metaverso, marketing e moda”.
O metaverso proporciona um campo global de atuação, sem barreiras geográficas, permitindo aos brasileiros uma participação mais efetiva no mercado global, resultando em melhores oportunidades de remuneração, desenvolvimento profissional e troca de experiências com profissionais de todo o mundo.
“O cenário econômico atual do Brasil reforça ainda mais os benefícios do trabalho no metaverso. Com a instabilidade econômica e a flutuação do câmbio, trabalhar para empresas estrangeiras representa uma grande oportunidade. Muitas vezes, essas empresas pagam em moedas mais fortes, como o dólar, o que resulta em uma renda maior quando convertida para o real”, reforça Kenneth.
Todos estes fatores apontam para um cenário bastante positivo e otimista. “Nos próximos anos, o mercado de trabalho no metaverso só deve crescer e se solidificar, trazendo ainda mais oportunidades para os profissionais brasileiros que estão preparados e dispostos a se aventurar nesta nova fronteira digital”, conclui o especialista.
Kenneth Corrêa – especialista em inovação, negócios digitais, novas tecnologias, inteligência artificial e metaverso. Professor de MBA da FGV. Há mais de 15 anos desenvolve e monitora projetos de marketing e tecnologia, atendendo empresas como Suzano, Mosaic Fertilizantes, Leica Microsystems, entre outras. Diretor de Estratégia da agência 80 20 Marketing.