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4 principais tendências do novo mercado de trabalho

Thales Zanussi, fundador e CEO do Mission Brasil

O mercado de trabalho mudou – e continuará mudando antes que você perceba. Com o avanço da tecnologia em tempo recorde, nos últimos anos o ambiente corporativo tem sido repensado constantemente, assim como os trabalhadores de diversas áreas passaram a buscar novos formatos de atuação para o dia a dia profissional que se adaptem a essa realidade.

Para se ter uma ideia, o contexto atual envolve a substituição de mais da metade dos empregos formais por máquinas até 2026 no Brasil, segundo a Universidade de Brasília. Isso sem falar de que até 2030, o Fórum Econômico Mundial projeta que 133 milhões de novas funções serão geradas no mundo todo.

Junto disso, principalmente após o período da pandemia de Covid-19, as mudanças sociais, desde globalização ao envelhecimento da população, criaram uma percepção inédita do ato de trabalhar. Aquela velha estrutura de completar uma faculdade, sair de casa e ir para a empresa, obedecer a um chefe mais velho e levar anos para subir na carreira nessa mesma companhia deixou de existir.

Hoje, tanto os trabalhadores mais jovens quanto os mais experientes estão olhando mais para eles mesmos, com a ideia de que é possível sim mesclar suas vidas pessoais às profissionais de uma forma saudável e sustentável com o auxílio da tecnologia. Para completar, essa jornada ainda envolve um desenvolvimento inédito de várias habilidades, resultando em serviços e tarefas sendo cumpridas com cada vez mais qualidade.

Com isso, algumas tendências já estão impactando muitas companhias e setores, prometendo se intensificar nos próximos anos. As principais delas que merecem destaque são:

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Mais flexibilidade ajuda na produtividade?

Uma pesquisa da Owl Labs e da Global Workplace Analytics revela que 62% dos trabalhadores entrevistados dizem que são mais produtivos em funções remotas. Além disso, um relatório produzido pelo Google mostra que o modelo de trabalho híbrido é fundamental para atrair talentos.

Números como esses indicam que as novas modalidades profissionais são voltadas para a flexibilidade do ambiente corporativo. Ou seja, fatores como tempo e espaço são menos delimitados para os colaboradores, com as lideranças dando mais liberdade de como cada um pode organizar o próprio dia de acordo com a rotina pessoal.

Cuidar e levar os filhos para a escola, trabalhar de outro país, realizar atividades físicas e depois voltar para o expediente, se deslocar para o escritório apenas para reuniões, dentre muitas outras agendas adaptáveis a cada dia a dia são, agora, mais aceitas e viáveis nas empresas. E acredite, essa estrutura tende a trazer mais produtividade às organizações.

Com rotinas flexíveis, o momento dos trabalhadores dedicado às suas profissões provavelmente será mais concentrado, engajado e efetivo, já que podem dividi-lo de uma modo equilibrado com suas atividades pessoais. Portanto, não há aquela necessidade de ficarem horas gastando tempo nas sedes das marcas, sendo cirúrgicos quanto aos seus deveres profissionais.

Com certeza, esses resultados farão com que a flexibilidade continue como uma tendência no mercado de trabalho.

Condições da vaga de emprego ganharão mais importância?

Passou da época em que dobrar a carga horária, seguir ordens dos chefes às cegas e receber um salário que não condiz com o esforço dedicado à função eram situações consideradas normais nas empresas. Seguindo o princípio da flexibilidade, os colaboradores estão sendo mais rigorosos antes de aceitarem uma vaga, especialmente visando o bem-estar.

Inclusive, essa é uma tendência que ultrapassa gerações. O estudo “Career Interest Survey 2022”, da NSHSS, por exemplo, revela que a Geração Z (pessoas que nasceram entre 1990 e 2010) prioriza o tratamento justo, a qualidade de vida, a responsabilidade social corporativa e, como não é de se estranhar, uma rotina flexível no local de trabalho.

Já uma pesquisa da Ticket, marca da Edenred, mostra quais são as preferências de pessoas com mais de 60 anos, que entram no grupo dos Baby Boomers (nascidos entre 1945 e 1964). Segundo o levantamento, 44,5% dos respondentes dessa faixa etária valorizam um ambiente profissional saudável, enquanto 23% prezam pelo salários e outros 10% visam as oportunidades de crescimento na organização.

Em outras palavras, cada trabalhador possui uma demanda pessoal que deseja aliar a dos contratantes, mas sempre tendo em vista vagas que não consumam suas vidas pessoais. Essas são as condições que ganharam e seguirão ganhando importância para a aceitação de vagas em diversas companhias.

Hard skills precisam ser combinadas às soft skills?

Em resumo, a resposta é sim. Com essas demandas relacionadas a um mercado de trabalho saudável crescendo em diferentes áreas, não há dúvidas de que os profissionais mais demandados serão aqueles que possuam habilidades técnicas (Hard Skills) mescladas às comportamentais (Soft Skills).

O próprio avanço tecnológico indica que os colaboradores precisam ter mais conhecimentos em novas ferramentas, mesmo que atuem fora do setor de TI. Basicamente, o que está havendo é uma personalização de competências, em que o desenvolvimento constante e direcionado se torna uma pré-requisito nas marcas.

No entanto, a gestão de pessoas e o olhar humano são igualmente importantes dentro do contexto digital. Além da maior atenção a aspectos sociais, como a inclusão e a diversidade, se formar dentro das companhias, a contratação de pessoas que saibam trabalhar em equipe e estejam dispostas a aprender cada vez mais a como interagir com os seus colegas é uma tendência que cerca todo o mercado de trabalho.

Por essa razão, a junção das características anteriores deve ser essencial para o crescimento de times que tragam tanto Hard Skills quanto Soft Skills. Nesse sentido, há um segmento em específico que vem ganhando força por agregar todos esses pontos: o staff on demand.

Como o staff on demand se insere no novo mercado de trabalho?

O staff on demand, também chamado de trabalho sob demanda, é um segmento em que os contratos são feitos apenas para projetos específicos, sem vínculos permanentes. Normalmente, as empresas entram em contato com os profissionais por meio de plataformas especializadas no setor, que desburocratizam acordos ao colocarem os perfis ideais para suprirem as necessidades das organizações.

O segmento deve movimentar cerca de US$1,1 bilhão (R$ 5,7 bilhões) até 2032, crescendo o valor de US$ 387 milhões (R$ 2 bilhões) com aumento estimado de 11,7% ao ano, como projeta a Future Market Insights. Esse aquecimento se deve justamente ao fato do formato permitir que os trabalhadores complementem as suas rendas de uma forma que consigam organizar atividades pessoais às rotinas diárias.

As empresas também conseguem otimizar o seu crescimento, uma vez que direcionam melhor os seus investimentos, já que não precisam gastar excessivamente com contratações e treinamentos, e cumprem demandas com rapidez. Em suma, é uma modalidade que beneficia os dois lados da moeda.

E, se estamos falando de um modelo que potencializa carreiras e organizações simultaneamente, está mais do que claro que a nova realidade do mercado de trabalho segue o caminho certo. Todas essas tendências não são movimentos isolados de algumas companhias, mas sim amostras concretas de como é o futuro profissional do mundo.

*Thales Zanussi é fundador e CEO do Mission Brasil, plataforma mais completa de digital outsourcing (B2B) e renda extra (B2C) Brasil.

 

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