Os jogos eletrônicos já são uma realidade no Brasil e no mundo. Considerado há algumas décadas como “coisa de criança”, atualmente eles já representam a maior fatia do mercado de entretenimento do planeta.
De acordo com um relatório da consultoria Newzoo, a previsão é que, no fechamento de 2023, o número de jogadores pode ter alcançado 3,3 bilhões — o que representaria mais de 40% da população mundial. No quesito econômico, este montante de gente deve ter movimentado cerca de US$ 188 bilhões (cerca de R$ 925 bilhões na cotação atual) no ano passado, de acordo com as estimativas.
O Brasil não está fora deste movimento internacional. Principal player do mercado na América Latina desde 2021, cerca de 70% da população brasileira joga alguma coisa, segundo a Pesquisa Game Brasil (PGB) de 2023.
Entrevistando mais de 14 mil brasileiros, a última edição da PGB mostrou que nada menos que 82,1% dos ouvidos consideram os games como uma das principais formas de entretenimento. No quesito econômico, a indústria brasileira de jogos eletrônicos deve quadruplicar a renda até 2026, chegando aos US$ 2,8 bilhões (R$ 13 bilhões, segundo o relatório PwC 2022-2026. A grana representaria 47,4% de toda a receita com games no continente.
Os números superlativos mostram não somente a potência atual da indústria dos games, mas seu potencial de crescimento. Luiz Guilherme Guedes, CEO e cofundador da EPIC, empresa que desenvolve estratégias criativas em marketing de influência e potencializa criadores de conteúdo, afirma que os resultados são expressivos porque os jogos eletrônicos são para todo mundo.
“Não existe mais aquela imagem estereotipada do gamer anti social, timido, que não interage com as outras pessoas. Hoje nós temos avós que são gamers. A popularização dos celulares possibilitou que os mais diferentes públicos pudessem interagir com títulos como Candy Crush, até clássicos como Tetris, Sudoku e Xadrez, que tem versões digitais”, argumenta.
Carreiras no mercado de games
Em um mercado tão gigantesco como o de games, há espaço para as mais diversas profissões. Crianças que cresceram com o sonho de trabalhar no setor não precisam necessariamente virar desenvolvedoras, já que há uma gama enorme de possibilidades no mercado.
Como qualquer tipo de empresa, uma desenvolvedora necessita de profissionais de recursos humanos, relações públicas, contadores, especialistas em marketing, publicitários, gestores de projetos e analistas de vendas, por exemplo.
Já na parte criativa, propriamente envolvida na criação dos jogos, também há várias possibilidades. Um game é projetado por pessoas com habilidades em design, programação, softwares, testers, som e mais.
“Todas as áreas envolvidas na criação dos jogos têm em comum a criatividade. Ela é um ponto essencial para fazer com que um projeto seja único e se destaque no meio de uma maré enorme de publicações”, salienta Guedes.
Por causa deste elemento, os games fazem parte da chamada economia criativa digital. Segundo o Ministério da Cultura, atualmente o setor representa 3,11% do Produto Interno Bruto (PIB) e emprega cerca de 7,5 milhões de pessoas. São mais de 130 mil empresas formalizadas na economia criativa.
E a pujança do setor mostra ainda como é possível atuar até “fora” da indústria de games. No caso, produtores de conteúdo, streamers, podcasters, youtubers e influenciadores que cobrem jogos eletrônicos estão conquistando enormes públicos e virando referência de opinião, na chamada “creators economy”.
Neste setor, a EPICdigitais agencia creators como o Matando Robôs Gigantes. O MRG como é popularmente conhecido é composto por Affonso Solano, Diogo Braga e Beto Estrada, que falam semanalmente sobre jogos eletrônicos nas mais diversas redes sociais. O MRG tem 310 mil inscritos no YouTube e mais de 67 milhões de visualizações.
Outro canal parceiro da EPICdigitais é o Nautilus, dos produtores de conteúdo Bruno, Henrique, Nelson, Lucas e Ricardo. Conhecido pelas edições primorosas de vídeo e as análises densas de jogos, o canal é seguido por 270 mil pessoas e tem mais de 27 milhões de visualizações.
A EPICdigitais também tem em seu portfólio de creators o Rodrigo Coelho, mais conhecido como “Coelho no Japão”. Especialista em jogos e consoles da Nintendo, ele é seguido por 74 mil pessoas no Instagram, tem mais de 374 mil inscritos no YouTube, 59 mil no Twitter e 45 mil no TikTok.
“Os jogos estão redefinindo o que significa entretenimento na era digital. A capacidade de um jogo de gerar receitas em múltiplos canais – seja através de vendas diretas, microtransações, mercadorias ou adaptações para outras mídias – destaca seu valor na economia criativa moderna”, pontua o CEO da EPIC.
Dicas para trabalhar na área de games
Atuar em um setor em que você é apaixonado pode ser a realização de um sonho. Contudo, é preciso bastante preparo e ciência de que apesar de aquilo ser seu hobby, ainda há muitos desafios pela frente.
Luiz Guilherme Guedes diz que profissionais modernos precisam valorizar características como inovação, agilidade, adaptação, trabalho em equipe e foco na resolução de problemas. Ele ainda elenca o conhecimento técnico, que pode ser um diferencial na hora de garantir uma vaga na indústria.
“Gamers geralmente possuem habilidades técnicas avançadas e uma compreensão intuitiva das novas tecnologias, o que pode ser extremamente benéfico em um ambiente de trabalho cada vez mais digital”, ressalta.
O CEO da EPIC elenca ainda mais 5 dicas para quem sonha em trabalhar com games:
- Descobrindo sua paixão: qual é o seu jogo? Se você pretende desenvolver jogos, identifique o que te atrai. É a programação? O design gráfico? A narrativa? Descobrir sua paixão é como encontrar seu próprio “Anel do Poder” – ele vai guiar todos os seus passos;
- Educação e Aprendizado: não é necessário ter um diploma específico para entrar no campo, mas é essencial ter conhecimentos, habilidades e atitudes relevantes. Há muitos cursos online sobre desenvolvimento, criação de conteúdo, comunicação, edição de foto e vídeo, arte digital e muito mais;
- Prática e projetos pessoais: comece pequeno, com projetos em jogos pequenos, com vídeos e designs com produções mais simples. Neste momento, a prática é essencial e criar um portfólio com seus projetos será um diferencial na hora de buscar uma vaga em uma empresa grande ou buscar um patrocinador como creator;
- Networking: o networking é essencial. Participe de conferências de jogos, fóruns online, grupos de desenvolvimento e redes sociais. É como encontrar sua tribo, seus companheiros que vão apoiar e inspirar você no seu caminho. Além de tirar dúvidas, você ainda poderá criar grandes amizades e relações pessoais;
- Estágios e trabalhos de entrada: não subestime estágios ou posições de nível inicial. Eles são o primeiro passo dentro da “Estrela da Morte” – o lugar onde você aprende os segredos do império. Cada experiência é valiosa e pode abrir portas para oportunidades maiores.
“Em um mundo onde a tecnologia e a criatividade se entrelaçam de maneiras novas e empolgantes, os games são mais do que um mero passatempo – são um testemunho do poder da inovação, da narrativa e da conexão humana na era digital”, finaliza Luiz Guilherme Guedes.