O mercado de trabalho está passando por profundas transformações, impulsionadas pela digitalização e automação, que estão moldando o chamado cenário do “Trabalho 4.0”. Esse novo ecossistema de trabalho automatizado deve trazer muitos benefícios, mas não há como deixar de se preocupar com a forma como ele nos afetará. Afinal, vamos perder nossos empregos?
De acordo com a Confederação Nacional da Indústria (CNI), 72% das empresas brasileiras já utilizam algum tipo de tecnologia da Indústria 4.0, um aumento significativo em relação aos 54% de 2020. A inteligência artificial (IA) também não é mais ficção – 37% das empresas brasileiras já utilizam a tecnologia para automatizar tarefas repetitivas e liberar os trabalhadores para focar em atividades mais estratégicas e criativas.
Vemos que a Indústria 4.0 está criando novas oportunidades de trabalho em áreas como tecnologia, ciência de dados, engenharia e análise de dados. A CNI estima que a Indústria 4.0 pode gerar até 2 milhões de novos empregos no Brasil até 2025. Outras pesquisas também apontam que mais empregos serão criados em ocupações de baixa e alta qualificação, o que significa que a automação criará mais empregos do que destruir.
Todavia, a introdução de novas tecnologias pode impedir o desempenho e a eficiência do projeto, comprometendo o seu sucesso, especialmente durante as fases iniciais de integração. As equipes podem hesitar em adotar novas tecnologias devido a preocupações com os riscos e as incertezas. Podem existir questionamentos sobre os custos de implementação, a forma como as novas tecnologias afetam a cultura organizacional e a velocidade de implementação dos processos internos.
Nesse contexto, Project Management Institute (PMI) está liderando uma iniciativa para capacitar profissionais a se adaptarem a esse novo ambiente de trabalho, que exige habilidades em inteligência artificial (IA) e tecnologia. “O trabalho 4.0 está redefinindo a forma como realizamos nossas atividades e o mercado, por isso é essencial que os profissionais estejam preparados para enfrentar essas mudanças”, diz Ricardo Triana, PMP® Diretor Interino de PMI LATAM.
Mudanças no formato do trabalho
Uma pesquisa realizada pela WeWork Latam com 3 mil trabalhadores brasileiros revelou as “Tendências e Perspectivas de Trabalho” para 2024. Entre os principais pontos está a flexibilidade, que se tornou uma prioridade para os profissionais. Dos funcionários entrevistados, 38% considerariam procurar outro emprego se a empresa adotasse um modelo 100% presencial.
Mesmo com essa tendência de alta, o trabalho presencial aumentou de 10% para 18% no último ano, enquanto o trabalho no modelo híbrido diminuiu 14%, de 78% para 64%, mas ainda representa o maior contingente entre os entrevistados. O número de profissionais que trabalham em casa subiu de 12% para 18%. A pesquisa também mostrou que 94% dos entrevistados não gostariam de trabalhar exclusivamente de forma presencial.
Tecnologia
Com o Work 4.0, as empresas enfrentam o desafio de equilibrar os requisitos operacionais com as necessidades dos colaboradores. Isto traz mudanças e desafios transformadores ao panorama da gestão e execução de projetos. À medida que navegamos por esta era, a ênfase nas novas tecnologias e nos desenvolvimentos de IA não pode ser exagerada. Estas inovações aumentam significativamente a precisão e a eficiência dos projetos, melhorando os prazos de entrega e a qualidade. A automatização simplifica os processos, gerando dados precisos e direcionados e facilitando uma melhor comunicação. No entanto, esta dependência tecnológica introduz uma necessidade crítica de equilibrar a abordagem, integrando e valorizando a perspicácia humana e as competências de poder.
A perspicácia humana continua indispensável, servindo como a espinha dorsal dos processos de tomada de decisão e de resolução criativa de problemas. É essencial reconhecer que a tecnologia, apesar de todos os seus avanços, não pode replicar a compreensão diferenciada e a inteligência emocional inerentes aos seres humanos. Competências como a comunicação, a liderança colaborativa e a empatia são cruciais para navegar nas complexidades e na imprevisibilidade dos ambientes de projeto. Estas competências permitem às equipas promover uma cultura de colaboração e inovação, essencial para o sucesso a longo prazo.
Aprendizado
Neste mundo tecnológico de ritmo acelerado, o governo, as empresas e as instituições de ensino têm agora a capacidade inigualável de desenvolver e introduzir rapidamente novos produtos no mercado. Este dinamismo, no entanto, exige a adoção de estratégias flexíveis que se adaptem rapidamente aos cenários em evolução das tendências do mercado e das preferências dos clientes. Para alcançar o sucesso de um projeto a curto e longo prazo neste ambiente, é fundamental um compromisso com a aprendizagem ao longo da vida.
A evolução contínua da tecnologia exige que os profissionais e as organizações permaneçam em constante aprendizagem para se manterem a par dos últimos avanços. Além disso, o imperativo da colaboração e das parcerias realça a necessidade de competências de comunicação e de criação de redes, sublinhando ainda mais o valor da formação contínua e do desenvolvimento pessoal.
A personalização, com o seu requisito de uma estratégia centrada no cliente, exige uma compreensão profunda da dinâmica do mercado e do comportamento do consumidor, competências que são aperfeiçoadas através da aprendizagem e adaptação contínuas. Além disso, a introdução de novas tecnologias exige frequentemente uma reestruturação organizacional e a adoção de abordagens de gestão que promovam uma cultura de inovação rápida e de receptividade à mudança. Isto só pode ser gerido eficazmente através de uma força de trabalho que valorize e se empenhe na aprendizagem ao longo da vida, garantindo que tanto os indivíduos como as organizações se mantenham competitivos e resistentes face à mudança.
As organizações precisam investir em programas de educação e formação para preparar a força de trabalho para o futuro e garantir o sucesso do projeto. “O PMI está na vanguarda da inovação tecnológica e da aprendizagem, liderando a tarefa de equipar os profissionais para navegar nas complexidades do Trabalho 4.0. Através da nossa formação premiada e das nossas certificações de excelência, não estamos apenas preparando a força de trabalho para o futuro; estamos a moldá-la. À medida que abraçamos estes desafios, PMI continua a ser um parceiro inabalável no sucesso dos projetos, demonstrando que a preparação e a resiliência são as pedras angulares do sucesso face à mudança”, destaca Ricardo Triana.