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Líderes mulheres compartilham conselhos e desafios para uma carreira de sucesso

Laura Barros, diretora de marketing do Grupo Wine

Entre 2019 e 2023, a quantidade de mulheres que ocupam cargos de diretorias executivas no Brasil ficou estagnada em 26%, conforme o Panorama das Mulheres 2023, levantamento do Talenses Group feito em parceria com o Insper. Embora as pesquisas apontem para ganhos contínuos de espaços de liderança para as mulheres e pessoas não brancas, a mudança acontece de forma muito lenta e gradual. Segundo o Fórum Econômico Mundial, o mundo deve levar cerca de 132 anos para estabelecer um equilíbrio entre homens e mulheres em postos de liderança.

“Somos metade da sociedade, mas não somos metade das lideranças nas organizações”, comenta Glaucia Guarcello, sócia e COO Global da The Bakery. “Trazer as mulheres para a liderança é acima de tudo um bom negócio, já que entendemos como pensamos, consumimos e nos comportamos”.

Para a diretora de marketing da Blip, Francine Rosset, o grande diferencial de ter uma mulher liderando uma área ou negócio é a diversidade de perspectivas e as abordagens que isso traz. “As mulheres muitas vezes possuem uma habilidade natural para a empatia, comunicação eficaz e resolução de conflitos, o que pode transformar e evoluir o ambiente corporativo. A inclusão de diferentes vozes e estilos de liderança contribui para uma cultura mais rica e inovadora”, pontua.

Para ajudar a refletir sobre os desafios e oportunidades para as mulheres no mundo corporativo, diretoras executivas compartilham aprendizados e experiências para construir uma carreira de sucesso.

Benefícios da liderança feminina 

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Um dos primeiros benefícios observados em empresas que promovem a liderança feminina é justamente a abertura para mais mulheres e pessoas não brancas ascenderem na empresa. Laura Barros, diretora de marketing do Grupo Wine, pontua a importância do olhar inclusivo das mulheres na liderança: “Podemos trazer uma visão mais ponderada dos assuntos, um olhar mais agregador e integrador. Com uma abordagem menos individualista, somos capazes de criar um ambiente onde as pessoas se sentem pertencentes e mais responsáveis pelos resultados.”

Para Andressa Filgueiras, gerente de comunicação e marketing na Companhia de Estágios, a liderança feminina também fortalece as empresas em termos de resultados: “Quando as empresas começam a se abrir para aumentar as líderes mulheres, estão fortalecendo suas estratégias e, com certeza, sua performance”. Já Glaucia Guarcello acredita que os benefícios da liderança feminina estão longe de representar estereótipos como conciliadora e sensível, mas justamente se encontram na suas diferenças: “As mulheres não possuem as mesmas soft skills, somos todas diferentes. O ponto é que metade da população do mundo não deve estar fora das grandes tomadas de decisão.”

Maria Flávia, diretora de marketing na Deal, acredita que o desafio maior para se conquistar uma posição torna as mulheres mais aptas e resolutivas: “O histórico das mulheres na sociedade por si só já comprova o quanto somos destemidas e dedicadas quando o assunto é contornar problemas e fazer com que nossas vozes sejam ouvidas”, diz.

Conselhos e desafios de carreira 

Maria Flávia, que também é mentora de carreira de mulheres no projeto “Mentoria da Maria”, conta que, no passado, sofreu com questionamentos sobre seu potencial intelectual pelo fato de ser mulher, além de ter sofrido muitas vezes mansplaining (termo em inglês que se refere ao fenômeno de homens que visam explicar um assunto para a mulher que ela já domina). Apesar disso, não mudou sua essência tentando se masculinizar para “pertencer” ao ambiente, e diz que isto é um dos grandes aprendizados e conselhos que dá: “Tentar se moldar no que não é, nos machuca, tira nosso brilho e nos torna uma pessoa sem diferencial”, diz.

Para enfrentar as resistências sociais e corporativas à liderança feminina, Glaucia Guarcello argumenta que é preciso focar no que é possível mudar e melhorar, sem desperdiçar energia em desafios longe do alcance. “Mude o que você tiver gestão ou influência. Não entre na pilha de polarizar demais as coisas, pois isso mais atrapalha do que ajuda. Dedique sua energia e o seu tempo em algo que ajude a construir espaço para mais mulheres, fazendo o movimento de aproximação, não de distanciamento”, afirma a executiva.

Já Renata Nilsson, CEO e fundadora da PX Ativos Judiciais, destaca que o maior desafio é participar de negociações e reuniões, muitas vezes sendo a única mulher. “É mentalmente desafiador e sempre há muito julgamento. Esses momentos envolvem não apenas contribuir com ideias, mas também navegar dinâmicas de grupo complexas e estabelecer autoridade em ambientes tradicionalmente dominados por homens”, comenta Renata. “Se fosse pra dar 5 conselhos, falaria que além de muito esforço, flexibilidade, humildade e resiliência, se manter fiel a você e seus valores e princípios, é primordial. Invista sempre no seu desenvolvimento como pessoa e líder, trabalhe muito sua visão humana ao lidar com colegas e colaboradores e saiba equilibrar trabalho e vida pessoal, pois a estabilidade emocional para tomada de decisões é importantíssima”, complementa.

Modelo híbrido de trabalho e novas tecnologias

Para além dos desafios, precisamos comentar sobre as vantagens do atual mercado de trabalho que vivemos, com o modelo híbrido sendo priorizado ainda em muitas empresas, e somado a isso as novas tecnologias que surgem e favorecem o cenário de mulheres serem promovidas a cargos de liderança. Segundo Mayra Borges, vice-presidente de Negócios da Getnet Brasil, o modelo híbrido torna todos os profissionais, homens e mulheres, mais produtivos.

“Com isso, nós mulheres ganhamos uma vantagem, já que temos a habilidade de gerir mais de uma coisa ao mesmo tempo e podemos estar em casa dando atenção aos filhos antes de irem para a escola e, em seguida, entramos numa reunião para tomar decisões com o time. Por outro lado, a tecnologia de hoje em dia permite que possamos participar da reunião de pais online, via aplicativos de videoconferência, ainda da empresa, em dias que estamos no modelo presencial. Sem dúvida esses fatores contribuem para que as mulheres se sintam menos exaustas por ter que dar conta de trabalho, casa e filhos”, comenta a executiva.

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